Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 2 - nº. 5 - Junho de 2004 - Edição Vestibular

Editorial

Entrevista
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Outras edições

No mais profundo do ser

Psicologia

Psicologia é descobrimento contínuo que ajuda indivíduos e grupos a viver melhor

Eber Faioli
Estágios ajudaram amadurecer as escolhas de MAÍRA

No início do curso, Maíra Moreira de Carvalho, de 22 anos, achava que a Psicologia era algo quase inatingível. A estrutura do curso, com aulas no Instituto de Ciências Biológicas e, também, exploração de outras áreas do conhecimento, como Ciências Sociais, deixavam nela uma sensação de suspense. O jeito que encontrou para diminuir a ansiedade foi o de se entrosar participando, como voluntária, dos atendimentos psicológicos realizados no Ambulatório Bias Fortes, um anexo do Hospital das Clínicas. “Eu trabalhava na área infantil”, lembra ela, destacando que, nessa mesma época, ainda no terceiro período, disciplinas específicas da Psicologia começaram a surgir e ela pôde, então, vislumbrar o que a aguardava pela frente.

No nono período, Maíra já passou por algumas experiências profissionais na tentativa de amadurecer suas escolhas no vasto campo de atuação aberto pelo curso. Numa clínica da APAE, onde existiam diferentes tipos de atendimentos de saúde, ela realizava a triagem das crianças e participava das consultas com o psicólogo responsável por estas. “Eu me interessava muito pela Psicologia Infantil, mas queria lidar, também, com adultos. Então, me envolvia, sempre, no trabalho com os pais”, conta. Ela também foi bolsista da Fundação Mendes Pimentel no atendimento ao cidadão da Prefeitura de Belo Horizonte e diz que a experiência valeu por mostrar-lhe a rotina de um trabalho mais burocrático. Coincidência ou não, foi nessa época que Maíra começou a se interessar pela Psicologia do Trabalho e passou a integrar projetos de pesquisa, um deles sobre Saúde Mental e Trabalho e outro sobre Empreendimentos de Auto-Gestão. “Nesses projetos, tenho a oportunidade de aprender mais sobre a realização de pesquisas, porque lidamos com metodologias diferentes.”

Desde fevereiro do ano passado, Maíra também é membro da RH Consultoria Júnior – empresa formada por estudantes de Psicologia no âmbito do próprio curso. Lá, desenvolve projetos de recursos humanos que serão aplicados nas empresas que se candidatam à consultoria. Além de todos esses engajamentos, ela cumpre os estágios obrigatórios do curso, atendendo na clínica-escola.

A opção da psicóloga Letícia Greco Rodrigues, de 26 anos, foi, inicialmente, pelo atendimento a crianças, caminho que foi reforçado quando ela, ainda estudante, decidiu fazer o curso de Psicologia Hospitalar. “Fiz e gostei, na verdade, me apaixonei”, lembra Letícia, para quem as experiências vividas em estágios no Hospital das Clínicas foram fundamentais. “Trabalhei com o sofrimento muito evidente, dando suporte não só às crianças mas também às famílias, para que pudessem passar por aqueles momentos de forma mais tranqüila. A perda da rotina e o afastamento de casa têm peso muito grande na vida das pessoas”, observa.

Letícia conta que, para os psicólogos, nem sempre é fácil conviver com a dor alheia, por isso ela destaca a necessidade de os profissionais estarem em contínuo processo de aperfeiçoamento, como forma de adquirir, cada vez mais, segurança no trato dos problemas. Durante algum tempo, o foco de Letícia esteve direcionado ao atendimento em escolas. Mas, agora, ela está envolvida com outro tipo de atividade. Além de professora do Departamento de Psicologia da UFMG, atende adultos em consultório particular. “Acho que é muito importante o aluno dedicar-se inteiramente ao curso, porque as possibilidades de atuação de um psicólogo são mesmo muitas e todas elas dependem de uma grande base teórica”, reforça.

