Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 2 - nº. 5 - Junho de 2004 - Edição Vestibular

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Estatística

O Estatístico analisa criteriosamente a informação para as tomada de decisão nas mais diversas áreas do conhecimento

Na dúvida, Mariana Giboschi, de 22 anos, abandonou a escolha feita no primeiro Vestibular, prestado havia três anos, e ficou com a opção que lhe pareceu indicar um futuro mais seguro. “Juntei o útil ao agradável”, diz ela, lembrando da colega de cursinho que lhe falou sobre as facilidades de se arrumar emprego na área de Estatística. “Eu tinha tentado Economia, mas como sempre gostei muito de Matemática, achei que daria certo em outro curso que também dependesse dessa matéria.” Passados dois anos e meio, Mariana avisa: “Estatística é um curso em que pode ser fácil passar, porém é difícil sair. Todo mundo que fizer tem que saber que terá que estudar muito”.

Eber Faioli
Para MARIANA, versatilidade é a maior vantagem da Estatística

Enquanto não se rende às ofertas de estágios que, com freqüência, aparecem nos corredores do Instituto de Ciências Exatas (ICEx), Mariana aproveita as chances como bolsista da própria UFMG. No quarto período, ela estreou como monitora do curso. “Aprendi muito, mas a experiência me mostrou que não vou ser professora.” O que a inspira é a possibilidade de aplicação da Estatística e, por isso, no semestre passado, ela investiu na Extensão e virou bolsista junto à Comissão Permanente do Vestibular (Copeve). “Nós podemos trabalhar em áreas bastante distintas”, diz, apontando a versatilidade como a maior vantagem da Estatística.

Essa, também, foi uma característica do curso que pesou na escolha de Daniela Braga, de 20 anos. Aluna do quinto período, ela agiu de maneira rara. Visitou a Estatística antes de se inscrever no Vestibular e, numa conversa com a coordenadora do curso, obteve a certeza da opção. “Desde o início, gostei muito do curso, mas também vi que era mais difícil do que eu pensava”, conta. Daniela faz estágio, atualmente, no instituto de pesquisas Vox Populi. Antes, participou de dois projetos na mesma UFMG. Foi bolsista no Programa de Apoio ao Estudante e, também, de Iniciação Científica, num trabalho de pesquisa em comum com a Área Biológica.

Com tantas chances de contato com a profissão, Daniela começa a mudar de idéia quanto a uma futura atuação, sem duvidar da opção pela Estatística. “Achei que queria trabalhar na indústria, mas estou gostando muito da área de marketing.”

Também Mariana está convicta em relação à Estatística. Entretanto, admite que não foi fácil se adaptar às exigências do curso. “Tive que aprender a estudar. No princípio, só gostava mesmo da Matemática”, confessa.

As dificuldades de Mariana não foram maiores que a de muitos colegas. “Brincávamos que a Estatística era uma espécie de Big Brother, porque toda semana havia um desesperado que quase desistia”, diz, garantindo que está livre dessa ameaça. “Quando entramos para a Universidade, ninguém conhece muito bem o curso para o qual passou, mas tenho certeza de que vou me beneficiar muito da minha opção”.

A empresária Cristina Werkema, de 42 anos, desde muito cedo soube o que faria de sua vida profissional. Ainda estudante de Engenharia Química, ela decidiu que iria ser professora na UFMG. Estudante brilhante, com média de aprovação final no curso de 96,6 pontos, ela se preparou para os concursos e, em 1986, realizou seu sonho. “Eu ficava de olho nas áreas afins. Apareceu uma vaga na Estatística e me candidatei”, lembra ela. Durante 10 anos, Cristina fez parte do corpo docente da Instituição e, nesse meio tempo, tornou-se uma referência em análise estatística empresarial.

“Quando passei no concurso da Estatística, percebi que poderia fazer muito bem a ligação com a indústria, com o meu ramo de origem”, lembra Cristina, que buscou na pós-graduação a garantia de ampliação do conhecimento na área. Em 2000, ela deixou a sala de aula para montar sua própria empresa.

