Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 2 - nº. 5 - Junho de 2004 - Edição Vestibular

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Ciências Contábeis

Contador junta variáveis diversas para avaliar saúde financeira das empresas e mostrar saídas para problemas

Há 28 anos, o contador Fernando Mattoso está no segmento das auditorias e, ainda hoje, se surpreende com as demandas que surgem na profissão. As mais recentes apareceram por conta dos escândalos de falsificação de balanços em grandes empresas norte-americanas. Sim, o que abalou as bolsas de valores de todo mundo repercutiu no dia-a-dia das empresas de auditorias no Brasil que, agora, são obrigadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a ser também auditadas. Além disso, a CVM passou a exigir reciclagem periódica dos profissionais.

“Pelas exigências para se trabalhar, dá para ver o quanto o profissional tem que estar atento e disposto a um processo contínuo de aprendizado”, diz Fernando, o Mattoso da Soltz, Mattoso & Mendes Auditores Independentes, uma das maiores empresas do ramo em Minas Gerais, com atuação, inclusive, em outros estados. Para ele, o apego ao estudo sempre foi uma regra. Não satisfeito em se formar em Ciências Contábeis, cursou Economia e Administração e garante que os conhecimentos se completam. “As mudanças ocorridas no mundo por causa da globalização são contínuas e rápidas e quem quiser permanecer na profissão tem que ir se adaptando”.

Eber Faioli
Para FERNANDO MATTOSO “quem quiser permanecer na profissão tem que ir se adaptando”

O escritório de Fernando é contratado por um leque enorme de clientes, como financeiras, empresas de previdência privada, consórcios, planos de saúde, indústria têxtil, siderúrgicas e, até, agropecuárias. Alguns clientes são obrigados a manter auditoria e outros utilizam o serviço por prevenção, como um sinônimo de transparência administrativa. O contador, diz Fernando, pode trabalhar com empresas de ramos muito distintos e essa é uma das vantagens da profissão que, segundo ele, não enfrenta problemas de desemprego.

No escritório de Fernando, existe a prática de contratar estagiários. “A remuneração é menor”, admite ele, destacando, porém, que a principal intenção da empresa é treinar futuros profissionais. “Isso não é fácil, porque muitos utilizam a auditoria apenas como um trampolim para atuar em controladorias”, analisa, citando o setor que domina as finanças em grandes empresas. Segundo o contador, a contratação na área é também vigiada pela CVM e o recrutamento de profissionais tem sido feito com dificuldade. “Às vezes, temos vaga, mas não temos quem contratar”, afirma.

A experiência como bancária no final da década de 1980, uma época em que a escrituração ainda não estava toda informatizada e não havia sistemas integrados, deu a Simone Martins Abreu, de 34 anos, o mote para a escolha do curso superior. Além do mais, as aulas do curso de Ciências Contábeis aconteciam à noite e, porque ela trabalhava o dia inteiro, essa era uma condição importante. “O curso certamente é muito bom e está numa fase ótima, com professores e alunos muito motivados”, assinala Simone, que está prestes a se formar.

A graduação de Simone foi iniciada em Ponte Nova, onde morava e estudava. Na UFMG por conta de transferência, ela foi aluna irregular, convivendo com vários períodos durante muito tempo. “Só no sexto período regularizei meu curso”, conta ela, avaliando a experiência como interessante, porque pôde ter contato com várias turmas e perceber algo em comum entre os alunos das Ciências Contábeis. “Pelo fato de o curso ser à noite e ter uma grande presença de profissionais que já estão no mercado, noto que as pessoas estão buscando algo novo e tiram mesmo proveito do conhecimento. Isso cria um clima muito bom nas turmas”, assinala.

Para Simone, é “uma pena” que o curso da UFMG ainda não esteja flexibilizado. “O currículo é ótimo, mas poderia ser ampliado”, diz, destacando a infra-estrutura das Ciências Contábeis como uma compensação. “Realmente tudo o que é preciso é oferecido, temos uma ótima biblioteca e um laboratório de informática bastante completo, com todos os programas de sistemas integrados instalados”, atesta Simone, que pretende, após se formar, fazer mestrado.

Cuidado com o patrimônio

No mundo das Ciências Contábeis o desemprego é praticamente zero e idade não é motivo de preconceito, informa o coordenador do Colegiado do curso, José Wagner Morais de Paiva. E ele avisa: “Ao contrário do que muitos pensam, a Ciência Contábil é uma Ciência Social e não Ciência Exata”.

Qual é o objeto das Ciências Contábeis?

As Ciências Contábeis fazem parte da grande área das Ciências Sociais Aplicadas. Juntamente com a Economia e a Administração, forma o grupo das Ciências Gerenciais, cujo objeto é o patrimônio. Toda empresa, todo órgão público, toda entidade com fins lucrativos, ou não, deve possuir uma contabilidade, porque detém um patrimônio. Esse é o campo de atuação da Contabilidade.

Eber Faioli
JOSÉ WAGNER informa que, praticamente, não existe desemprego na área

É uma ciência que cuida da área de finanças de empresas e instituições?

Sim. E o faz por meio de registros, informando sobre a gestão do patrimônio e dando subsídios para tomadas de decisão acerca das diretrizes e dos rumos desejados. Ao mesmo tempo, é uma ciência que faz o controle do patrimônio e contribui para as tomadas de decisão adequadas ao desenvolvimento.

Onde estão os contadores?

Além de atuarem em empresas e outras instituições, inclusive cooperativas agropecuárias e imobiliárias, por exemplo, estão presentes no mercado de capitais, como analistas financeiros. Existem, ainda, as especializações, com grandes áreas em ascensão, como Auditorias, Contabilidade Internacional e Contabilidade Ambiental. Outra área em destaque é a da Responsabilidade Social. Os contadores atuam, também, em controladorias, no controle gerencial das entidades e realizando perícia contábil. A área pública, ao mesmo tempo, é um grande espaço para o profissional.

O contador tem problemas de mercado de trabalho?

É uma das poucas profissões em que o desemprego é, praticamente, zero. E o mercado não tem qualquer tipo de preconceito em relação a idade, por exemplo.

Como é a formação do aluno?

Ao contrário do que muitos pensam, as Ciências Contábéis incluem-se nas Ciências Sociais e não nas Ciências Exatas. O envolvimento com números nada mais é que um instrumental, uma ferramenta. São uma ciência social aplicada, que envolve comportamento e julgamento. A avaliação de um patrimônio não é meramente uma soma. Se uma empresa está em continuidade, seu patrimônio tem determinado valor. Se está em processo de falência, o valor, certamente, será outro. São uma ciência social porque tratam de um patrimônio que envolve um conjunto de pessoas, dentro de uma sociedade, com implicações internas e externas. Por isso, a formação do aluno inclui base humanística, com disciplinas como Sociologia, Filosofia e Economia.

E as disciplinas específicas, quais são?

Numa segunda fase, de consolidação, o aluno trabalha diretamente com a Contabilidade e o seu instrumental. As disciplinas próprias da Contabilidade Geral e aquelas que vão fornecer instrumentos, como Matemática, Direito, Estatística, Administração. Numa terceira etapa, ele entra em contato com as especializações em Contabilidade, mais em termos de conteúdo conceitual do que de aplicação direta. Aqui, entram Auditoria, Perícia, Contabilidade Gerencial, Fiscal e Tributária, ou seja, as áreas de atuação que poderiam ensejar especialização após o término do curso.