Foca Lisboa
Segundo LARISSA, estudante pode projetar diferentes atuação no mercado

A estrada é o caminhar

As alternativas de formação são tantas na Psicologia, que é essencial o futuro profissional perceber que as escolhas são suas, a começar pelo tipo de capacitação profissional que pretende ter. Ao contrário do que, normalmente, se pensa, o psicólogo não é aquele que cursa Psicologia, mas sim aquele que opta pela Formação de Psicólogo, uma das três habilitações do curso. As outras são o bacharelado e a licenciatura, variantes para os que querem se dedicar, respectivamente, à pesquisa e ao magistério. Nenhuma dessas opções, entretanto, é excludente, avisa a subcoordenadora do Colegiado de Graduação, professora Larissa Assunção Rodrigues. Ao contrário, as habilitações diferentes costumam oferecer uma grande oportunidade para o aluno ampliar os conhecimentos e, também, projetar diferentes atuações em um mesmo mercado de trabalho.

O curso de Psicologia oferece três formações curriculares. É possível fazer mais de uma ao mesmo tempo?

Quando entram para o curso, os alunos optam, normalmente, pelo bacharelado. Por uma questão de organização curricular, é melhor que ele conclua a opção e, depois, peça Continuação de Estudos. Para a Formação de Psicólogo, por exemplo, são cinco anos e mais um ano para a licenciatura. Obter as três formações ao mesmo tempo não é possível. É possível fazer ao mesmo tempo bacharelado e Formação de Psicólogo, a partir do sexto período. Licenciatura é preciso fazer à parte.

Quais são as áreas de trabalho do psicólogo?

São múltiplas. A Psicologia Clínica pressupõe atendimento psicoterápico, terapia de consultório, individual ou em grupo, e avaliação psicológica. Inserem-se aí, também, os trabalhos ligados à orientação profissional e à Psicologia Hospitalar, que têm um caráter diferente da Psicoterapia tradicional. Na Psicologia Social, por exemplo, os profissionais intervêm em comunidades e estão, normalmente, ligados a associações e a Organizações Não-Governamentais. A Psicologia do Trabalho atua na área de seleção, treinamento, capacitação de pessoal e, também, de saúde mental no ofício. Temos, ainda, a Neuropsicologia, área que vem sendo resgatada pela associação do trabalho do psicólogo ao de observação do comportamento ligado às funções cerebrais.

Com tantas atuações possíveis, o mercado de trabalho oferece muitas oportunidades?

Atualmente, a Psicologia tem muitos espaços para se inserir e não está restrita aos atendimentos da psicoterapia individual, dos trabalhos de consultório, a que mais comumente é associada a profissão. Há uma demanda cada vez maior pela inserção de psicólogos em programas sociais, como os da Saúde da Família, em empresas, escolas, hospitais e nas mais variadas áreas, porque nosso objeto de trabalho é o ser humano.

O psicólogo convive com muitos problemas sociais e pessoais. Ele precisa de uma estrutura diferente da exigida de outros profissionais?

De fato, o psicólogo vai atuar não só sobre problemas mas também na prevenção a eles. Lidando com desarranjos, qualquer profissional, não só o psicólogo, precisa de suporte extra. É necessário que o psicólogo cuide de sua própria saúde mental e, para isso, recorrerá, também, a acompanhamento psicológico, muito comum desde o início da profissão. Nos estágios, que entendemos como o período de exercício orientado da profissão, os alunos possuem supervisores, que funcionam como referência para que o psicólogo possa aprender a discernir o que é dele, daquilo que é do outro, as deficiências e as eficiências que ele possui, podendo, então, harmonizar sua conduta profissional.

Quando o aluno opta pela formação de Psicólogo, ele escolhe uma especialidade?

Não. O nosso curso é generalista, o aluno sai daqui como psicólogo. A ênfase acaba sendo dada por ele na trajetória de graduação. Normalmente, o estudante concentra o interesse numa determinada área, por exemplo, a de Psicologia Escolar, e cursa as disciplinas afins.