Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 1 - nº. 3 - Agosto de 2003 - Edição Vestibular


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Um olho na calculadora e outro no calendário

Ciências Atuariais

Curso recente prepara alunos para relacionar impactos financeiros a eventos incertos

Foca Lisboa
Cálculos de probabilidade recheiam o cotidiano dos atuários

Na lista das prioridades nacionais, a Reforma da Previdência Social ocupa lugar de destaque. O que é um problemão para a burocracia dos governos é um estímulo para os institutos de previdência privada e de regime próprio e, portanto, uma grande oportunidade de expansão de mercado de trabalho para os atuários. Se você não sabe quem são esses, não se preocupe, porque pouca gente sabe, como atesta Luiz Vicente Lapenta. “Cansei de ter que explicar o que eu fazia quando ia preencher uma simples ficha. Ninguém nunca me olhou sem achar muito estranha a minha profissão”.

Lapenta, gaúcho de 25 anos, é um dos oito atuários formados na Capital mineira. Isso mesmo, oito – três gaúchos, quatro cariocas e um mineiro, que, ainda assim, estudou na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Até bem pouco tempo, em Minas Gerais, não existiam cursos de Ciências Atuariais. Para o da UFMG, o primeiro Vestibular foi em 2001 e, segundo a professora Moema Figoli, o curso nasceu exatamente da demanda por atuários no Estado. As empresas se vêem obrigadas a buscar profissionais de fora ou, então, a contratar empresas de consultoria também de outras partes do País.

O atuário, explica Moema, é aquele profissional “que avalia impactos financeiros dos eventos futuros incertos”, traduzidos como “seguros”– de vida e de bens, “indenizações”, “benefícios”, “pensões”, “aposentadorias”, “planos de saúde”. Exemplificando, no setor previdenciário (público ou privado), é ele quem calcula o valor e o tempo das contribuições e quanto o contribuinte deverá receber no momento de se aposentar. As variáveis para esse tipo de cálculo são muitas e incluem riscos, porque são negócios que lidam com o futuro, a médio ou a longo prazos.

Foca Lisboa
Para Luiz Vicente Lapenta a especialização é uma necessidade da área

Num segundo exemplo, a mesma lógica acompanha o setor de seguros. Dá para ter certeza de quando um motorista baterá o carro e precisará acionar o seu seguro? Não dá, mas é possível calcular quanto as seguradoras devem cobrar, levando-se em conta o número de clientes e o percentual estatístico de acidentes. As áreas de previdência e de seguros são as que tradicionalmente contratam atuários, porém a capacitação desses profissionais tem estimulado a presença deles em muitos outros lugares, como em instituições financeiras e empresas de capitalização, analisando carteiras de investimentos, órgãos de fiscalização do próprio setor e Tribunais de Justiça, onde são requisitados para a realização de perícias técnicas, que envolvem indenizações.

O cotidiano dos atuários é formado pelos cálculos de probabilidade e de estatística, matemática financeira e teorias de investimentos. É uma profissão, avalia Lapenta, que depende de muito estudo e ânsia por novos conhecimentos. É preciso que o candidato a uma vaga nas Ciências Atuariais saiba que o curso é denso e exige muito. Lapenta lembra que, na sua turma, na UFRGS, dos 19 colegas, só ele e um outro se formaram no tempo regular e a grande maioria desistiu. “Acho que isso acontece por falta de conhecimento prévio do que é a carreira. Os candidatos devem se informar bem antes de entrar para a Faculdade”, assinala.

Lapenta interessou-se pelas Ciências Atuariais a conselho de um juiz, seu próprio avô. “Ele sentia falta de atuários nas perícias judiciais e, como eu já gostava muito de Matemática, fui em busca de mais informação”, lembra. Como gerente de uma seguradora, Lapenta se deparou com a necessidade de se especializar em gestão empresarial. Agora, pretende fazer Mestrado em Finanças. A Atuária, diz ele, exige especializações, porque, até mesmo entre as áreas da própria ciência, existe uma diferença muito grande de atuação.

“Um atuário que lida com previdência própria – os institutos de servidores municipais ou estaduais – sabe muito pouco do trabalho daquele que mexe com seguros”, confirma Gustavo Carrozino, carioca de 29 anos. “Se o atuário trocar de emprego e for para outra área, pode ficar perdido. Por isso, tem que estudar muito”, explica, confessando-se um apaixonado pela profissão que escolheu mediante um teste vocacional. Na entrevista do teste, ele soube da existência das Ciências Atuariais e resolveu apostar. Desistiu do Vestibular para Engenharia de Produção e conseguiu uma vaga na Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Foca Lisboa
Mariana conheceu o curso através de reportagem

Carrozino decidiu mudar-se para Belo Horizonte exatamente de olho no mercado aberto por falta de profissionais. Com experiência anterior em empresas de seguros, título de capitalização, planos de saúde e previdência privada, montou uma consultoria especializada em previdência própria, atendendo prefeituras municipais. Ele faz um alerta aos interessados nas Ciências Atuariais: o mercado na Capital mineira, hoje, é excelente, porque não existem muitos profissionais, mas os novos cursos – UFMG e de uma instituição privada – vão mudar esse cenário. Ele avalia que, em quatro anos, os atuários precisarão procurar oportunidades em mercados mais prósperos, especialmente onde estão as sedes das grandes empresas do ramo. “A pessoa tem que estar disposta a viajar”, salienta.

Estudante do terceiro período, Mariana Cristina Souza, de 20 anos, está surpresa com o curso que escolheu. “Acho que é muito melhor do que imaginei”, diz ela. Filha de professora de Matemática, Mariana sempre gostou da matéria. “Quando eu estava no segundo ano do Ensino Médio, vi uma reportagem sobre as Ciências Atuariais e logo me interessei”, lembra ela, avaliando o curso como muito difícil. “Quem vê de fora acha que é pouco a gente ter quatro disciplinas por período, mas não é. As matérias exigem muito e não dá para ninguém tentar queimar etapas, porque uma depende da outra”, afirma.

O curso novo não deixou Mariana insegura quanto à escolha. “Nós temos até uma vantagem maior, porque os professores nos acompanham muito de perto. Você recebe atenção direta dos coordenadores”, assegura. Segundo a professora Moema Figoli, o curso de Ciências Atuariais não envolve apenas a área de Exatas, como pode parecer. Ele combina conhecimentos também da área de Humanas, como Direito. Moema ressalta que a carreira, além de proporcionar desafios intelectuais, oferece status profissional e altos salários.