Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 2 - nº. 5 - Junho de 2004 - Edição Vestibular

Editorial

Entrevista
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Espinha ereta e coração tranqüilo

Fisioterapia

Voltada à promoção da saúde, Fisioterapia reabilita movimentos e previne disfunções

Na família Dal Bianco Ribeiro, os irmãos Murilo e Marcos, ao optarem pela Fisioterapia, começaram a seguir uma mesma trilha. Durante o curso, os dois se interessaram pela Ortopedia e Traumatologia, com preferência pela área esportiva. Recém-formado, Murilo montou uma clínica com dois colegas e planeja fazer curso de especialização. Já Marcos, no oitavo período, faz estágio no América Futebol Clube e desenvolve pesquisa para a confecção de palmilha, produto que pretende comercializar.

A descoberta da Fisioterapia por Murilo aconteceu quando ele estava no terceiro período de Ciências Biológicas. Depois de encarar outro Vestibular, já na Fisioterapia, Murilo conciliou preferências e fez estágio no Laboratório de Prevenção e Reabilitação de Lesões Esportivas, da própria Faculdade de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional. No Laprev, onde continua prestando atendimento à comunidade da UFMG, ele teve a oportunidade de acompanhar a avaliação, por exemplo, de jogadores de vôlei da Seleção Brasileira Juvenil. Recentemente, o fisioterapeuta abriu uma clínica de atendimento individualizado. “A nossa idéia não é ganhar em quantidade, mas em qualidade”, diz ele, destacando a dependência dos planos de sáude como uma das dificuldades do profissional que opta pelo atendimento clínico.

Foca Lisboa
MARIA REGINA investiu no estudo da Fisioterapia Linfática

Influenciado pelo irmão, Marcos decidiu fazer Fisioterapia. No oitavo período, ele ajuda o fisioterapeuta do América na avaliação de disfunções que podem gerar lesões, fraquezas musculares, alterações anatômicas e desequilíbrios nos atletas. “O mais interessante é perceber que a Fisioterapia pode ser preventiva”, afirma. Há dois anos, o estudante desenvolve um modelo de palmilha para correção de lesões ortopédicas. “Para isso, temos que ter grande conhecimento biomecânico. As alterações no pé podem causar desde dor na canela até problemas de coluna”, resume.

Há mais tempo no mercado, Maria Regina Tertuliano Máximo, de 46 anos, recorda que foi parar na Fisioterapia depois do fim de um casamento de muitos anos. Com três filhos pequenos, a psicóloga que nunca havia trabalhado na área fez das muitas dificuldades emocionais e financeiras um estímulo para a independência e a realização pessoal, começando pela mudança de profissão. Ela diz que o futuro dos filhos dependia do curso e, por isso, sempre foi aluna dedicada. Quando estava no quinto período, Maria Regina escolheu a área que queria seguir. “O único problema é que não havia professores especializados para me ajudar”, conta. O jeito foi intensificar estudos e pesquisas até que, quando se formou, em 1995, já conhecia profundamente Fisioterapia Linfática, especialidade que, por meio de massagens e drenagens, trabalha com a recuperação dos vasos linfáticos, auxiliando pessoas que sofrem, por exemplo, de graves inchaços de membros ou mulheres mastectomizadas.

Tereza Cristina Brant, de 41 anos, professora do Departamento de Fisioterapia da UFMG, também é uma desbravadora de técnicas. Seu interesse sempre foi Fisioterapia Respiratória, uma especialidade que socorre pacientes vítimas de bronquite, enfisema, pneumonia. Há cinco anos, Tereza Cristina fez curso com um especialista belga em técnicas para desobstrução de vias aéreas superiores, para tratamento de doenças como sinusite e otites. “O procedimento é ótimo para crianças e o mais interessante é que as mães aprendem a fazer a prevenção”, conta a fisioterapeuta, responsável pela implantação do serviço de Fisioterapia Respiratória em dois hospitais de Belo Horizonte.

Indivíduo em movimento

Segundo a coordenadora do Colegiado do curso, Ana Maria Sette Câmara, quem quiser trabalhar com Fisioterapia tem de gostar de lidar com gente, “em todas as suas nuances”. A profissão é relativamente nova, cerca de três décadas, e, na UFMG, a formação não é voltada para a doença. O olhar recai sobre o indivíduo e o movimento.

Quem são os fisioterapeutas e o que fazem?

São profissionais da área da saúde que têm como objeto de trabalho a disfunção do movimento humano. Trabalhamos em todos os níveis de atenção à saúde, desde a promoção até a reabilitação.

Foca Lisboa
MURILO aposta na Fisioterapia Preventiva

O mercado de trabalho é muito competitivo?

A Fisioterapia é uma profissão relativamente nova, com pouco mais de três décadas. Tem uma característica peculiar, porque, em Minas Gerais, durante cerca de 20 anos, só havia dois cursos. Nos últimos tempos, houve um estouro nessa área, pois surgiram, aproximadamente, 15 cursos novos. Isso, certamente, se refletirá no mercado de trabalho, pois, antes, eram em torno de cem formandos por ano e, hoje em dia, cada uma dessas instituições novas forma esse número. Na UFMG, 30 profissionais graduam-se todos os semestres. Não temos condições físicas nem recursos materiais e humanos para aumentar o número de vagas, porque isso implicaria perda de qualidade e entendemos que nosso diferencial está exatamente na alta qualidade do curso.

Pelo fato de a Fisioterapia ser uma especialidade de grande aplicação, os profissionais têm contato maior com outras profissões. Qual a importância da união desses profissionais com objetivos fisioterapêuticos?

Na UFMG, o curso nasceu na Escola de Educação Física, juntamente com a Terapia Ocupacional. Isso lhe dá uma característica diferenciada em relação aos outros que existem no Brasil, a maioria deles associados a cursos médicos. O nosso olhar sobre o objeto de trabalho não está na doença. Nosso enfoque é o indivíduo e o movimento. A nossa Escola tem três cursos que trabalham com movimento humano, cada um sob uma perspectiva: um olhar da função, outro da disfunção e um terceiro do esporte e do lazer, mas sempre o ser humano em movimento. Isso já nos dá convivência com olhares diferentes sobre o mesmo objeto de trabalho. Além do mais, estamos inseridos na Universidade e, por isso, temos aulas no Instituto de Ciências Biológicas, na Medicina e na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas. Nossos alunos transitam em vários espaços e percebe que a importância da convivência da profissão com outras profissões, o que facilita o entrosamento de equipes. Na formação do curso, ele aprende valores, habilidades e competências que são necessários ao profissional no atual mercado de trabalho, que exige flexibilidade.

Que tipo de habilidade é necessário para alguém que se interesse pela Fisioterapia?

Uma necessidade básica é gostar de pessoas. Quem pretende trabalhar com Fisioterapia tem que gostar de lidar com gente, em todas as suas nuances. Tem que gostar de estudar, da área das Biológicas e um pouco de Exatas também. E tem que ter habilidades exigidas de todos os profissionais hoje, como disposição para educação continuada e, também, conhecimento de Inglês Instrumental, pois usamos muitas publicações que não têm tradução em Português.