Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 2 - nº. 5 - Junho de 2004 - Edição Vestibular

Editorial

Entrevista
Por dentro da UFMG

Inclusão
Para todos

Assistência ao estudante
Uma mão lava a outra

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Engenharia Agronômica
Medicina Veterinária

Ciências Biológicas
Ciências Biológicas

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Medicina
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UFMG Diversa
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Outras edições

Um animal agrada muito a gente

Medicina Veterinária

Curso relaciona vida humana à de outras espécies e garante saúde a seres vivos

Eber Faioli
Estudante conta com HOSPITAL VETERINÁRIO para a prática do curso

Ainda quando estudante, Agenor Castro Neto teve uma “sacada”. Seu sucesso profissional, percebeu, não dependeria apenas de dedicação acadêmica, no que foi exemplar. “Acho que a Veterinária exige que você saiba se relacionar com as pessoas e não só com os bichos. E esse é um desafio para o profissional que tem que lidar com o campo, conviver com realidades muito diferentes”, defende. A trajetória profissional de Agenor mostrou que estava certo. Trabalhando numa empresa de recursos humanos em agronegócios, ele se dedica à capacitação de trabalhadores, na área de nutrição, em fazendas de pecuária de leite e corte. Do treinamento, participam, também, zootecnistas, agrônomos e veterinários. “Dessa forma, consigo atuar em diferentes áreas da Veterinária e tenho que estar sempre me atualizando”, constata.

Formado há cinco anos, Agenor destaca que se preocupou em conciliar a teoria com a prática como estudante, o que, segundo ele, tem tido reflexos muito positivos na sua atividade profissional. “Eu corria atrás. Fazia estágios em fazendas durante as férias e, também, sempre visitava o campo nos finais de semana”, recorda. Essa atitude o ajudou a se definir por uma área de especialização. Ao ter certeza de que se dedicaria aos bovinos, ele formou um grupo de estudos e, com colegas, promoveu palestras, seguidas de debates, sobre o tema.

Foca Lisboa
Estudantes lidam com animais de pequeno e grande portes

“Nasci no dia do Veterinário, 9 de setembro”, anuncia Vinícius Albergaria, de 23 anos, aluno do nono período de Veterinária. Ele não encara a coincidência como uma predestinação, mas também não deixa de lembrar que a primeira palavra que falou foi “boi”. A explicação mais sensata para sua predileção está no estreito contato que manteve com o campo quando criança, no interior de Minas Gerais e do Espírito Santo. “Meu pai era agrônomo”, revela. A disposição em fazer Vestibular para Veterinária foi reforçada durante o intercâmbio estudantil que fez no final do Ensino Médio. Vinícius foi para Ohio, nos Estados Unidos, onde fez um estágio na área.

Classificado em primeiro lugar no Vestibular de 2000, Vinícius se interessou pelos estágios na Escola de Veterinária ainda no Ciclo Básico. “Procurei ter contato com a parte laboratorial do curso, logo que entrei”, conta ele, lembrando que foi, inicialmente, voluntário no Laboratório de Biologia Celular. Lá, ele trabalhava com um aluno de mestrado na avaliação do uso de uma droga que aumenta a capacidade reprodutiva da tilápia. A proximidade com as pesquisas em reprodução o fez perceber que ali estava uma área na qual gostaria de se especializar, porém o animal era outro. “Eu queria mexer com boi”, ressalta.

O bom desempenho no curso levou Vinícius novamente aos Estados Unidos. Ele foi o primeiro aluno de graduação da Veterinária a usufruir de uma “bolsa sanduíche”. No sexto período, ele concorreu à vaga na Universidade do Texas e lá ficou durante seis meses, estagiando na clínica de Eqüinos, de Animais Silvestres e Cirurgia de Pequenos Animais. “Não quis me concentrar no estudo de bovinos porque queria aproveitar para abrir meus horizontes e sabia que, aqui, faria esse tipo de estudo muito bem”. Voltando ao Brasil, o aluno tornou-se bolsista de Iniciação Científica e, desde então, desenvolve com um amigo pesquisa na área de nutrição, avaliando a qualidade nutricional e de digestão da silagem de quatro tipos de milho.

