Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 2 - nº. 5 - Junho de 2004 - Edição Vestibular

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Ciências Econômicas

Incompreendido por leigos, Ciências Econômicas prepara profissionais fundamentais ao desenvolvimento

Aluno do sétimo período de Ciências Econômicas, Luigi de Magalhães Calvette, de 21 anos, já sabe o que pretende fazer num futuro bem próximo. Seus planos incluem um mestrado na área e o empenho para trabalhar no setor público. Na verdade, ele até já sabe o órgão que mais lhe interessa: o Banco Central. “Vai ser difícil, porque em qualquer concurso aparecem profissionais muito bem preparados, com mestrado e até doutorado no currículo”, avalia, sem desanimar. Para Luigi, os anos dedicados inteiramente à Faculdade, onde tem tido a oportunidade de se envolver com pesquisa, também lhe dão boas chances. “Como tenho Bolsa de Pesquisa e posso ficar estudando o tempo todo, no geral, estou conquistando, também um bom preparo para qualquer disputa”, afirma.

Eber Faioli
Banco Central está na mira do estudante LUIGI

Quando terminou o Ensino Médio, Luigi pretendia estudar Comércio Exterior. Como o curso não era oferecido na UFMG, pensou que a ponte mais próxima seriam as Ciências Econômicas. “Acabei descobrindo que Comércio Exterior é apenas uma área da Economia e, hoje, nem quero mais me especializar nela”, avisa. Sua trajetória está sendo definida por estudos e pesquisas em História Econômica. Mas, antes de se voltar totalmente para a pesquisa, ele participou da UFMG Consultoria Júnior, a empresa júnior, controlada por alunos que prestam serviço à comunidade, da Faculdade de Ciências Econômicas. “Sem dúvida, é uma experiência muito boa, que dá noção do que será o mercado de trabalho sem ter que, necessariamente, ir ao mercado”, explica.

Foi já no mercado de trabalho que o economista Christian Souza encontrou sua vocação profissional. Há dois anos foi selecionado para trabalhar no Instituto Euvaldo Lodi (IEL), da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), com Arranjos Produtivos Locais, os chamados APLs ou clusters, que estão sob os holofotes da Economia em diferentes lugares do mundo. No Brasil, apesar de experiências conhecidas, só agora eles ganharam força. Um APL é resultado de um modelo de desenvolvimento que privilegia o fortalecimento de cadeias produtivas em uma determinada localização e que se baseia num princípio de forte cooperação entre as partes envolvidas.

Christian interfere nas ações do Instituto voltadas para os setores de Biotecnologia, na região metropolitana de Belo Horizonte; de móveis, em Ubá; e de confecções, na cidade de São João Nepomuceno. Um APL só se faz com a formação de uma rede solidária entre os diferentes interessados no processo e Christian é um dos articuladores dessa rede, que envolve representantes da comunidade, de empresários, de entidades sindicais, de associações e cooperativas de trabalhadores, do Poder Público, de órgãos de apoio e fomento, etc. “Me sinto um indutor do desenvolvimento no meu país”, avalia.

O desenvolvimento de um APL requer um conhecimento bastante amplo do setor envolvido e, também, uma atenção permanente ao que está acontecendo na economia tanto nacional quanto mundial. A integração dos mercados, lembra Christian, aproximou economias muito díspares e o economista precisa estar preparado para compreender tais movimentos. Para isso, a leitura em busca de uma constante atualização de informação é uma exigência permanente para o profissional. Antes de trabalhar no IEL, Christian fez mestrado no Centro de Desenvolvimento em Planejamento Regional (Cedeplar), da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG, analisando a interação entre as economias de São Paulo e Minas Gerais. Agora, ele sente a necessidade de fazer o doutorado e ressalva que não é só pelo conhecimento adquirido, mas porque a Economia é um campo muito competitivo. “E também existe um preconceito grande em relação aos jovens profissionais”, assegura.

