Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 2 - nº. 5 - Junho de 2004 - Edição Vestibular

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Química

Profissionais que lidam com a transformação da matéria, químicos enfrentam curso difícil, mas têm mercado de trabalho receptivo

Ao escolher a Química, o pensamento de Dayse Carvalho da Silva, de 20 anos, era se formar professora. Por isso, optou pela licenciatura. Porém, no segundo período do curso, os planos começaram a mudar, quando ela foi convidada a participar do grupo de pesquisa em Química Inorgânica. “Engajar-me no projeto foi muito bom, porque os alunos de licenciatura precisam saber que podem se envolver com pesquisa, que eles recebem formação para isso”, afirma.

Eber Faioli

No Laboratório de Química Inorgânica, Dayse tenta descobrir o que acontece no organismo quando o citrocromo P450, um catalisador natural presente na respiração, é modificado. Não é nada complicado como pode parecer, avisa ela, que se apaixona ainda mais pela Química à medida que o curso avança. “Não gosto de algumas matérias, mas reconheço que é preciso passar por elas”, observa, lembrando que a vontade inicial de ser professora permanece, mas, agora, acompanhada do desejo de seguir carreira, cursando mestrado e doutorado.

Faltando apenas um semestre para se formar, também Aline Carvalho Bueno, de 22 anos, prepara-se para o mestrado em Química. “Quero fazer a prova no início do ano que vem. Se não passar, continuo estudando, mas, aí, quero trabalhar”, diz ela, que trocou o bacharelado pela licenciatura pensando em garantir emprego logo após a formatura. A idéia de Aline é desenvolver seu projeto para o mestrado no mesmo laboratório que trabalha em Iniciação Científica desde o segundo período. Apesar de sua pesquisa estar, também, ligada ao grupo de Química Inorgânica, o trabalho de Aline segue linha diferente do de Dayse. Aline investiga as reações químicas no limoneno, um substrato encontrado na casca de limão, que pode ser utilizado na síntese de outros produtos. “O que acho muito legal é que podemos ver a aplicação direta da nossa pesquisa. O que estou fazendo poderá ser usado na sintetização de algum produto”, explica. Para ela, o curso de Química é bastante difícil e requer muita dedicação, “com horas e horas de estudo, mesmo nos finais de semana”. Porém, ressalva Aline, nenhuma dificuldade é instransponível. “Acho que depende da responsabilidade de cada um”, opina.

Durante todo o curso de Química, José Roberto Caetano Machado, de 39 anos, acreditou que iria se formar e faria direto o mestrado, já que sua intenção era seguir a carreira acadêmica, como o pai, professor do departamento de Química na UFMG. Da pós-graduação ele ainda não desistiu, mas, há oito anos, está envolvido com a indústria, como analista de produto e coordenador na área de emissões veiculares da Fiat Automóveis.

A primeira experiência profissional de José Roberto foi a que o levou para a indústria automobilística. No Centro Tecnológico de Minas Gerais (Cetec), ele trabalhou, durante dois anos, com um projeto de caracterização da cachaça mineira. O processo que utilizava para as análises é conhecido como cromatografia líquida, o mesmo que é aplicado, na Fiat, para identificação de substâncias poluentes no gás liberado pelo escapamento do veículo.

“Os engenheiros dependem do relatório químico para prosseguir ou refazer projetos”, destaca ele, apontando a importância do processo de integração entre os químicos e outros profissionais. Dessa integração, o químico Bruno Resende Debien, de 27 anos, também entende. No laboratório da Lake Field Geosol, ele não trabalha diretamente na indústria, mas voltado para ela. Debien realiza análise de amostras de rochas, minérios, solos ou, mesmo, água para empresas que necessitam conhecer em detalhe o material em que estão trabalhando, como mineradoras que querem saber, com precisão, a composição de determinado tipo de minério de ferro que pretendem explorar.

