Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 2 - nº. 5 - Junho de 2004 - Edição Vestibular

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Outras edições

Ócio só se for como negócio

Administração

Atento às oportunidades, administrador não deixa de transformar estratégias abstratas em números consolidados

Tempos atrás, o argentino Juan Manuel Rey, de 25 anos, soube do caso de um velhinho que se formou em Direito aos 74 anos. “Posso ser um caso como esse”, brinca ele, contando um sonho que não deixou de acalentar, mesmo estando no nono período de Administração: o de fazer, no futuro, Medicina, que ele já tinha cursado, no seu país, durante oito meses. Não pense, entretanto, que a Administração é uma escolha baseada na frustração. Longe disso, avisa Juan, que diz “gostar demais” do curso por muitos motivos, mas, especialmente, por este oferecer um rol de possibilidades enorme ao profissional.

Gege

Juan precisava trabalhar para se manter no Brasil e, por isso, sequer fez Vestibular para Medicina. “Escolhi Administração por ser um curso muito amplo”, afirma, contando que fez o caminho inverso de muitos estudantes que optam, inicialmente, por estágios e bolsas na Universidade para, depois, procurarem o mercado de trabalho. No terceiro período, ele arrumou um estágio no Banco Santander e foi mexer com vendas, trabalhando diretamente no atendimento ao público. Não gostou muito da experiência e partiu para um emprego no Banco Panamericano, onde acompanhava e conferia os contratos fechados pela Financeira.

“Foi bom, pude conhecer melhor essa área”, destaca Juan, que, entretanto, trocou o Panamericano, depois de seis meses, por uma vaga de bolsista no Núcleo de Pesquisa e Consultoria em Finanças e Contabilidade, ligado à Faculdade de Ciências Econômicas. Desde novembro passado, ele desenvolve projeto de pesquisa sobre assimetria de informações no mercado de ações. A investigação levanta fatores que fazem com que uma empresa tenha sucesso e outra não, quando resolvem participar da Bolsa de Valores. “A pesquisa é importante porque quero atuar numa área mais estratégica das finanças e a gente aprende muito pesquisando”, explica ele.

Não é por acaso que Gustavo Mamão, de 27 anos, é um administrador. Há dois anos, ele é sócio de uma “fábrica de empresas”, como classifica o Instituto de Inovação, uma companhia dedicada à gestão empresarial. “Nos apresentamos como gestores e empreendedores de novos projetos”, explica ele, frisando que a experiência atual é uma meta de vida, diferente de outras atuações que teve e que, apesar de importantes, não tiveram o sentido da de agora.

O Instituto de Inovação, diz Gustavo, faz parcerias com novas empresas, que têm produtos excepcionais e de grande interesse de mercado, mas precisam de ajuda na gestão. “Na Faculdade, mexi com empresa júnior e, agora, minha vocação empreendedora encontrou seu lugar”, acredita Gustavo que percorreu um caminho de sucesso profissional antes de chegar onde está. Logo que se formou, ele se candidatou a uma vaga na Diamond Cluster, uma empresa de consultoria de estratégias de negócios com forte ênfase no setor de telecomunicações. “Não imaginei que iria conseguir, mas fui selecionado e me mudei para São Paulo, onde trabalhou como analista dos projetos, encontrando a solução para os problemas apresentados pelas empresas”, explica Gustavo.

Quando deixou a empresa, depois de três anos, transferiu-se para a gerência de Desenvolvimento de Novos Negócios, ligada ao Departamento de Marketing, do Unibanco. Nesse caso, a função principal de Gustavo era criar oportunidades de negócios para o banco, focando pequenos e grandes projetos, como consolidar planos para retenção de clientes. “Nessa época, já tinha descoberto que minha maior competência estava na análise de negócios”, afirma ele. Decidiu voltar para Belo Horizonte, engajando-se, então, no Instituto de Inovação, em sociedade com outros administradores.

Eber Faioli
JUAN pesquisa a assimetria de informações no mercado de ações

Para Gustavo, a prática na profissão de administrador conta muito, por isso é uma “exigência” dedicar-se a estágios ou outras experiências ainda quando estudante. O que facilita essa trajetória, observa, é que o mercado de trabalho do administrador é muito amplo. “É tão grande, que chega a ser confuso”, diz ele.

Profissional múltiplo

Se o Brasil é o quinto país mais empreendedor do mundo, como apontam pesquisas internacionais, é de se imaginar que seria, também, o paraíso para os administradores. Entretanto, não é bem o que acontece, porque o administrador sofre a concorrência direta de profissionais de outras áreas e, mais ainda, de amadores. Em compensação, ele é um profissional que facilmente pode se encaixar nas mais distintas áreas.

O administrador, diz a professora Míria Oleto, coordenadora do Colegiado de Graduação, é alguém que se preocupa constantemente com os acontecimentos, pois não existe uma boa administração, seja ela de um colégio ou de país, feita de forma isolada. As relações mais complexas do mundo atual exigem uma análise integrada dos fatos e, por isso, o administrador tem que ser alguém aficionado à informação e capaz de realizar uma leitura crítica dos fatos.

Qual é a formação de um administrador?

O estudante de Administração na UFMG terá uma formação pluralista, com enfoques em finanças, marketing, recursos humanos e produção. Com o conhecimento das áreas básicas, ele estará apto a trabalhar em muitas setores – tanto no público quanto no privado ou, mesmo, no chamado terceiro setor. Esse profissional é gestor e, portanto, precisa ter formação humanista forte e, ao mesmo tempo, domínio de técnicas e práticas.

Eber Faioli
Vocação empreendedora de GUSTAVO foi ensaiada na empresa júnior

A administração é uma área que sofre muita concorrência de outros profissionais?

Sim. A Engenharia é a nossa principal concorrente, porque os engenheiros têm também uma formação voltada para a solução de problemas. Entretanto, na Administração, o profissional estará em contato com ferramentas próprias da área e não precisará dar voltas para entender a complexidade de uma pequena ou grande empresa, de órgãos públicos, de Organizações Não-Governamentais, etc. Além disso, o administrador tem uma formação muito mais integrada com as Ciências Humanas, o que é essencial, porque ele estará convivendo com pessoas e as administrando.

Com tantas áreas possíveis de atuação, os administradores tendem muito à especialização?

A maioria dos formados em Administração retornam para fazer especialização. Hoje, essa é uma necessidade do mercado de trabalho, muito concorrido. Com tantas áreas para trabalhar, o administrador tem que se preocupar em aprofundar os conhecimentos alcançados na graduação.

O que aluno precisa trazer na bagagem quando se define por Administração?

Uma grande disposição para vivenciar a prática, pois não é só o conhecimento de sala de aula que forma um bom profissional. É preciso envolver-se com o mercado de trabalho e os alunos da UFMG são muito procurados por empresas para realizarem estágios. A Administração possui a UFMG Consultoria Júnior, uma empresa júnior gerida pelos próprios alunos, que prestam serviço à comunidade de uma forma geral e, também, a Agência de Empreendedorismo, uma incubadora de empresas voltadas para o setor de serviços e para o terceiro setor.