Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 2 - nº. 5 - Junho de 2004 - Edição Vestibular

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À prova de choques

Engenharia Elétrica

Mercado profissional sofre mudanças acentuadas e engenheiro eletricista firma-se como profissional múltiplo

Em 1987, quando Hermes Aguiar Magalhães, de 38 anos, se graduou, ele sabia que estava entrando num mercado de trabalho em que o perfil profissional predominante destoava de sua formação. “Os nossos concorrentes eram profissionais da operação, mas a proposta na UFMG, a de Engenharia de Concepção, era a que dava certo em países desenvolvidos”, lembra. Naquela época, ele se perguntava se o mercado absorveria profissionais com suas características, que tiveram formação voltada para a pesquisa. Hoje, empresário e consultor, Hermes colocou os pingos nos is: “O engenheiro que estiver esperando por um emprego fixo, que for acomodado e passivo terá poucas chances, mas aquele que aproveitar o conhecimento para se arriscar terá amplos espaços a conquistar”.

Hermes diz que sua turma quebrou paradigmas na Engenharia Elétrica, porque foi a primeira a se beneficiar de um grande investimento do curso na área de pesquisa. Durante um ano e meio, ele foi bolsista de Iniciação Científica e, quando se formou, foi direto para o mestrado. Especializou-se em processamento digital de sinais, uma tecnologia utilizada, por exemplo, na produção de equipamentos médicos, de sonares de submarinos, na telefonia celular e em satélites. Seu primeiro emprego foi numa empresa de engenharia submarina, responsável pelo desenvolvimento do primeiro veículo submarino nacional utilizado pela Petrobras.

Eber Faioli

Em 1994, Hermes se transferiu para o setor de telecomunicações e trabalhou no desenvolvimento de equipamentos para modernização de centrais analógicas. Entretanto, a privatização do setor, segundo ele, desmantelou a indústria nacional e transformou o cenário profissional. “O mercado passou a requisitar quase só executivos”, assinala. Hermes se adaptou e se transferiu para o consórcio de empresas que implantou a Oi no país. Desafio vencido, ele decidiu criar sua própria empresa. Ora como empresário, ora como consultor, ele se dedica novamente a sistemas de processamento digital de sinal.

Com os pés no presente, mas com os olhos no futuro, Igor Amariz Pires, de 23 anos, conheceu a França no ano passado. Lá, completou o oitavo período do curso de Engenharia Elétrica, na Escola Superior de Engenharia Elétrica e Eletrônica. A oportunidade de intercâmbio deixou nele uma certeza: “O nosso curso não fica devendo nada aos do exterior. Aliás, se a UFMG tivesse mais recursos, estaríamos anos-luz à frente de muitas das melhores escolas do mundo”. De volta, prestes a se formar, Igor abraçou um estágio em Tecnologia de Informação e diz que, mais uma vez, está sentindo a qualidade do curso que escolheu.

A presença de Igor na Engenharia Elétrica é fruto de uma decisão consciente. Ainda aluno de Eletrônica do Centro Federal de Formação Tecnológica (Cefet), resolveu fazer o Vestibular, mesmo sabendo que não poderia se tornar universitário. Aprovado, no ano seguinte repetiu a dose e iniciou uma trajetória em que deu muita atenção às atividades extraclasse.

No segundo ano do curso, Igor despertou como estudante e enveredou pelos laboratórios do Instituto de Ciências Exatas e da própria Elétrica. Durante um ano, foi bolsista de um projeto de extensão, trabalhando com manutenção de computadores. Nos semestres seguintes, tornou-se bolsista do Laboratório de Eletrônica de Potência, da pós-graduação da Elétrica. “Ajudei na confecção de protótipos de amplificador que serão utilizados no Laboratório de Áudio, uma área nova do curso”, conta ele, ressaltando que os equipamentos serão utilizados pelos alunos.

No Laboratório de Aterramentos Elétricos, o estudante participou de pesquisa sobre proteção de torres de transmissão e foi nesse momento que surgiu a chance de ir para Paris, num intercâmbio promovido entre a Capes e o governo francês. “O critério de seleção foi o de notas e eu estava bem”, garante, destacando que o intercâmbio só foi possível por causa da estrutura flexibilizada do curso.

