Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 2 - nº. 5 - Junho de 2004 - Edição Vestibular

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Dois em um

Matemática Computacional

Ter afinidade com a Matemática e a Computação é condição básica para quem pretende desbravar essa profissão ainda pouco conhecida

Foca Lisboa
ALEXANDRE enxerga muitas possibilidades no mercado de trabalho

Neste semestre, Alexandre Marinho, de 21 anos, aluno do sétimo período da Matemática Computacional, decidiu fazer três disciplinas oferecidas no mestrado da Engenharia de Produção, da Ciência da Computação e da Matemática. “Nós somos muito bem recebidos nos outros cursos e acho que é por causa da base que recebemos”, justifica Marinho, para quem o curso que escolheu tem um alto nível de exigência, mas é extremamente estimulante.

Uma das perspectivas de Marinho é a de se aprofundar em Engenharia de Minas, área onde atua como estagiário numa empresa canadense de softwares em mineração. “O que sinto é que já estou entrando no mercado de trabalho, porque tenho, inclusive, recebido propostas”, diz. Essa é, para ele, uma vantagem do curso. Ao contrário do que muitos pensam sobre a Matemática Computacional, Marinho acredita que não terá dificuldade em trabalhar na profissão fora da academia. “Hoje em dia, qualquer área, de uma grande indústria a uma granja, tem demanda por um matemático computacional”, diz ele, explicando que lidar com computador e com cálculos matemáticos é a essência do curso. Mas é um engano pensar que esse profissional atende a quem se interessa somente pela Matemática ou apenas pela Ciência da Computação.

Ter afinidade com as duas áreas, afirma Marinho, é fundamental, porém a Matemática Computacional sugere uma aplicação muito diferente das duas outras ciências. “Nós utilizamos o computador para soluções de problemas matemáticos que vão ter uma aplicação direta”, acentua, “o que é diferente de desenvolver aplicativos da computação ou se aprofundar em questões matemáticas que podem nunca ter um fim.” Para Marinho, a Matemática Computacional está produzindo um novo profissional que, ao se adaptar a diferentes áreas, poderá trabalhar associado a diversas ciências, como Biologia, Economia, Estatística ou, mesmo, Matemática e Computação. Isso não quer dizer, ressalva, que a Matemática Computacional cria uma dependência em relação a especializações.

Foi preciso coragem e abandonar dois cursos para que Wesley Mota Araújo, de 25 anos, se encontrasse profissionalmente. O lado perfeito da história é que ele está totalmente satisfeito como matemático computacional. A Matemática Computacional o atraiu na terceira escolha, bem como, mais ainda, a possibilidade de aplicá-la num contexto empresarial. Pouco depois de um ano de formado, Wesley trabalha numa empresa de consultoria sobre exploração mineral e está descobrindo o quanto seus conhecimentos empolgam um mercado que ainda tem muito para ser desbravado.

Na Geoexplorer Consultoria e Serviço, Wesley lida com sistemas de informações geográficas – (SIG ou GIZ). A empresa atende a demandas de mineradoras que precisam conhecer com detalhes. Wesley transforma informações de planilhas, produzidas por geólogos e outros profissionais, em mapas, tabelas, gráficos, com recursos computacionais, que agregam mais dados, gerados a partir de combinações matemáticas. Ou seja, informações simples ou complexas são multiplicadas em outras e passam a ser visualizadas, espacialmente, em até 3D, ganhando um novo aspecto e uma utilização mais aplicada.

Eber Faioli
WESLEY omitiza informações e contribui na tomada de decisões nos negócios da empresa

Uma das funções de Wesley é exatamente a de “otimizar” as informações, trabalhando muitas variáveis ao mesmo tempo e encontrando a melhor solução para tomadas de decisão nos negócios. Imagine o caso de uma mineradora envolvida com a procura de ouro numa determinada área, que sugere diferentes possibilidades de exploração. Com dados concretos da Geologia, da Economia, da Estatística, da empresa, etc., Wesley consegue projetar caminhos e apresentar o mais viável, de acordo com uma conjunção de fatores. Assim como a Matemática Computacional se aplica perfeitamente na solução de problemas como esse, destaca Wesley, muitas outras áreas podem se utilizar desse tipo de conhecimento, como o Setor de Telecomunicações, Biotecnologia e outras tantas produções industriais.

