Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 1 - nº. 3 - Agosto de 2003 - Edição Vestibular


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Agronomia

Voltado para a realidade do Norte de Minas, curso é também generalista e prepara para atuação em qualquer área ou lugar

Eber Faioli
Na estufa de plantas medicinais, alunos constatam a diversidade da Agronomia

Ele fez vestibular cinco vezes, em três escolas diferentes. Mas, desde a primeira disputa, o único curso que interessava a Warlen César Henriques Maldonado, de 22 anos, era o de Agronomia. Afinal, esse desejo vinha desde sua infância, no convívio com o pai em pequenas lavouras, na cidade de Igarapé. Há quatro anos, Warlen vive a mais de 400 quilômetros da família, em Montes Claros, no Norte de Minas Gerais, onde divide uma república com colegas que se formarão na primeira turma de Agronomia da UFMG.

Eber Faioli

Ministrado no Campus Montes Claros (Ciências Agrárias), localizado a sete quilômetros do centro da cidade, o curso abriu as portas em 1999, com a intenção de formar profissionais generalistas capazes de atuar especialmente na solução de problemas agropecuários do Norte mineiro. Isso não quer dizer, garante o professor Rogério Marcos de Souza, que o aluno estará capacitado a intervir apenas nessa região. “Ao contrário. Damos atenção especial ao Norte do Estado porque a escola está aqui e temos compromisso com as comunidades locais, mas o aluno da UFMG faz um curso diferenciado, pois atende aos diversos setores da Agronomia”, afirma. Coordenador do Colegiado de Graduação, Souza explica que a Agronomia nasceu da grande experiência que a UFMG acumulou formando técnicos em agropecuária durante vários anos, no Núcleo de Ciências Agrárias. A intenção do Campus Montes Claros é a de abrigar, também, cursos superiores de Zootecnia e Gestão em Agronegócios. “Esse projeto poderá concretizar-se em 2005, porque estamos nos preparando para isso”, calcula Souza.

Eber Faioli
Gisele já está de olho no mestrado

A certeza de Warlen sobre o futuro profissional era tanta, que ele saiu de Igarapé com um projeto de pesquisa na cabeça e o apresentou quando estava no terceiro período. Ele se juntou ao colega Cristhian Iesid Almeida para saber mais sobre o óleo produzido pelo pau- d’alho ou copaíba, uma árvore nativa do cerrado. No nono período, Warlen ainda não decidiu se ficará, ou não, em Montes Claros quando se formar. A idéia inicial é arrumar um emprego na região antes de iniciar o Mestrado, que gostaria de fazer após dois anos de prática.“Se não der para trabalhar aqui, devo voltar para Igarapé e tocar um projeto com meu pai numa pequena lavoura”, planeja. A especialização, ele quer fazê-la em Entomologia (estudos dos insetos), em Belo Horizonte.

Eber Faioli
Rogério vislumbra novos cursos

Ao lado da família, em Montes Claros, Gisele Ancelmo de Souza, de 22 anos, encontrou no curso de Agronomia a opção que atende à sua vocação pela área biológica. “Sempre tive vontade de mexer com plantas, mas descobri que existem também outros caminhos”, relata. Gisele lembra que o curso a surpreendeu em muitos detalhes. Logo de início, desmitificou-se a idéia de que o aluno de Agronomia estaria sempre com mãos e botas sujas de terra. “Não é nem um pouco verdade, pois, embora o trabalho diretamente no campo seja muito importante, existem outras áreas a que o profissional pode dedicar-se”, diz. O interesse de Gisele levou-a para os laboratórios, onde participa do projeto de pesquisa e de extensão Recursos Genéticos em Frutíferas Nativas e Plantas Medicinais, cuja maior preocupação é a extração predatória da fava-d’anta, uma planta cujo princípio ativo é utilizado na fabricação de medicamentos por laboratórios.

Eber Faioli
Warlen pesquisa óleo de copaíba

O Mestrado, diz Gisele, está na sua mira. “Acho bom me formar num curso generalista, mas também quero a especialização. Sinto necessidade de direcionar minha atuação”, assinala, apontando a Fitotecnia como boa opção de estudos. “Mas isso ainda não está decidido”, ressalta. Ela destaca como grande vantagem da Agronomia ser um curso que não está preocupado apenas com as Ciências Biológicas ou Exatas. “Temos disciplinas das Ciências Humanas e acho isso muito importante para nossa convivência no campo”, afirma.

Para Dagma Dionízia da Silva, de 26 anos, quem está de fora não imagina a importância que a agropecuária tem para a economia do País. Ela saiu de Sete Lagoas para estudar no Campus Montes Claros e não está arrependida. “Meu interesse sempre foi a produção agrícola, mas, quando você começa, não tem muita noção do que te espera pela frente. Hoje sei que somos muito importantes, tanto para a agricultura quanto para a pecuária”, sintetiza.

Eber Faioli

O curso exige estágios curriculares nos últimos períodos e, dessa forma, praticamente todos os alunos da primeira turma – o curso é de dez semestres – já tiveram experiências práticas. Dagma fez estágio em Fitopatologia na Embrapa de Sete Lagoas. “Consegui atuar em minha própria área de estudo”, comemora, frisando que é apaixonada por pesquisa, mas que vai querer, também, trabalho voltado para a prática.

Os alunos da Agronomia, com dificuldades financeiras, têm onde ficar em Montes Claros, porque a UFMG dispõe de moradia estudantil tanto para homens quanto para mulheres. Para surpresa do professor Rogério Souza, a maior parte dos alunos do curso é de Belo Horizonte e de outras cidades e não, de Montes Claros e região. “Mas esperamos que esses profissionais tenham interesse em trabalhar mudando a face da agropecuária local. Se não for possível, estamos certos de que eles serão capazes de atender qualquer desafio nessa área, em qualquer lugar do País”, conclui.