Fotos: Eber Faioli
Prefeituras, hospitais e institutos de pesquisa são alguns dos muitos lugares de trabalho do estatístico

Com nove livros publicados, Cristina não carrega nenhum sentimento de perda em relação à Engenharia Química. “O concurso na Estatística foi obra do destino e a melhor coisa que já me aconteceu”, diz. Para ela, ter-se graduado na Engenharia e amadurecido profissionalmente na Estatística refletem o leque de oportunidades que a profissão de estatístico possibilita. “Várias empresas dependem da Estatística como instrumento de trabalho. Por isso, o estatístico pode estar em lugares tão díspares como bancos e hospitais”, afirma.

Será que vai chover?

A Estatística é uma ciência com uma vantagem incrível sobre muitas outras, uma vez que é extremamente interdisciplinar. Ela se faz necessária para a melhor compreensão de fenômenos que podem ocorrer nas mais diversas áreas. Como instrumento, a Estatística auxilia nas tomadas racionais de decisão, pois torna possível a discriminação dos fatores que mais contribuem com alguma característica ou cenário em estudo. Dessa forma, a Estatística é essencial no delineamento de estratégias públicas ou privadas. Por isso, o estatístico tem à sua disposição uma gama de opções profissionais a seguir. Ele auxilia de cientistas a fazendeiros.

“É preciso saber que o estatístico deve ser uma pessoa aberta a colaborar com outros profissionais”, diz a coordenadora do curso, professora Cibele Queiróz, lembrando, também, que o candidato deve ter uma grande disposição para o estudo da Matemática e da Computação, duas ciências essenciais para a apreensão das diferentes técnicas e metodologias estatísticas.

Quando e onde as pessoas podem perceber a presença da Estatística?

A Estatística é uma área-meio que ajuda a entender outras áreas. Na natureza, dificilmente existem duas coisas iguais. Então, em praticamente tudo, existe a variabilidade. O papel da Estatística é, mediante técnicas, entender padrões de regularidade em meio à variabilidade. Embora a Estatística seja considerada por muitos um ramo da Matemática, dela difere bastante. Na Matemática, dois mais dois são quatro, mas, na Estatística, 3,8 pode não ser significativamente diferente de quatro. Em outras palavras, na abordagem de um problema real, os métodos estatísticos admitem uma certa margem de erro que é devida à inevitável variabilidade.

Em geral, os estudantes que optam pela Estatística têm uma idéia correta do objeto do curso que escolheram?

A maioria tem uma idéia muito vaga, porque a Estatística ainda é um pouco desconhecida dos brasileiros, o que não acontece nos Estados Unidos ou na Europa. Ao iniciar o curso, os estudantes são informados, por meio de palestras, que o estatístico pode atuar em muitas áreas, mas acabam se surpreendendo, ao longo do curso, com os recursos que essa ciência proporciona. Vão percebendo a presença da Estatística em inúmeros lugares que nem imaginavam. Entendem, por exemplo, que a Estatística tem um papel importante na construção de testes de paternidade. Percebem que, nesses testes, metodologias probabilísticas da Estatística são fundamentais no desenvolvimento dessa tecnologia.

A falta de conhecimento prévio da área provoca frustração?

No passado, tivemos problemas de retenção de alunos, mas mudanças na grade curricular os resolveram. Colocamos disciplinas da Estatística nos períodos do Básico, o que motiva, porque, desde cedo, os alunos começam a fazer análises de dados. Entretanto, o curso exige uma boa base matemática e computacional e isso pode assustar um pouco no início, mas grande parte dos alunos se adaptam a tais exigências. É preciso que os alunos entendam que, sem essa base teórica forte, não serão capazes de compreender os métodos da Estatística e aplicá-los de maneira crítica e sobretudo criativa.

A interação da Estatística com outras ciências é o ponto forte do curso?

Sem dúvida. Em áreas mais empíricas, em que a experimentação é essencial, a Estatística está sempre presente. Em algumas áreas, como a Agronomia, Pecuária, Medicina e Indústria, o uso da Estatística já está consagrado.