Matemática com força

Não tenha dúvida. Se você optar por Ciências Econômicas, vai encarar um curso pesado em Matemática, Estatística, História Econômica e Macro e Microeconomia, entre outros. Isso para que tenha condições de entender as diversas dinâmicas que provocam desenvolvimento ou atraso. Segundo o coordenador da graduação, professor William Ricardo de Sá, a UFMG prepara profissionais que entendem as possibilidades da economia e podem desenhar soluções para graves problemas da área, a um custo mínimo para a sociedade.

Eber Faioli
CHRISTIAN: “Me sinto um indutor do desenvolvimento no meu país”

O economista é responsável pelos problemas do país?

Os economistas são profissionais equipados para imaginar boas soluções, o que não quer dizer que eles tenham condições de implementá-las. A instrumentação das saídas normalmente passa, em maior medida, pela possibilidade política. Em geral, sabe-se o que fazer; a dificuldade está em como fazer.

O mundo, com as relações globalizadas e mais complexas das últimas décadas, é uma dificuldade concreta para os economistas ou, de certa forma, a ciência dá conta de resolver a equação gerada por essa complexidade?

Em termos do entendimento dos problemas, não há nenhuma dificuldade adicional. Segundo os cânones da formação do economista, é fácil compreender a direção tomada pelo mundo nos últimos anos. A dificuldade está na ação e na prática dos governos para sair de certos problemas. Os governantes têm um grau de liberdade menor que anos atrás, tanto para fazer o que deve ser feito, como para fazer bobagem em termos de gestão econômica, o que até diminuiu mais, porque o mercado, hoje, pune muito severa e rapidamente governos que cometem equívocos evidentes. Em termos de entendimento da dinâmica do que está acontecendo, qualquer economista com boa formação tem condições de acompanhar esses processos com facilidade.

Como esse profissional, hoje tão exigido e tão questionado pela sociedade, pode atender às expectativas quanto à atuação dele?

Tentando fazer direito o que é específico ao trabalho do economista, ou seja, entender, no limite das possibilidades da área, os problemas que estão ocorrendo e tentar desenhar soluções à altura. Não mais que isso. A cobrança exagerada, muitas vezes, é equivocada. Cobram-se, às vezes, soluções que não são encaminhadas por falta de condições políticas e não, por falta de desenho técnico. Ao economista cabe tentar entender, de fato, o que acontece e propor saídas que são internacionalmente testadas e verificadas como mais interessantes, que criam, no limite, um custo mínimo para a sociedade.

Como está estruturado o curso de Ciências Econômicas?

No Brasil, está cada vez mais forte a formação do economista nos requisitos quantitativos – Matemática, Estatística e Econometria, um ramo da Estatística que trata da previsão, do tratamento e da análise de problemas estritamente econômicos. Em segundo lugar, temos uma formação forte em teoria econômica stricto sensu: teoria, no nível macroeconômico, que trata dos problemas no nível da sociedade, da economia internacional ou nacional e, no nível microeconômico, que analisa a lógica econômica quando aplicada a fenômenos específicos – como o mercado de determinado produto, o comportamento esperado do consumidor típico.

Além disso, o aluno recebe formação na parte de História Econômica, de Economia Brasileira, de História do Pensamento Econômico e de Metodologia de Pesquisa em Economia. Essa é a formação obrigatória. O curso abre-se, ainda, para diversas possibilidades de formação optativa. O aluno que tem, por exemplo, mais afinidade com o debate sobre economia de empresas tem possibilidade de fazer optativas nessa área. Outras áreas são Economia de Setor Público, Economia Social (que trata do emprego, das condições de trabalho), Economia da Saúde, Economia Política e História Econômica. Há, também, um conteúdo de Economia Marxista no curso e um núcleo optativo em Economia Regional e Desenvolvimento Econômico.

Com tais características no curso, onde os economistas vão trabalhar?

Os profissionais estão no setor público, em entidades do terceiro setor e nas empresas, lidando com finanças, planejamento, fazendo avaliação e análise de projetos.