Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 1 - nº. 3 - Agosto de 2003 - Edição Vestibular


Editorial

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Quase um camaleão

Engenharia de Controle e Automação

A diversidade é a marca desse profissional, que tem formação em Matemática, Física, Computação, Eletrônica e Instrumentação

Quando Cristina Alves Maerdens, de 23 anos, entrou para o curso de Engenharia de Controle e Automação, cursava, há quatro meses, a Escola de Engenharia de Itajubá. Ao explicar sua transferência para a UFMG, ela costuma dizer que não passou no Vestibular. Mas aí há um erro de interpretação da exigente Cristina. Ela foi classificada como segunda excedente no Concurso de 1999 e conseguiu a vaga por causa da desistência de dois candidatos.

Foca Lisboa
Um dos mais novos da UFMG, curso tem candidatos com elevado grau de preparo

O elevado grau de preparo entre os candidatos da Engenharia de Controle e Automação é uma característica desse que é um dos cursos mais novos da UFMG, diz a Coordenadora do Colegiado de Graduação, professora Carmela Polito Braga. Os dois alunos desistiram da matrícula, propiciando a entrada de Cristina, porque haviam passado, também, no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), em São José dos Campos (SP).

Criado em 1998, o curso da UFMG formou sua primeira turma em março passado. Entre os formandos, estava André de Morais Rocha, de 25 anos, funcionário de uma empresa de projetos e serviços em engenharia. A novidade foi um dos quesitos que mais o incentivaram na escolha do curso. Na verdade, uma segunda escolha. André já fazia Engenharia Elétrica há um ano, em uma universidade privada, quando resolveu mudar. “O curso não estava me satisfazendo, eu só ia às aulas e sem entusiasmo. Conversando com um professor do Cefet, ele me aconselhou a tentar o curso da UFMG e acho que acertei no que procurava”, conta.

A novidade do curso em momento algum deixou André inseguro. Mas, antes de se decidir por um outro Vestibular, ele foi até um dos mentores do curso na UFMG, o professor Ronaldo Tadeu Pena, para que a segunda opção não fosse feita no escuro. “Não me arrependo nem um pouco de ter trocado. Eu queria algo que me desse a chance de trabalhar com outras áreas também, que tivesse mais flexibilidade de atuação”, afirma, destacando que “é muito difícil não gostar do curso, porque é possível fazer diferentes escolhas”.

As escolhas a que André se refere são as habilitações oferecidas pela Engenharia de Controle e Automação. No quinto período, o aluno tem que apontar quatro entre nove “processos” com os quais deverá se envolver até o final do curso: processo químico e petroquímico, metalúrgico, mineral, biológico, automotivo, engenharia de transportes, térmico, elétrico e de manufatura. Os processos são enfatizados no curso, porque se entende que, para controlar um processo real, é preciso conhecê-lo, estudá-lo, e isso é muito importante nessa profissão bastante versátil. O profissional dessa área é aquele que cuida do projeto, da implementação ou manutenção de sistemas de controle e automação de processos industriais, hospitalares, residenciais e prediais do ponto de vista de sua integração e bom funcionamento. Ele está em todas as indústrias que produzem em série, o que significa dizer que pode marcar presença em pequenas fábricas ou em grandes indústrias, desde que elas tenham sua produção automatizada.

O engenheiro de controle e automação está diretamente ligado à segurança, eficiência, produtividade, economia e padronização de qualquer processo automatizado, sendo um dos maiores responsáveis pela qualidade do produto ou do serviço. Imagine uma siderúrgica e, nela, as várias etapas necessárias à laminação do aço. Os equipamentos que possibilitam o processamento da matéria-prima em produtos devem seguir à risca características predeterminadas e o profissional que vai garantir o funcionamento adequado dessas “malhas de controle” e das seqüências de operação lógica dos equipamentos é esse engenheiro especializado. Lidando com medidores de pressão, de temperatura, de vazão, de corrente elétrica, com redes de computadores, etc., ele alimenta, no dia-a-dia, o funcionamento da indústria, interferindo nos aspectos tecnológicos, sociais e ambientais da produção.

Uma das maiores vantagens da profissão é poder trabalhar em estruturas muito distintas, seja da indústria, do comércio, de residências ou de serviços públicos. O engenheiro de controle e automação é, em mais um exemplo, aquele que domina processos integrados no âmbito dos chamados prédios inteligentes, onde serviços de luz e de água fazem parte de um sistema planejado. Ele projeta tais sistemas, atentando para itens de monitoramentos de consumo, como sensores de presença em áreas de circulação, aquecimento central de água e detecção de vazamentos. Em empresas que exigem um grande controle de estoque, tais como supermercados, o profissional também encontrará espaço, assim como em empresas de controle de tráfego, que dependem imensamente de mecanismos automatizados para manutenção do fluxo do trânsito.

Eber Faioli
Profissional está diretamente ligado à segurança, eficiência, produtividade, economia e padronização de qualquer processo automatizado

A diversificação é marca desse profissional, que atua, também, na ponta do desenrolar das suas funções, desenvolvendo tecnologia própria para a área. Com uma formação bastante arraigada em Matemática, Física, Computação, Eletrônica, Teoria de Controle e Automação e Instrumentação, ele tem uma visão do todo e está preparado para se dedicar à pesquisa tecnológica e científica, criando softwares, hardwares ou produtos que envolvam a sua área. Ele é um profissional que comunga facilmente com profissionais de outras áreas. E essa é uma qualidade especial para Cristina Maerdens. “Ao deixar Itajubá, eu estava confiante que o curso aqui me atenderia”, lembra Cristina, que só tentou Vestibular em outra cidade porque não abria mão da Engenharia de Controle e Automação.

Acreditando que o curso é para quem pensa em investir em áreas novas, ela destaca que as funções, hoje, próprias do profissional de controle e automação eram, antes, ocupadas por outros engenheiros e, por isso, há um espaço grande a ser explorado. O estágio que faz, em uma empresa dedicada à montagem de usinas hidrelétricas de pequeno e médio portes, mostrou-lhe claramente essa característica da profissão. “Antes, os engenheiros eletricistas é que faziam o trabalho. Logo é uma área que ainda deverá ser explorada por nós”, assinala. O estágio, associado a um projeto de final de curso, é obrigatório no último ano.

Mesmo não estando certa de sua preferência pela prática ou pela pesquisa, Cristina não dispensou oportunidades para trabalhar com professores, desde o primeiro semestre em que se matriculou. Fez estágios, inclusive como voluntária, em três laboratórios diferentes do curso. “Ainda não defini o que quero, mas ter experiência em pesquisa foi muito importante para minha formação, ampliou os horizontes e serviu, inclusive, para me mostrar o que não quero fazer. Mas penso que pesquisa demanda muita paciência e engenheiro é um profissional que gosta muito de ver resultados imediatos”, avalia. O curso é diurno, inclusive com aulas à tarde. O tempo mínimo de integralização é de dez semestres e o máximo, de 17 semestres.