Em função do trabalho, conquistado três meses depois de se formar, no ano passado, Bruno também adiou a decisão de fazer mestrado. “Por enquanto, preciso mostrar serviço e, depois, conciliar o emprego com os estudos”, justifica.

Ex-aluno do bacharelado em Química na UFMG, Debien ressalta que nunca pensou em dar aulas para o Ensino Médio – uma das razões de não ter feito também licenciatura –, mesmo sabendo que o ensino é uma área que absorve os profissionais de Química facilmente. “Com o bacharelado, pode ser mais difícil ser empregado rapidamente, mas nunca me vi numa sala de aula”, diz. A busca pelo emprego, entretanto, o surpreendeu pela velocidade de colocação. “Estou gostando muito, mesmo tendo que enfrentar, às vezes, uma rotina”, diz ele.

Eu amo Química, Química

Foca Lisboa

No laboratório, ALINE investiga as reações químicas no limoneno

Não são poucos os que fazem coro com Renato Russo quando ele canta seu pavor diante da Química. Mas quem supera o preconceito percebe que a formação na área pode ser, além de prazerosa, um passo definitivo rumo a um emprego. “O mercado de ensino é muito grande”, atesta a coordenadora do Colegiado de Graduação, professora Amélia Maria Gomes do Val. Segundo ela, o curso da UFMG ainda não está flexibilizado e o aluno deve optar entre licenciatura ou bacharelado.

Nem sempre há clareza no que diz respeito à base de atuação dos químicos. Qual é o trabalho desse profissional?

Os químicos são profissionais que lidam com a transformação da matéria. Eles analisam as matérias-primas e produtos de origem mineral, vegetal ou animal e, por isso, estão em contato direto com a fabricação dos mais diversos materiais, desde os alimentos até os solventes. Trabalham avaliando as reações das substâncias quando são expostas a variações de temperatura, pressão, luz e outros fatores.

Qualquer pessoa sabe que os químicos podem dar aulas, mas é claro que o campo de atuação desses profissionais é mais amplo. Onde eles atuam?

Eles estão nas mais diferentes indústrias, já que, em quase todas elas, acontecem processos químicos e é necessário o controle das condições desses processos. Nas indústrias e em órgãos públicos, os químicos são, também, responsáveis pelo controle ambiental dos processos e dos rejeitos, pelo controle de qualidade. Trabalham na pesquisa, no desenvolvimento de materiais e de produtos – farmacêuticos, alimentícios, metalúrgicos e siderúrgicos, entre outros. A docência é responsável pela absorção de grande parte dos profissionais. Nessa área, a demanda é alta. O licenciado começa a trabalhar bem antes de se formar. Na falta de professor licenciado, cuja carência é alta, o aluno pode dar aula com um registro provisório, fornecido pelo Ministério da Educação. Os bacharéis trabalham, também, como autônomos, na área de consultoria, em firmas de pequenas manipulações ou com representação de empresas, atuando diretamente na assistência técnica e nas vendas de produtos químicos e equipamentos.

O curso forma mais bacharéis ou licenciados?

Licenciados. Um dos motivos é que o mercado de ensino é muito grande. Com a licenciatura, o profissional tem a certeza de que não ficará desempregado. O mercado de trabalho do bacharel, apesar de muito amplo, é mais suscetível aos problemas da economia.

Como funciona o curso?

O curso de Química ainda não está flexibilizado. No turno diurno, são oferecidos licenciatura e bacharelado e, à noite, é ofertada licenciatura. O tempo previsto para o estudante completar o curso diurno é de oito semestres, enquanto os estudantes noturnos precisam de um semestre a mais para integralizar o curso. Existe uma série de disciplinas comuns às duas modalidades, porque as diferenças começam apenas no quarto período. Na licenciatura, depois de assegurar sólido conhecimento em Química, o aluno dedica-se, também, às matérias de formação pedagógica. Já o bacharel encaminha os seus estudos de acordo com a área em que pretende atuar.