Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 2 - nº. 5 - Junho de 2004 - Edição Vestibular

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Engenharia de Controle e Automação

Engenheiro de Controle e Automação equilibra processos e garante eficiência produtiva

“Foram várias noites fazendo trabalhos. Era difícil, mas sempre levei tudo como desafio”, lembra Eduardo Lery, de 24 anos, um dos formandos, no ano passado, em Engenharia de Controle e Automação. A empolgação com a profissão é latente e não sem razão. Ele é funcionário da Vallourec & Mannesmann, lidera um setor com mais de cem funcionários e colhe os frutos de muito esforço pessoal e de uma formação que o qualifica como excelente. “O curso é muito puxado, com muitas cobranças, mas acho que ele me deu toda a base necessária para que pudesse me virar sozinho como profissional”, afirma.

O emprego de Lery começou a ser conquistado quando, ainda estudante, foi realizar o projeto de final de curso na empresa, no setor de manutenção. Ele analisou e propôs o aperfeiçoamento do sistema de automação do processo de “apontamentos” de tubos produzidos pela siderúrgica. O projeto de Lery foi tão bem fundamentado, que a empresa decidiu acatar as recomendações. “Foi muito gratificante para mim”, assinala ele, lembrando que foi contratado e que, atualmente, trabalha com projetos de gestão de qualidade e controle de custos.

Foca Lisboa
Possibilidades do mercado de trabalho atraíram ANGELO

O engenheiro continua desenvolvendo pequenos projetos e deseja atuar na operação, talvez antes mesmo de terminar o mestrado que cursa em Controle de Processos Industriais, também na UFMG. “Vou tentar aplicar meu projeto de pesquisa também na V&C. Tenho tido muito apoio” relata.

Lery diz que a Engenharia de Controle e Automação é uma especialidade em ascensão. “É uma área que tende a crescer ainda mais com a globalização e as complexas relações de mercado”, avalia, ressaltando que as empresas estão cada vez mais preocupadas com a modernização de seus sistemas.

No décimo período do curso, Ângelo Luiz Grossi, de 23 anos, foi atraído pela Engenharia de Controle e Automação justamente pelas possibilidades de mercado. “Eu sabia que escolheria um curso de Exatas e tinha medo da saturação nas Engenharias. Conheci o curso e vi que a profissão se encaixaria em vários tipos de indústrias, além de outras áreas. Por isso, achei que o engenheiro de Controle e Automação teria mais chances profissionais.” Ângelo concorda que o curso exige muito do aluno e aconselha aos que vão entrar: “Procurem logo a Iniciação Científica”, o que fez quando estava no quinto período e foi trabalhar em projetos desenvolvidos no Laboratório de Controle de Processo.

Segundo ele, a pesquisa ajuda muito a definir a prática futura e aproxima alunos e professores. Antes de se dirigir à investigação científica, porém, Ângelo também fez estágio na Vallourec & Mannesmann Florestal, acompanhando o desenvolvimento de um software de monitoração de temperatura de fornos de carbonização. “É uma ferramenta de apoio à tomada de decisão, que, hoje, é feita mais com base na experiência dos trabalhadores”, explica. Seu projeto de final de curso será desenvolvido na siderúrgica. Ângelo destaca que o curso possibilita grandes investimentos em prática. “Fazemos muitas visitas técnicas e temos oportunidades de estágios, até mesmo em empresas do interior”, conta.

Profissional temperado

O dinamismo do mundo é paralisante para muitas pessoas, mas é exatamente o que impulsiona o profissional de Engenharia de Controle e Automação, que é responsável pela uniformidade e encadeamentro das ações produtivas. A coordenadora do Colegiado de Graduação do curso, professora Carmela Polito Braga, diz que o engenheiro com essa formação está principalmente na indústria, mas a cada dia faz avançar suas fronteiras profissinais.

Em momento de crise do emprego, o curso observa com satisfação que quase todos os seus egressos estão, hoje, com carteira assinada.

O que faz um engenheiro de controle e automação?

Ele é o responsável pelo projeto, execução e manutenção de sistemas que garantem que a produção seja uniforme, aconteça com determinado seqüenciamento de ações e siga o encadeamento dessas ações, inclusive as condições de segurança operacional dos equipamentos e dos operadores. Ele age na regulação das variáveis do processo, permitindo que o desenvolvimento do produto ocorra dentro das especificações definidas para ele. De maneira geral, o controle é necessário nos sistemas de produção exatamente porque os processos estão trabalhando sobre variações, sobre perturbações o tempo todo. O mundo é dinâmico, tudo está em movimento.

Qual seria um exemplo prático dessa atuação?

No forno de uma indústria qualquer, a temperatura poderia ser mantida constante se nenhuma perturbação ocorresse sobre ela. O engenheiro regularia uma quantidade de calor cedido e o forno manteria aquela temperatura interna. Mas por que essa temperatura varia? Porque a porta de entrada do forno é aberta para a colocação de material lá dentro ou a porta de saída se abre para a retirada desse material que foi aquecido. Correntes de ar frio entram e provocam alterações instantâneas na temperatura. É preciso um controle dessa temperatura e esse controle é tarefa do engenheiro de controle e automação. Mas há, também, a parte da automação. Para que o controle seja efetuado com sucesso automaticamente, é preciso que o sistema esteja automatizado, o que significa que as variáveis devem ser requisitadas automaticamente por sistemas de controle e podem ser monitoradas remotamente.

Foca Lisboa
EDUARDO teve seu projeto de final de curso incorporado por empresa

E qual é a área de atuação desses profissionais?

A indústria é o setor que dispõe de mais recursos financeiros para investir no controle e automação, mas temos outras áreas que demandam esse profissional – como a hospitalar, a predial, a residencial e a de escritórios. Para se ter uma idéia da diversidade possível, cito o exemplo de um aluno que desenvolveu um projeto de aplicação de técnicas de inteligência artificial a sistemas financeiros para fazer predição no mercado, em bolsa. O projeto foi muito bem-sucedido e ele trabalha em um banco.

Como essa aplicação é muito grande, essa diversidade se reflete no mercado de trabalho?

Nós já formamos três turmas. Dos 60 que entraram, formaram-se 52 e todos estão trabalhando ou fazendo mestrado. Até a segunda turma, havia apenas um aluno que não estava empregado. O índice de absorção no mercado tem sido muito bom.

O fato de o Brasil ser um grande importador de tecnologia interfere na atuação desse profissional?

Observamos que algumas soluções em termos de tecnologia vêm prontas, importadas. Mas o trabalho de integração dessa tecnologia no chão de fábrica necessita de um projeto desenvolvido por empresas de consultoria no país. São elas que absorvem a maioria dos profissionais.

Esse é um curso que precisa de muita prática?

Nós acreditamos muito no valor dessa formação aplicada, embora seja dado muito destaque à formação teórica básica, porque a tecnologia nessa área é um produto muito volátil, todo dia surge uma nova. Dessa maneira, a formação não pode ser baseada em produtos, em tecnologias. Queremos um aluno com uma formação teórica sólida para que tenha condições de acompanhar as inovações, sejam elas quais forem. Mas temos que fazer a ponte entre a teoria e a aplicação prática, senão o aluno sai daqui inseguro na hora de aplicar o conhecimento. Trabalhamos com laboratórios integradores, que mostram todos os processos. Outro momento forte é o projeto de final de curso, um estudo de engenharia desenvolvido para determinada empresa, com orientação acadêmica e supervisão de profissionais da companhia.