Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 1 - nº. 3 - Agosto de 2003 - Edição Vestibular


Editorial

Entrevista
UFMG, espaço de formação crítica e cidadã

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Bibliotecas
Multiplicador do conhecimento

Iniciação Científica
As primeiras interrogações ninguém esquece

Diplomação
Campus aberto

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Sua nova cidade

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Ciências Biológicas
Ciências Biológicas

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Outras edições

Grumete em meio a tempestade

Ciências Econômicas

Do alto de reflexões que unem Ciências Exatas e Humanas, o economista propõe soluções para problemas aparentemente inexpugnáveis

Claudia Daniel

“A primeira impressão que tive, logo depois de entrar na Universidade, foi a de que tinha escolhido o curso errado. O que eu estava vendo não era bem o que esperava”. A lembrança é da economista Gláucia Alves Macedo, de 25 anos. Formada há três anos, ela fechou o curso de Ciências Econômicas, do qual chegou a duvidar, com chave de ouro. Sua monografia final de Graduação recebeu dois prêmios nacionais. Atualmente, ela termina dissertação de Mestrado em Demografia, no Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar), abrigo da Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG.

Gláucia lembra que, ao escolher Ciências Econômicas, planejava trabalhar no mercado financeiro. “Mas a gente descobre que essa é apenas uma parte do curso, aliás pequena, e que a Economia oferece ao aluno uma visão mais abrangente, dá condições de entender a realidade dos números, mas com atenção dirigida aos problemas sociais”, diz. Insatisfeita num primeiro momento, ela recorda que encontrou seu caminho quando começou a dedicar-se à Iniciação Científica, no projeto da professora Simone Wajnman, da Demografia.

A mudança aconteceu porque Gláucia se deparou com uma área que, até aquele momento, tinha sido pouco vista no curso. “Como pesquisadora, aprendi a mexer com dados, com uma variedade imensa de informações que estão disponíveis para análises – por exemplo, políticas públicas”, diz. Foi essa experiência que deu à então estudante do quinto período o rumo para a execução da monografia premiada, uma reflexão sobre os diferentes programas de renda mínima pensados para o Brasil e uma projeção do quanto eles poderiam transformar o quadro de pobreza.

Apegada à vida acadêmica, Gláucia faz um alerta aos que pensam em disputar uma vaga no curso de Ciências Econômicas. Na sua avaliação, esse curso deposita grande peso na teoria e isso, por vezes, frustra quem espera disciplinas muito práticas, associadas diretamente a funções no mercado de trabalho. Entretanto ela reconhece a importância da base teórica que adquiriu para escolhas futuras.

Foca Lisboa
Maria de Fátima enfatiza a responsabilidade social dos economistas

Com muito mais tempo de formado, Adílson Aguiar Brito, de 48 anos, lembra sensações semelhantes quando estudou na UFMG, no final da década de 70. “A crítica ao curso por ser muito teórico já era feita naquela época, mas penso que deve ser assim mesmo. O economista precisa ter grande capacidade de análise com muitas variáveis e ser rápido. Por isso, os conceitos devem estar bem sedimentados”, avalia Adílson, sócio de uma empresa de consultoria que realiza estudos de impacto ambiental. Ele destaca uma outra vantagem das Ciências Econômicas: é um curso que alia as competências das Ciências Exatas com as das Ciências Humanas. “Essa característica do economista é bastante forte e dá a ele uma visão de mundo diferenciada”, argumenta.

Adílson lembra que, quando optou pelas Ciências Econômicas, os economistas estavam em alta. “Vivíamos o auge do milagre, da formação das grandes estatais, do fortalecimento do setor público em torno dos planejamentos e isso atraiu muita gente”. As crises econômicas que se sucederam mudaram completamente o quadro, mas não conseguiram apagar o status adquirido pelos economistas. Hoje, e talvez ainda mais hoje, esse profissional está no olho do furacão, seja trabalhando no setor público, no sistema financeiro, diretamente em setores distintos da sociedade organizada, seja comandando empresas.

“O economista pode tomar decisões ou fazer análises que mexem com a vida de todo mundo e isso faz dele um profissional de muita responsabilidade”, afirma Maria de Fátima Lage Guerra, supervisora do escritório do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), órgão de assessoramento, pesquisa e educação voltado para os trabalhadores, mantido pelo movimento sindical. O agravamento das crises econômicas e as dificuldades no relacionamento entre o trabalhador, o Governo e as empresas fortaleceram entidades como o Dieese. “O movimento sindical precisa muito do economista para compreender conjunturas e para que os trabalhadores armem estratégias de organização e definam políticas de atuação, de reivindicação”, salienta Maria de Fátima. Segundo ela, a versatilidade de atuação do economista representa uma enorme vantagem. “O curso da UFMG oferece essa versatilidade, porque pode abrigar perfis profissionais muito diferentes, gente que vai ser formulador de políticas econômicas ou que interferirá diretamente na indústria, na empresa”, exemplifica.

O Coordenador do Colegiado de Graduação, professor Wiliam Sá, adianta aos candidatos que quem passar no Vestibular encontrará as Ciências Econômicas com uma nova versão curricular, que abre maiores possibilidades para o aluno desenhar sua trajetória. A carga de disciplinas obrigatórias foi reduzida em cerca de 50% do curso, deixando o aluno mais livre para buscar o que quiser para a sua formação dentro das grandes áreas: Economia da Regulação do Setor Público, Economia de Empresas, Economia do Trabalho e Demografia Econômica, Desenvolvimento Econômico e Economia Regional e História Econômica.

Eber Faioli
Gláucia descobriu a compatibilidade entre os números e os problemas sociais

O aluno deverá escolher quatro dessas áreas e, a partir daí, encontrar as disciplinas que mais o atraiam e que devam formatar o seu currículo. Ele ainda poderá seguir formação complementar, freqüentando disciplinas em outros cursos, em áreas que interessem proximamente aos economistas: Ciências Políticas, Ciências Sociais, Ciências Atuariais e Métodos Quantitativos. Wiliam Sá enfatiza outra qualidade do curso. O estudante, segundo ele, terá na Faculdade um campo aberto para pesquisas, facilitado pela presença dos cursos de Pós-Graduação no Cedeplar.