Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 2 - nº. 5 - Junho de 2004 - Edição Vestibular

Editorial

Entrevista
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Engenharia Mecânica

Curiosidade é o exercício constante dessa Engenharia que oferece ao estudante a chance de buscar o caminho de sua preferência

Vislumbrar e perseguir campos novos e interdisciplinares de atuação. Essa é a perspectiva do aluno da Engenharia Mecânica, segundo o subcoordenador do Colegiado de Graduação, professor Alexandre Mendes Abraão. Então, não se engane com velhas concepções. O engenheiro mecânico está ligado a indústrias automotivas sim, mas ao mesmo tempo, é peça fundamental no desenvolvimento de projetos de próteses artificiais para deficientes físicos, ou mesmo, para portadores de doenças cardíacas. Basta lembrar que o projeto brasileiro de desenvolvimento do coração artificial humano é obra de um engenheiro mecânico.

Foca Lisboa
Bolsista da Iniciação Científica, MARCELO desenvolve projeto na área de Usinagem

Das Engenharias, a Mecânica é a única que tem curso noturno. A estrutura é idêntica à do diurno?

Sim. Só que o tempo de integralização tem que ser maior. É de 11 semestres, enquanto o do diurno é de 10 semestres, isto porque o horário de aulas do curso diurno é maior (as aulas que começam às 7h30 podem ir até às 12 h). Já as aulas do curso noturno, por força de lei, não podem ultrapassar o horário de 22h35.

Quais são as funções do profissional de Engenharia Mecânica? O que ele faz?

A área de atuação envolve tudo que se relacione com o desenvolvimento de produtos e de projetos que envolvam dispositivos mecânicos, ou seja, que transmitam movimento, esforço. O engenheiro mecânico está ligado ao desenvolvimento de produtos bem simples até os mais elaborados, como um carro, uma aeronave ou um elevador. O profissional expandiu sua atuação e, também, trabalha na área de Eletrônica, pois existe uma mistura de equipamentos mecânicos e eletrônicos, como o videocassete, que é um exemplo clássico dessa junção. Temos, também, o engenheiro mecânico que trabalha na área da Bioengenharia, desenvolvendo órgãos artificiais e próteses – como um coração artificial. O campo de atuação é muito abrangente e ele não fica apenas no desenvolvimento dos produtos, estando presente na equipe que concebe, desenvolve e projeta equipamentos, dispositivos ou maquinários, e, também, nas etapas de construção e manutenção desses produtos.

Essa expansão da área da ciência significou mais desafios para o profissional?

Sem dúvida, porque isso tem reflexo direto no formato do curso. A estrutura da Engenharia Mecânica, hoje, é mais flexível. A formação atual é voltada para uma base sólida em Engenharia e uma complementação de acordo com a área de mercado em que o aluno tiver interesse em atuar. Por exemplo, a Bioengenharia é o resultado dessa prática, que levará o aluno a cursar disciplinas na Faculdade de Medicina e no Instituto de Ciências Biológicas. É uma área de expansão da Engenharia Mecânica e Belo Horizonte é pólo em desenvolvimento.

O curso já está flexibilizado?

Sim. A flexibilização ocorreu junto com a implantação do curso noturno, o único das Engenharias. Estamos formando a última turma do currículo antigo. E temos uma turma no oitavo período do currículo novo.

E a estrutura desse novo currículo? É com ênfases?

Primeiro, o aluno faz o Ciclo Fundamental, com disciplinas básicas da formação em Engenharia, como Física e Matemática. Depois, ele passa pelo Ciclo de Ciências Mecânicas, estudando sobre materiais, energia, etc. Em seguida, vem a formação específica. As trajetórias definidas são Engenharia Aeronáutica, Engenharia Automotiva, Energia e Utilidades, Manutenção, Mecatrônica e Projeto e Fabricação, Mecatrônica e Energia. Todavia o projeto pedagógico do curso permite uma definição ou reorganização de trajetórias, o que pode ser traduzido, por exemplo, como a saída de uma trajetória e a implementação de uma outra, de acordo com dinâmica e as demandas da comunidade acadêmica.

O mercado está pronto para absorver esse profissional?

Sim. E não só na área de Engenharia. Não interessa mais ao mercado aquele profissional que saiba somente de uma coisa, pois absorve profissionais com formação mais ampla, para trabalho em equipe, com diversas capacidades. Na verdade, a formação de engenheiro com um perfil interdisciplinar e mais humanista está em sintonia com a aspiração de diversos segmentos da engenharia e da sociedade. O código de ética do sistema Confea-CREA e as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Engenharia, definidas pelo Conselho Nacional de Educação, por exemplo, sinalizam nesse sentido.

Longa vida à indústria

Divulgação
GERALDO MAGELA (sentado, à esquerda): “Estamos bem além da manutenção”

É de olho no parque industrial brasileiro que Geraldo Magela de Azevedo, de 31 anos, trabalha. Formado há seis anos, ele está às voltas com o aumento do potencial de equipamentos de grande porte utilizados pela indústria siderúrgica, de mineração, petroquímica e de infra-estrutura portuária. O que interessa a Azevedo são equipamentos como empilhadeiras, tubulações industriais, carregadores de navios ou viradores de vagão. Ele integra a equipe mineira da Penta Consultoria, uma empresa carioca que analisa a integridade estrutural dos equipamentos, propondo mecanismos para o aumento da vida útil destes e melhorias de processos.

“É um trabalho de alto valor agregado e de 100% de Engenharia. Nós atuamos num campo bastante amplo, em, praticamente, todo tipo de indústria que possui grandes equipamentos, e auxiliamos empresários na tomada de decisão em relação a investimentos tecnológicos”, relata Azevedo. A dinâmica de Azevedo se divide em um monitoramento prévio dos equipamentos e em um trabalho detalhado de análise das condições desses aparelhos, seguida da apresentação de soluções. O parque industrial brasileiro tem, em média, 30 anos, e é natural que equipamentos de grande porte precisem desse tipo de suporte.

“Verificamos se os equipamentos têm condições de continuar funcionando e se podem sofrer alterações que vão melhorar sua utilização. Estamos bem além da manutenção”, explica Azevedo, lembrando que é contratado quando os empresários pretendem realizar investimentos ou o equipamento sofre algum acidente. O gosto pelo trabalho junto à indústria, Azevedo desenvolveu-o durante o curso na UFMG, quando aproveitou para fazer diferentes estágios e, também, para se envolver em projetos de pesquisa. Um desses estágios foi justamente na Penta Consultoria, conta ele.

Caminho semelhante está seguindo Marcelo da Mota Silva, aluno do oitavo período, que optou por Processo de Fabricação como trajetória. Além de estágio numa empresa retificadora, Marcelo se voltou para a pesquisa e, há sete meses, é bolsista de Iniciação Científica e desenvolve projeto na área de Usinagem. Ele tenta identificar parâmetros para fabricação de uma ferramenta utilizada na conformação de placas de aço. “Já tenho a ferramenta; o que procuro saber é quais são os melhores parâmetros de qualidade para ela”, assinala. Outra experiência vivida no curso, lembra Marcelo, foi como professor. Ele trabalhou em um curso promovido pela Prefeitura em parceria com a Engenharia Mecânica. Era um curso profissionalizante, recorda, em que os meninos com dificuldade socioeconômica aprendiam a lidar com processos de fabricação – como soldagem e torneamento.