Livre para mudar de órbita

A Engenharia Elétrica é um curso de muitos caminhos e o melhor é que eles podem ser traçados pelos próprios alunos, de acordo com o interesse específico de cada um na área. Inicialmente, damos ao aluno uma formação sólida nas bases da Engenharia Elétrica, para que ele possa escolher sua formação. Totalmente flexibilizado, o curso está aberto às propostas de estudo que os futuros engenheiros, com orientação dos professores, sejam capazes de criar, refletindo demandas que sequer foram formalmente absorvidas pela própria Universidade, mas cujo espectro atende perfeitamente às possibilidades de ensino da Instituição. Se o futuro engenheiro perceber uma linha de estudo na Biomédica, diz o coordenador do Colegiado de Graduação, professor Alessandro Fernandes Moreira, poderá se dedicar a ela, desde que consiga fundamentar com coerência a escolha no âmbito da Engenharia Elétrica.

Eber Faioli
HERMES aconselha: o profissional deve arriscar para conseguir espaços

Quais são as peculiaridades da Engenharia Elétrica?

Ela difere das outras Engenharias por exigir mais do aluno na parte básica, de Física, de Computação e de Matemática. Além disso, nosso curso é flexibilizado, ou seja, o aluno pode traçar para ele a formação que mais lhe interessar, pensando nas suas próprias preferências e nas do mercado, sem deixar de formar o engenheiro eletricista. Esse é um diferencial importante em relação às outras Engenharias.

Quais são as portas abertas por essa flexibilização?

Nosso curso possui cinco “certificados” estabelecidos, que são as especializações em Telecomunicações, Controle de Processo, Sistemas de Energia Elétrica, Eletrônica de Potência e Computação. Dentro de cada um desses “certificados”, o aluno consegue criar um percurso que ele julga ser interessante ou que o mercado exige dele. Ele fará as disciplinas que melhor servirem aos seus interesses. Além disso, a flexibilização representa a própria possibilidade de o aluno criar um novo “certificado”. Claro que não é uma criação aleatória, mas envolve a orientação de um professor e, inclusive, a aprovação do Colegiado. É o que chamamos de “certificado” aberto, que permitiu que alunos se formassem em Engenharia de Áudio, Engenharia Biomédica e Fontes Alternativas de Energia.

É um curso em que a prática e a teoria estão muito mescladas ou vocês tendem mais para a teoria?

As Engenharias, em geral, têm que se envolver com a prática. Na Engenharia Elétrica, cerca de 40% do curso é dedicado à prática. Temos uma atividade laboratorial grande, mas trabalhamos muito em teoria. Um outro aspecto é a interdisciplinaridade da profissão, já que não se pode pensar em uma formação especificamente em Engenharia Elétrica que não se aplica a outras áreas.

Essa prática se dá mais dentro ou fora da Universidade?

Há uma atividade intensa dentro da Universidade. Mas grande parte dos nossos alunos estão envolvidos com Iniciação Científica, Extensão e Consultoria. Normalmente, esses trabalhos demandam uma atividade prática muito grande e essa se dá diretamente na solução de problemas apresentados pelas indústrias.

Como atua o engenheiro eletricista?

Ele trabalha com os processos de produção, de processamento e de utilização de energia elétrica. O campo da Engenharia Elétrica é muito amplo e a chance de um bom engenheiro conseguir emprego é evidente.

Que campo é esse? Onde vocês estão presentes?

Quando se trata de geração e de distribuição de energia elétrica, os profissionais estão nas companhias de energia elétrica, como a Cemig, atuando diretamente nas usinas hidrelétricas ou termelétricas e, também, nas áreas técnicas dessas empresas. A parte de processamento envolve o setor industrial, porque, pelo menos, 70% dos processos industriais demandam a conversão de energia elétrica para outro padrão energético. Os engenheiros eletricistas estão, comumente, nas empresas de telecomunicações e de meios de comunicação. Outros campos de trabalho são o de controle de processos, na computação, em indústrias eletroeletrônicas atuando nas mais diversas formas de conversão, tratamento e armazenamento da energia elétrica.