Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 2 - nº. 5 - Junho de 2004 - Edição Vestibular

Editorial

Entrevista
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Aqui, informação é fundamental

Biblioteconomia

Bibliotecário se inspira na alta velocidade das mudanças do mundo atual

Ao lidar diretamente com a guarda, o trato, a gestão e a disponibilização da informação, esse profissional corre junto com as inovações e não pode admitir ficar nem mesmo um passo atrás. Segundo a coordenadora do Colegiado de Graduação, professora Mônica Erichsen Nassif Borges, o bibliotecário mudou seu perfil nos últimos anos e as transformações foram tão rápidas, que até mesmo o mercado de trabalho ainda não tem consciência de toda a potencialidade desse profissional.

Que mudanças ocorreram no perfil desse profissional?

Ele deixou de ser um profissional puramente técnico. Passou a ter uma formação mais voltada para a gestão e ampliou o conhecimento em tecnologias da informação como ferramentas de trabalho. Agora, ele deve saber lidar com a tecnologia e ser um gestor das bibliotecas ou das unidades de informação em que trabalha. Além de dominar as técnicas de tratamento da informação e organização de coleções.

Gina Nogueira

Mudou a visão do papel do bibliotecário, a de que ele é um arquivista, um guardador de documentos?

A idéia de guardador, daquele que faz o registro das informações, é inerente à profissão. Entretanto, se discutia se essa característica levava a uma visão pejorativa do bibliotecário, de que o profissional só guarda, só protege os documentos. Mas isso mudou, uma nova percepção do profissional já está consolidada na carreira. É a de um profissional ágil, que sabe lidar com algo que está sempre mudando, que é a informação e que não só organiza os acervos, como possibilita o acesso fácil e rápido a eles.

Quais são as habilidades do bibliotecário?

Uma atividade básica do bibliotecário é saber tratar a informação, lidar com a questão dos conteúdos dos documentos, em qualquer formato ou de qualquer tipo, e saber disponibilizar esses conteúdos. Além disso, o bibliotecário tem a habilidade de ser o gestor de áreas ou setores que têm informação como foco de trabalho. Não precisa ser uma biblioteca, mas pode ser, por exemplo, um centro de documentação, um banco de dados, um portal corporativo.

Ao se transformar nesse facilitador do fluxo da informação, esses profissionais estão sendo requisitados por quem?

O maior empregador ainda é a biblioteca, principalmente de instituições públicas. Mas há bibliotecários trabalhando com as entidades do terceiro setor, realizando toda a parte de tratamento e disponibilização da informação. Temos, também, bibliotecários autônomos e empresários, que organizam acervos técnicos, a informação das Intranets, dos portais e dos sites das organizações de grande ou pequeno porte. Existem, ainda, aqueles que organizam acervos de juristas e de outros profissionais, por exemplo, médicos. E, é claro, um outro espaço de atuação é a docência.

O fato de vocês lidarem com informação sempre em transformação exige uma formação continuada maior do que em outros cursos?

Hoje, não há curso que não exija uma formação continuada. Os alunos sempre voltam, atraídos por disciplinas que não cursaram e buscam especialização em outras áreas. O bibliotecário é um profissional que não pode deixar de se atualizar, porque lida com recursos humanos, tecnologia da informação e gestão. Basta pensar que, no campo da tecnologia, temos, por exemplo, a novidade das bibliotecas digitais, assunto importante e tendência irreversível.

Final feliz

Por três vezes, Letícia Alves Vieira, de 29 anos, fez Vestibular para Direito. Na quarta vez, dividiu a tentativa com Biblioteconomia, na UFMG, e se surpreendeu com o segundo lugar na aprovação geral do curso. Como havia passado, também, em Direito, em outra Faculdade, a dúvida bateu. “Preferi Biblioteconomia, porque achei que o perfil do profissional combinava comigo”, conta. Agora, no sétimo período, o envolvimento com projetos de pesquisa mostra que a escolha foi acertada.

Ainda nos primeiros períodos, ela participou do Programa de Aprimoramento Discente, num projeto cujo norte eram as bibliotecas escolares estaduais. Seu trabalho foi sobre a leitura e a família. “A idéia era mostrar que a formação de leitores depende, também, do apoio da família”, assinala.

Atualmente, Letícia desenvolve projeto de Iniciação Científica, em que mapeia conceitos e terminologias na área de cultura digital. “Identificamos e estudamos conceitos como o de dinheiro eletrônico, o que ele quer dizer e como é utilizado”, assinala. A pretensão é a de que a pesquisa se transforme num dicionário especializado e, também, em um tesauro – instrumento utilizado pelos bibliotecários para a sistematização e a representação dos termos para indexação. “Sempre agradeço por ter trocado de curso no Vestibular”, afirma, fazendo planos para depois da formatura: “Vou fazer mestrado na área de letramento ou de competências informacionais.”

Foca Lisboa
MARLENE participou da criação do Carro-Biblioteca

De ponta a ponta

Em março passado, Maria Cesarina Vítor de Souza, de 56 anos, teve uma boa surpresa. Ela recebeu a Medalha de Mérito Industrial, dada pelo Sindicato da Fundição de Minas Gerais. Ela não é do ramo, mas o conhece bem. Seu conhecimento foi acumulado auxiliando técnicos do setor na busca especializada de informações. Há mais de 20 anos, Maria Cesarina é bibliotecária do Centro Tecnológico de Minas Gerais (Cetec), numa trajetória que lhe rendeu, mais do que prêmios, um papel ativo na consolidação de estudos e pesquisas. Quando assumiu o cargo no Cetec, Maria Cesarina vinha de experiências em bibliotecas escolares e na Biblioteca Pública. “O rumo mudou. Num centro de pesquisa, a informação é priorizada e a biblioteca especializada da área tecnológica tem que oferecer um grande suporte”, diz ela, destacando a necessidade de o bibliotecário ser uma pessoa extremamente ágil. “Seu público conta com isso e é muito interessante ver que os pesquisadores reconhecem que você poupa o tempo deles e agrega informações ao trabalho que estão fazendo”, avalia. Maria Cesarina afirma que, onde estiver, o bibliotecário será peça fundamental não só na identificação da informação mas também na sua difusão. O papel do bibliotecário, assegura, é exercido de ponta a ponta.

Foi com essa consciência que Marlene Edith de Rezende, de 55 anos, sempre trabalhou na área. Formada em 1983, ela começou carreira na UFMG, onde foi bibliotecária da, então, Escola de Biblioteconomia, agora de Ciência da Informação. Ali, Marlene assumiu o projeto que marcaria toda a sua carreira. Ela foi responsável pela implantação do Carro-Biblioteca, há anos transformado em ônibus. “Nós sempre participamos da vida das comunidades. Não íamos aos lugares apenas levando o carro, mas com a intenção de desenvolver um trabalho de incentivo à leitura com os moradores”, recorda.

Por diversas vezes, Marlene vivenciou resultados bastante concretos. No bairro de Sarzedo, em Ibirité, a comunidade se mobilizou e conseguiu construir sua própria biblioteca. “A relação com as bibliotecas públicas sempre foi muito gratificante para mim”, afirma Marlene, atualmente à frente de um projeto da Prefeitura de Belo Horizonte – o BH Lê –, em que permanece a idéia de estímulo à leitura a partir do fortalecimento dos espaços existentes.