Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 2 - nº. 5 - Junho de 2004 - Edição Vestibular

Editorial

Entrevista
Por dentro da UFMG

Inclusão
Para todos

Assistência ao estudante
Uma mão lava a outra

Cultura
Território da arte

Ciências Agrárias
Engenharia Agronômica
Medicina Veterinária

Ciências Biológicas
Ciências Biológicas

Ciências da Saúde
Ciência da Nutrição
Educação Física
Enfermagem
Farmácia
Fisioterapia
Fonoaudiologia
Medicina
Odontologia
Terapia Ocupacional

Ciências Exatas e da Terra
Ciência da Computação
Ciências Atuariais
Estatística
Física
Geologia
Matemática
Matemática Computacional
Química

Engenharias
Engenharia Civil
Eng. Controle e Automação
Engenharia de Minas
Engenharia de Produção
Engenharia Elétrica
Engenharia Mecânica
Engenharia Metalúrgica
Engenharia Química

Ciências Humanas
Ciências Sociais
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Ciências Contábeis
Ciências Econômicas
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Direito
Geografia
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Lingüística, Letras e Artes
Artes Cênicas
Belas-Artes
Letras
Música

UFMG Diversa
Expediente

Outras edições

Cultura

Território da arte

Diversas expressões artísticas, diferentes espaços e formação de novos públicos são as principais marcas da ação cultural promovida pela UFMG

Foca Lisboa
Para WANDER LEE a Universidade contribui para a formação crítica do público

Todas as quartas-feiras, sempre às 12h30, alunos, professores, funcionários têm um encontro com a cultura e com as artes no campus Pampulha. Na Praça de Serviços ou no auditório da Reitoria, acontecem shows de música, de dança e de teatro. É um programa que faz da parte da agenda de jovens e de consagrados artistas e uma das muitas demonstrações de que a UFMG é um espaço privilegiado para a reflexão não apenas das expressões artísticas e culturais mas também de promoção de eventos nessa área.

Há muito tempo a Instituição tem esse papel de promotora das artes e da cultura, diz o professor Fabrício Fernandino, Diretor de Ação Cultural, mas houve um momento em que se percebeu que era necessário fazer uma espécie de “amarração” de tudo o que acontecia e que “pipocava” entre as mais diferentes Unidades. Foi com essa concepção que nasceu, há dois anos, a Diretoria de Ação Cultural, que não só abarcou atrações já consolidadas, como o Festival de Inverno, mas também apresentou novos projetos, revigorando e criando espaços. “Nossa produção cultural sempre foi muito intensa e agora ganhou mais visibilidade”, assinala Fabrício. Ele destaca como preocupação central dessa iniciativa a expansão de vez dos braços da UFMG por Belo Horizonte e, mesmo, por outras localidades, envolvendo novos públicos.

Foca Lisboa

CONSERVATÓRIO UFMG abre as portas para a música clássica e erudita

“Sinto que a Universidade está interferindo tanto nas opções de cultura na cidade quanto na formação crítica do público, porque possibilita aos jovens o contato com uma produção de qualidade e que nem sempre está disponível para o grande público”, avalia o músico e cantor Wander Lee, um dos participantes do projeto Quarta Doze e Trinta. Para ele, ao atender uma demanda cultural, a UFMG está contribuindo para a formação de uma opinião mais elaborada, porque menos pautada por imposições da mídia. “Lidamos com um público que poderá dizer e criticar amanhã o que as rádios vão tocar”, assinala.

O Quarta Doze e Trinta atrai tanto, lembra Wander Lee, que chega perto de “arrebentar a tampa”. “É incrível como no meio da correria do dia-a-dia, as pessoas param para assistir a um show e como isso pode fazer diferença na vida delas. Por isso, eu torço para que ações como a da UFMG se alastrem não só pelas universidades mas pelas empresas, pelos espaços públicos em geral”, diz ele. De acordo com o diretor de Ação Cultural, a intenção da ação cultural é realmente ampliar horizontes, fortalecendo-se como alternativa não apenas para artistas conhecidos como também para novas propostas.

Foca Lisboa
Atividades do CENTRO CULTURAL privilegiam a inclusão social

A inovação marca ponto em apresentações como a da Quik Cia de Dança, que se formou há apenas dois anos, mas já ganhou projeção, passando por várias cidades brasileiras. “Acho que a Universidade faz acontecer, porque mostra o que está sendo feito ao mesmo tempo que provoca uma discussão que favorece a arte”, afirma o bailarino e coreógrafo Rodrigo Quik. O primeiro espetáculo do grupo, “Rua”, foi mostrado no campus no final do ano passado, e Rodrigo tem a intenção de levar ali também o segundo, “Dos tornozelos à Alma”.

“Em Belo Horizonte, a estréia vai ser em agosto, num teatro, mas nós queremos estar em outros espaços como o da UFMG”, diz o coreógrafo, avaliando a experiência como especial. “Às vezes, a gente sente que as universidades, as faculdades estão desvinculadas do que surge no mundo das artes e isso não é nada bom. Um espetáculo no campus possibilita uma grande integração”, afirma. Um outro exemplo de integração entre o novo e o já consagrado aconteceu no Espaço Expositivo Reitoria, local onde a arte em vidro do italiano Mário Seguso ficou em evidência até julho. Seguso vive no Brasil há 50 anos, grande parte desse tempo em Poços de Caldas.

