Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 2 - nº. 5 - Junho de 2004 - Edição Vestibular

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Cotidiano como foco

Terapia Ocupacional

Sob cuidados de terapeutas ocupacionais, pacientes vislumbram novas possibilidades de intervir no próprio cotidiano

Ainda estudante, Giulianus Pablo Souza, de 28 anos, passou por tantas experiências diferentes que, quando se formou, não teve dúvidas sequer por onde começar a procurar emprego. A intenção era trabalhar com pacientes em tratamento psiquiátrico, o que ele faz atualmente em Belo Horizonte. Para Giulianus, os atendimentos realizados pelo terapeuta ocupacional, ajudando as pessoas a se relacionarem consigo mesmas e a interagir com o meio social, exigem do profissional uma grande persistência e determinação, além de domínio de técnicas que visam ao bem-estar do paciente.

Foca Lisboa
GIULIANUS trabalha para que as pessoas possam usufruir o direito à cidadania

Giulianus teve uma formação permeada pela prática. Durante dois anos e meio de estudos em Campinas, passou por diferentes estágios, trabalhando com deficientes físicos, em programas de reabilitação física, com crianças e adultos transplantados de medula óssea, com portadores do vírus da Aids, com pacientes do serviço de Hematologia e, também, da Enfermaria Geral. Na UFMG, onde terminou o curso, Giulianus passou por outros estágios, tratando de vítimas de acidente vascular cerebral e de traumatismo raquimedular, mas o que mais o atraiu foram as oportunidades junto a pacientes psiquiátricos.

Na clínica onde atua, Giulianus atende pacientes em regime de hospital-dia. Ele diz que o terapeuta ocupacional é responsável por uma meticulosa avaliação do paciente, o que faz em conjunto com outros profissionais, para traçar planos de tratamento que colaborem para a interação social da pessoa, o desenvolvimento da capacidade pessoal de organização do dia-a-dia.

Os resultados obtidos “são fantásticos”, assinala Giulianus, contando um caso com que vem lidando há cerca de um ano. Diagnosticado como portador de esquizofrenia paranóide, o paciente, de 37 anos, não saía normalmente de casa há 12 anos, devido a grandes dificuldades de interação social. Iniciou o tratamento estimulando o paciente a fazer pequenas atividades na vizinhança, com a qual foi se acostumando e este acabou percebendo que era possível a convivência com os outros sem grandes conflitos e inibições. Agora, diz Giulianus, esse paciente freqüenta academia de ginástica, realiza tarefas domésticas – como serviços de banco e compras – e está se preparando para fazer um concurso público.

Ainda jovem no momento da decisão profissional, Luciana de Souza Braga, de 22 anos, imaginou que seu trabalho seria fazer tricô com idosos, caso optasse pela Terapia Ocupacional. Para tornar as coisas mais claras, resolveu conhecer um pouco mais o curso na Semana de Iniciação Científica, promovida na própria UFMG. Gostou do que viu e tentou o Vestibular. No oitavo período, Luciana diz que a escolha “foi perfeita”.

Segundo a estudante, a Terapia Ocupacional preencheu totalmente suas expectativas e as experiências de estágios têm aumentado a certeza de que sua opção foi acertada. Como bolsita do Programa de Aprimoramento Discente, ela participou do projeto desenvolvido no bairro Lagoa, na periferia de Belo Horizonte, em conjunto com estudantes de outros cursos. Ali, os alunos realizaram estudos sobre a população atendida no centro de saúde e planejaram um programa de apoio, em que problemas como stress e hipertensão arterial, apontados pelos próprios moradores como prioridade, passaram a ser o foco. “Desenvolvemos dinâmicas e diferentes atividades para unir o grupo e discutir o assunto”, conta ela.

Atualmente no Serviço Residencial Terapêutico, mantido pela Prefeitura, Luciana está ainda mais próxima de sua futura profissão. Ela participa do atendimento prestado a ex-internos de manicômios que tentam voltar a ter uma rotina mais “normal” possível. “O terapeuta ocupacional intervém no cotidiano das pessoas, trabalhando para que elas recuperem a autonomia e a inserção social”, comenta.

Foca Lisboa

Cidadania com a força das mãos

O dia-a-dia é a matéria-prima da Terapia Ocupacional, cujos profissionais se atêm, especialmente, ao cotidiano das pessoas, como forma de contribuir para a inclusão social daquelas que tem comprometida a realização de atividades da vida diária – trabalho e lazer.

O terapeuta ocupacional, diz a professora Adriana Drumond, coordenadora do Colegiado de Graduação, é um profissional da área da Saúde e, nesse sentido, atua na promoção à saúde, na prevenção, no tratamento e na reabilitação.

De que forma a Terapia Ocupacional se integra às outras profissões da área de Saúde?

Já é consolidada a idéia de que a problemática do processo saúde/doença deve ser contemplada de diversos ângulos. A Terapia Ocupacional se insere num trabalho em equipe e atende qualquer pessoa que tenha, por questões motora, cognitiva ou psicossocial, dificuldades na realização de atividades da vida diária – trabalho ou brincar/lazer.

E onde atuam os profissionais?

Existem as áreas clássicas, em que a Terapia Ocupacional surgiu. A Reabilitação Física de Adulto, a Saúde Mental e a Psiquiatria e o Desenvolvimento Infantil são áreas consagradas de atuação do terapeuta ocupacional. Em função de diversos fatores internos e externos ao campo profissional, vão-se expandindo as áreas de atuação, em que se incluem Saúde do Trabalhador e Gerontologia.

Como o curso é estruturado?

Nosso currículo está em fase final de reforma e a previsão é de que seja implantado no primeiro semestre de 2005. A estrutura curricular vigente não nos retrata mais em relação às nossas aspirações, crenças, posturas e práticas profissionais. Atualmente o curso é de cinco anos, porém será reduzido a quatro. O novo currículo busca conferir uma visibilidade maior à atuação da Terapia Ocupacional desde o início do curso.

Que tipo de disciplinas o aluno encontra?

O currículo proposto inicia-se com disciplinas que enfocam a relação entre a Terapia Ocupacional e a sociedade, ancorando-se em disciplinas da área de Ciências Humanas. Posteriormente, são abordados conteúdos da área Biológica e da Saúde, que se relacionam com os conteúdos específicos, evitando-se a ruptura entre o Ciclo Básico e o Profissionalizante. A formação específica e complementar visa a formar um profissional generalista. Por fim, a conclusão do curso se dá com a realização de estágios em diversas áreas.