Eber Faioli
O veterinário, segundo AGENOR, tem que conviver com realidades muito diferentes

Respeito nacional

Aos veterinários não estão reservadas atividades apenas no meio rural, ainda que este seja um dos principais espaços de atuação. Na ponta dos cuidados básicos com a saúde e a produção animal, esses profissionais revelam-se essenciais, também, na atenção às exigências sanitárias, garantindo ao país a posição de destaque conquistada com o rebanho bovino, as pecuárias de leite e corte e a criação de frangos.

Para o coordenador do Colegiado de Graduação, professor Renato Sacchetto Tôrres, a condição essencial do candidato que escolher a Veterinária é gostar das Ciências Biológicas e da Saúde e, naturalmente, de bichos.

O que os alunos buscam no curso de Veterinária?

Antes, grande parte dos alunos vinha do interior, tinha origem rural. Essa característica mudou e, atualmente, observa-se um equilíbrio com os oriundos dos grandes centros urbanos. Normalmente, quando aqui chegam, os estudantes têm uma visão muito restrita e pensam em trabalhar com produção animal ou com a clínica de animais de grande ou pequeno portes. No entanto, durante o curso, deparam-se com um universo de conhecimento muito maior e percebem as outras possibilidades da profissão. Os veterinários trabalham com animais de todos os portes, silvestres ou domésticos, e lidam diretamente com a prevenção e com o controle de doenças, com estratégias de desenvolvimento dos sistemas produtivos no país, são responsáveis pela criação e pela aplicação de técnicas de melhoramento genético e de melhoria da qualidade da nutrição animal. Além disso, atuam na inspeção dos produtos de origem animal, trabalham em frigoríficos e nas indústrias de alimentos de origem animal, em órgãos públicos e na formulação de políticas públicas.

Que importância tem a Escola de Veterinária para a formação dos rebanhos e das criações do país?

A Escola de Veterinária desenvolve muitas pesquisas e tecnologias que são repassadas aos produtores de todo o Brasil. Possuímos uma das maiores produções de pesquisa de toda a UFMG. Isso nos coloca numa posição de destaque não somente na Instituição, mas no país e fora dele. Os alunos da graduação estão sempre participando dessas pesquisas, não só aumentando o conhecimento nas áreas específicas, mas também desenvolvendo o senso crítico no trato dos problemas nacionais. Atualmente, cerca de cem alunos estão envolvidos em projetos de Iniciação Científica e demais programas.

Eber Faioli
VINÍCIUS: ser veterinário foi escolha desde criança

Na atuação do veterinário, existem preconceitos entre os que optam por trabalhar com pequenos animais, em especial animais domésticos?

Não creio. Os veterinários que atuam em áreas urbanas são, principalmente, aqueles que lidam com pequenos animais. Há muito tempo, a visão em relação aos animais de estimação mudou e, hoje, existe consciência de que eles têm que ser tratados e cuidados, porque fazem parte do cotidiano dos seres humanos.

Há discriminação profissional em relação às mulheres?

Nesse caso, acredito que ainda exista discriminação, mais no campo, onde se lida com animais de produção como bovinos, eqüinos, etc. Entretanto, esse tipo de preconceito é facilmente derrubado quando a profissional começa a atuar e mostrar que as barreiras são facilmente transpostas, com a aplicação do conhecimento técnico de Veterinária. Nota-se, no entanto, uma preferência das mulheres pelo trabalho com pequenos animais, nos laboratórios e nas indústrias. O importante é saber que a diversificação da profissão abre muitos campos em que mulheres e homens trabalham em número equilibrado.

O que a Escola oferece na parte prática?

O curso é eminentemente prático e mais da metade da sua carga horária é destinada às aulas práticas. Nessas atividades estão inseridas aulas que tratam do conhecimento da anatomia dos animais domésticos, das patologias, do manuseio das diversas espécies animais, passando pelo exame clínico, o procedimento cirúrgico e etc. Temos, também, aulas em diversos laboratórios, como o de nutrição, o de tecnologia e inspeção de produtos de origem animal, e os das diversas doenças que acometem os animais. Os alunos visitam sistematicamente as fazendas da UFMG, além de outras. Viajam para conhecer os diversos sistemas de produção, inclusive fora do estado de Minas Gerais. Enfim, é um curso essencialmente prático.