Fotos: Foca Lisboa
Vista interna do CENTRO CULTURAL UFMG

Seguso participa do mesmo programa que exibiu as obras de alunos da Escola de Belas-Artes, do escultor Amílcar de Castro (morto há um ano e meio) e do polonês Franz Krajberg. “Eu não sei até que ponto as universidades se movimentam culturalmente, mas sinto que tudo ainda é muito tímido e que falta uma ação mais forte de todo o Estado”, avalia Krajberg, para quem o Brasil e Minas Gerais estão muito carentes de cultura e arte. “A gente só ouve os governantes falarem em exportação e nunca em cultura”, reclama o artista, no Brasil há 57 anos, sempre aliando a arte às questões ambientais.

No Conservatório UFMG, prédio no centro da cidade, tombado pelo Patrimônio Histórico, e que, durante anos, abrigou a Escola de Música, também existe sala de exposições, mas é, ainda, a música que dá o tom dos eventos realizados na construção da década de 1930, restaurada há cerca de quatro anos. Desde então, o Conservatório UFMG abriu as portas para o lazer e a cultura e mantém uma série de eventos especialmente ligados à música clássica e erudita, com apresentações de artistas – entre outros, os pianistas Nélson Freire e Arnaldo Cohen e o violoncelista Antônio Meneses. “Nossa produção cultural é de extrema qualidade”, ressalta Fabrício, lembrando que a UFMG tem como compromisso compartilhar sua competência e suas possibilidades.

Por isso, a população, em Belo Horizonte ou no interior, é convidada especial de programas como o Domingo no Campus e as Jornadas Culturais. No primeiro, realizado uma vez por semestre, a UFMG é aberta a uma profusão de oficinas de artes, exposições, visitas orientadas ao Museu de Ciências Morfológicas (localizado no Instituto de Ciências Biológicas), passeio em trilhas na Estação Ecológica, festival de Ciências. “No último Domingo no Campus, em abril passado, cerca de cinco mil pessoas estiveram presentes”, destaca Fabrício. “A próxima empreitada desse evento será em setembro, quando acontece também a Jornada Cultural, na cidade de Santa Bárbara”.

Cultura no centro

Um outro lugar de intensa manifestação das artes na UFMG é o Centro Cultural, instalado na região central da cidade, em antigo prédio da Escola de Engenharia, também tombado pelo Patrimônio Histórico. Ali acontecem eventos de artes plásticas, teatro, exposições, etc., mas, a cada dia, é um local onde se consolida a política de promoção da cultura como um meio de fortalecimento da sociedade e uma forma de inclusão social. O Centro Cultural abriga projetos acadêmico-sociais, em parceria com outras instituições, que focam um público diverso, como jovens de regiões periféricas da cidade, grafiteiros, professores da rede pública. Os espaços de cultura, arte e lazer na UFMG são muitos mais e estão espalhados pela cidade e pelas Unidades da própria Instituição. São locais que a comunidade universitária divide com a população, comungando os princípios da integração, participação e inclusão social.

Fotos: Foca Lisboa
FABRÍCIO FERNANDINO salienta que a UFMG tem, há muito tempo, o papel de promotora das artes e da cultura
Oficina de Ecoturismo realizada durante o FESTIVAL DE INVERNO, que movimenta ruas e praças de Diamantina

Nas fronteiras da Chapada

As Jornadas Culturais são realizadas em municípios do interior, com o objetivo de atender a uma demanda local, ou seja, elas são montadas para atender às necessidades apontadas pelas próprias comunidades. Fabrício explica que existe, nesse programa, uma preocupação não só com o lazer mas também com a capacitação da população. Durante o dia, acontecem oficinas e, à noite, palestras sobre temas escolhidos pelas pessoas da localidade. As Jornadas podem ser definidas como uma versão simplificada do mais conhecido projeto cultural e de extensão da UFMG, o Festival de Inverno.

Em sua 36a edição, o Festival de Inverno acontece novamente em Diamantina, entre os dias 18 e 31 de julho deste ano, e significa um investimento de cerca de 600 mil reais, captados, na maior parte, por meio de patrocínios. Com o tema “Arte – fronteiras contemporâneas”, o evento vai dispor de 44 oficinas, que somam mais de mil vagas. “Queremos refletir sobre a arte contemporânea, sobre as novas formas de fazer, avançar nas discussões iniciadas no ano passado e, ainda, incentivar o diálogo entre as diferentes áreas do conhecimento”, assinala Fabrício. Mais do que nunca, o Festival de Inverno será, também, palco da diversidade artística do Brasil e de outros países, em especial da América Latina, e continentes.

Além dos estrangeiros palestrantes e responsáveis por oficinas, estarão presentes representantes do chamado Grupo Montevidéu, formado por professores e pesquisadores de universidades no continente. Essas participações atendem ao projeto de internacionalização da UFMG, enfatiza Fabrício, lembrando que a Instituição tem uma clara determinação, nos últimos anos, de se aprofundar na troca de conhecimento com universidades de vários lugares do mundo. O Festival de Inverno movimenta uma estrutura enorme da Universidade, envolvendo cerca de 60 professores e quase 300 funcionários. Também por isso, decidiu-se pelo formato de duas semanas. “Preferimos condensá-lo, dando maior densidade à programação. Avaliamos que duas semanas é um período mais favorável à participação”, justifica Fabrício.