Entretanto, Wesley lembra que o mercado não tem a noção correta do que pode um matemático computacional e, portanto, resta a esse profissional mostrar-se. “Temos uma formação excelente na UFMG, mas é preciso desenvolver o perfil do profissional atuante”, diz ele. Durante o curso, Wesley participou de um grupo de pesquisa que discutia exatamente os caminhos da prática profissional.

Mão dupla

Desenvolver ferramentas para estudar modelos matemáticos estritamente ligados à computação é uma das principais características desse curso, que forma um profissional capaz de se adaptar a diferentes áreas. A coordenadora do Colegiado do Curso, Márcia Maria Fusaro Pinto, ressalta alguns pontos que envolvem a Matemática Computacional.

Qual a diferença entre o curso de Matemática e o de Matemática Computacional?

O curso de Matemática não se articula, obrigatoriamente, com a questão do uso dos recursos que a Computação oferece para resolver problemas. A Matemática Computacional vai articular, prioritariamente, essas duas visões, a de Matemática e a da Computação.

E qual a diferença entre a Matemática Computacional e a Ciência da Computação?

Na Ciência da Computação, o profissional não usa obrigatoriamente os recursos que a Matemática oferece para resolução de problemas. A perspectiva desse profissional é mais a da computação em si, embora ele tenha conhecimentos da ciência da Matemática. Do profissional da Matemática Computacional, será exigida uma fundamentação mais profunda que a requerida de um profissional da área da Computação.

Rita da Glória

Na prática, esse conhecimento do profissional da Matemática Computacional se aplica onde? No desenvolvimento de software, por exemplo, é muito mais necessário que se tenha um conhecimento de Computação ou de Matemática? Como se equilibram essas duas áreas num produto?

Isso dependerá muito do tipo de software. Acredito que uma pessoa da Ciência da Computação esteja apta a desenvolver qualquer software. O matemático computacional, entretanto, será capaz de desenvolver ferramentas para estudar modelos matemáticos estritamente ligados à Computação. Temos uma mão dupla nessa questão. A fundamentação matemática do matemático computacional o capacitará a desenvolver ferramentas para, por exemplo, a produção de software de uma maneira diferente. Por outro lado, a visão da Computação o ajudará a resolver problemas matemáticos também de uma maneira diferente.

Onde estão trabalhando os matemáticos computacionais? E como é o mercado de trabalho?

O matemático computacional pode trabalhar em empresas emdiferentes áreas das ciências, como Exatas, Biológicas, Agrárias, Sociais Aplicadas. Ele pode, também, estar em instituições financeiras, em empresas geradoras de tecnologia e em instituições de pesquisa. O profissional trabalhará, por exemplo, com softwares educacionais ou de uso para a Biotecnologia; é capaz de atuar no desenvolvimento de algoritmos, de simulação, de métodos numéricos para estudar quaisquer modelos matemáticos de fenômenos em quaisquer áreas de ciência e de tecnologia. Existe um mercado de trabalho novo, por isso é preciso, também, desbravá-lo, pois aplicação para a essa ciência não falta. É certo que o desenvolvimento tecnológico do país depende de profissionais com esse perfil.

O curso já nasceu flexibilizado?

Sim, ele foi concebido de maneira a ter uma flexibilização bem grande no currículo. Os alunos direcionam o currículo, escolhendo as matérias de seu interesse. Tem uma concepção bastante moderna em termos de flexibilização curricular e de composição individual do currículo, pois tem um número grande de disciplinas optativas. Dessa maneira, os alunos podem se direcionar para áreas diversas – como Economia, Biologia Matemática, Física, Computação Algébrica e Criptografia e Computação Gráfica, entre outros.