Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 1 - nº. 3 - Agosto de 2003 - Edição Vestibular


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Medicina Veterinária

Além de cuidar da saúde e da reprodução de animais, os futuros veterinários têm na UFMG um curso que oferece possibilidades bastante variadas

Eber Faioli

Antes mesmo de fazer o vestibular, Gustavo Fontes Paz, hoje com 26 anos, recorda que enfrentou uma outra batalha, a familiar. Seu pai, um alfaiate preocupado com o futuro dos filhos, não via na Medicina Veterinária muitas chances de sucesso financeiro e tentou de várias formas desestimulá-lo. Não deu certo, porque Gustavo insistiu, contou com o apoio de um irmão médico e partiu para as provas, vencidas na primeira tentativa. Agora, cursando o Mestrado, também na UFMG, ele tornou-se um exemplo para os sobrinhos, pois três deles seguirão seus passos.

Apesar da tradição do curso de Medicina Veterinária e dos grandes avanços tecnológicos na área, a estrutura rural do País ainda é motivo de grande preocupação para os profissionais. Afinal, trabalhar no campo é quase sempre o primeiro sonho do estudante. Gustavo atentou para o problema logo no início do curso e decidiu que faria algo para ajudar a mudar a realidade prejudicial ao seu futuro. Quando estava no terceiro período, começou a estagiar e a desenvolver um projeto de conscientização junto a pequenos produtores rurais.

“Percebi que a relação era mesmo muito difícil”, lembra Gustavo, que não desistiu totalmente do campo, mas encontrou caminhos para sua formação que, antes, não lhe haviam ocorrido. Optou por uma bolsa de Iniciação Científica (oferecida aos graduandos) e passou a se envolver, cada vez mais, com pesquisas, congressos e toda uma dinâmica voltada para a academia. Ao se formar, no final do ano passado, depois de ter tido também experiência na área de comercialização de produtos veterinários, Gustavo decidiu cursar o Mestrado e já faz planos para o Doutorado, igualmente oferecidos pela UFMG.

Eber Faioli

A trajetória de Gustavo demonstra um pouco das possibilidades do profissional. Segundo o Professor Renato César Sacchetto Tôrres, Coordenador do Colegiado de Graduação, a Medicina Veterinária está longe de ser uma área onde a atuação é limitada, restringindo-se a papéis mais óbvios, como o de cuidar da saúde e da reprodução de animais de pequeno ou grande portes. O curso, diz ele, tem características generalistas, atendendo à maior demanda do País, mas oferece formação densa suficiente para que os futuros profissionais se realizem em setores próprios, porém menos reconhecidos pela população em geral.

Eber Faioli

Além da clínica, o profissional é responsável por uma série de cuidados relacionados aos animais, passando pela reprodução, até chegar à inspeção de todo e qualquer produto de origem animal. Ele se ocupa com o trato dos animais no campo ou nas cidades e, também, com pesquisas, práticas e métodos de melhoramento genético, com a produção e controle de vacinas, medicamentos e produtos biológicos e alimentícios. A profissão, avalia Renato Sacchetto, permite atuações que estão diretamente ligadas ao desenvolvimento de uma das áreas mais importantes do País. “O agronegócio está em ascensão; as demandas são variadas; existe uma indústria forte voltada para a saúde animal e, conseqüentemente, para os produtos de origem animal”, destaca o Professor.

Renato Sacchetto acredita que o enfoque generalista do curso na UFMG ajuda o aluno a visualizar os diferentes caminhos no âmbito da Veterinária e possibilita escolhas que poderão ser reforçadas durante a realização da Residência – no molde semelhante ao da Medicina. Durante a Graduação, o aluno tem contato com quatro grandes áreas: Clínica e Cirurgia, que abrange o maior número de disciplinas do curso; Prevenção; Tecnologia e Inspeção de Produtos de Origem Animal; e Zootecnia.

Eber Faioli

O curso é bastante voltado para a prática, desde os primeiros períodos. Todas as grandes áreas enfocadas, ressalta o Coordenador do Colegiado de Graduação, dividem meio a meio atividades teóricas e práticas. A UFMG possui as fazendas Professor Hélio Barbosa, em Igarapé, e Modelo, em Pedro Leopoldo, totalmente direcionadas às aulas práticas, que são fortalecidas, também, com visitas a outras fazendas em Minas Gerais ou fora do Estado. A Medicina Veterinária, lembra Renato Sacchetto, tem uma forte produção de pesquisa. Ao curso é atribuída produção científica comparada à dos institutos de Ciências Exatas e Ciências Biológicas. “Só que eles abrigam vários cursos e nós somos uma Unidade ”, esclarece.

Apesar de tantas direções a seguir, a condição básica para gostar do curso de Medicina Veterinária continua sendo o interesse e carinho pelos animais, enfatiza Renato Sacchetto, opinião confirmada pelo paulista Jáder Rogério de Morais, de 22 anos, aluno do oitavo período. Durante todos os anos do Ensino Fundamental e Médio no Colégio Nossa Senhora do Calvário, em Catanduva, ele teve aulas de hipismo, o que o aproximou ainda mais dos cavalos, uma paixão cultivada quando ainda criança. Jáder tentou Vestibular também em São Paulo, mas foi atraído pela fama do curso em Minas Gerais.

Eber Faioli
Na Veterinária, os estudantes têm contato com a prática desde os primeiros períodos

“As minhas expectativas se confirmaram”, assegura ele, embora tenha mudado de rumo, optando pela pesquisa, depois de experiências como estagiário em projetos desenvolvidos na escola. Com a professora Rogéria Serakides, ele trabalha a influência de hormônios tireoidianos relacionados com o metabolismo ósseo, desenvolvimento de neoplasias e prognósticos. “Decidi abandonar a área de eqüinos e vou fazer Mestrado e Doutorado assim que me formar”, adianta o paulista, que já se considera meio mineiro.

A também paulista Ludmila Ferraz Santana, de 22 anos, aluna do quinto período, lutou durante algum tempo com suas dúvidas em relação ao curso. Como Jáder, o motivo que a levou a fazer o curso foi o interesse pelos cavalos. “Desde a oitava série, eu sabia que queria mexer com cavalos, só não sabia se seria como veterinária ou como criadora”, recorda. Optou pela Faculdade e deparou-se com problemas inimagináveis. “Acho o curso muito difícil e precisei de um tempo para entender as minhas limitações. Sinto que devo estudar mais que todo mundo e isso me deixa assustada, porque eu nunca tinha tido problemas na escola.”

Eber Faioli

Renato Sacchetto: enfoque generalista ajuda aluno a visualizar os diferentes caminhos da veterinária

Depois de trancar a matrícula por um semestre, Ludmila voltou disposta a enfrentar os medos que a atormentaram por um tempo. “Não sei se vou continuar na área em que havia pensado, mas quero me dedicar, integralmente, ainda mais ao curso. Meu interesse se ampliou e, mesmo sabendo dos preconceitos que existem em relação às mulheres na Veterinária, principalmente quando se trabalha com animais de grande porte, não pretendo desistir. As coisas estão mudando e para mim também”, afirma. O curso de Medicina Veterinária é diurno, com várias aulas no período da tarde. O tempo mínimo de integralização é de dez semestres e o máximo, de 17 semestres.