Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 2 - nº. 5 - Junho de 2004 - Edição Vestibular

Editorial

Entrevista
Por dentro da UFMG

Inclusão
Para todos

Assistência ao estudante
Uma mão lava a outra

Cultura
Território da arte

Ciências Agrárias
Engenharia Agronômica
Medicina Veterinária

Ciências Biológicas
Ciências Biológicas

Ciências da Saúde
Ciência da Nutrição
Educação Física
Enfermagem
Farmácia
Fisioterapia
Fonoaudiologia
Medicina
Odontologia
Terapia Ocupacional

Ciências Exatas e da Terra
Ciência da Computação
Ciências Atuariais
Estatística
Física
Geologia
Matemática
Matemática Computacional
Química

Engenharias
Engenharia Civil
Eng. Controle e Automação
Engenharia de Minas
Engenharia de Produção
Engenharia Elétrica
Engenharia Mecânica
Engenharia Metalúrgica
Engenharia Química

Ciências Humanas
Ciências Sociais
Filosofia
História
Pedagogia
Psicologia

Ciências Sociais Aplicadas
Administração
Arquitetura e Urbanismo
Biblioteconomia
Ciências Contábeis
Ciências Econômicas
Comunicação Social
Direito
Geografia
Turismo

Lingüística, Letras e Artes
Artes Cênicas
Belas-Artes
Letras
Música

UFMG Diversa
Expediente

Outras edições

Em todas as escalas

Arquitetura e Urbanismo

O arquiteto urbanista se preocupa essencialmente com as relações entre o ambiente e a qualidade de vida

O profissional atua na organização do espaço público, na execução de políticas públicas voltadas para as questões urbanas e no espaço privado, dando vida a projetos de edificações. Durante muito tempo, o setor público era o grande mercado dos arquitetos no Brasil, mas isso mudou, avisa o coordenador do Colegiado de Graduação da Arquitetura, professor César Gualtieri.

Eber Faioli

Qual a área de atuação do arquiteto?

Desde a Antiguidade, o arquiteto é o profissional que cuida do hábitat humano. Ele planeja desde o habitar mínimo – a unidade residencial – até a cidade. Ele cuida de todos os aspectos que envolvem a convivência na cidade.

Ele é um profissional ligado essencialmente ao planejamento?

Não só ao planejamento, mas à execução desse planejamento, quer na escala da habitação, quer na escala da cidade. Em Belo Horizonte, por exemplo, todos os órgãos de planejamento ligados à qualidade de vida urbana contam com arquitetos ou são coordenados por eles – temos profissionais cuidando do tráfego da cidade, do patrimônio histórico, do meio ambiente, etc. Além disso, o arquiteto atua diretamente na construção civil, onde sua presença é mais conhecida.

Em que medida o trabalho do arquiteto pode se confundir com o do engenheiro civil?

O único país do mundo em que se confundem essas profissões, por problemas de tradição e de cultura, é o Brasil. Na área de execução da edificação, o engenheiro civil tem atribuição igual à do arquiteto. Ele é responsável técnico por uma obra, como o arquiteto também pode ser. Em outros países, o arquiteto é o único responsável pelas edificações, cabendo ao engenheiro civil construções de outra natureza, o que chamamos de obra de arte, que são as estradas, pontes, viadutos, portos, etc.

A formação em Arquitetura é baseada essencialmente nas Ciências Exatas ou nas Humanas?

A formação do arquiteto se dá em diferentes áreas. Na área de Exatas, pois temos a atribuição da construção e do cálculo estrutural e de fundação dessa edificação. Na área de Ciências Sociais e Humanas, porque trabalhamos com a psicologia da forma, com a história da evolução do pensamento arquitetônico, das artes e das cidades. Temos uma formação de análise crítica e filosófica, contamos com a Sociologia Urbana e com Direito Urbano e temos, é claro, uma linha específica dos projetos de Arquitetura.

No interior do Brasil, a Arquitetura chegou na forma de planejamento ou o crescimento das cidades continua desordenado?

Continuamos crescendo desordenadamente. Na Escola de Arquitetura, temos o programa de Internato Rural, que levará o aluno, por meio de convênio com as prefeituras, para junto da comunidade e que visa a contribuir para a mudança dessa realidade e para ampliação da atuação do profissional. O primeiro convênio está sendo feito com a Prefeitura de Cataguases. No início, o Internato será voluntário, mas nossa intenção é torná-lo obrigatório no curso. Qualquer cidade com população acima de 20 mil habitantes, desde a Constituição de 1988, é obrigada a ter um Plano Diretor, porém isso ficou como letra morta; muitos prefeitos nem sabem do que trata um Plano Diretor. O arquiteto, com sua função de urbanista, tem papel essencial na transformação dessa situação.

Refletir para preservar

No Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo (Emau), Pedro Schultz, de 20 anos, aluno do sétimo período, trabalha, como bolsista, para estimular, na sociedade e, também, entre os próprios colegas de curso, uma consciência da função social da Arquitetura. Voltado para a realização de projetos para comunidades carentes, o Emau funciona com a participação de professores e alunos que interagem na busca de uma prática que combina a reflexão e a experiência.

Eber Faioli
PEDRO investe na arquitetura voltada para as camadas populares

A equipe do Emau mostrará a base da construção popular em Belo Horizonte, identificando os modelos de edificações, os materiais mais usados, as características em geral dos imóveis. Pedro está envolvido, principalmente, com o incentivo ao debate das informações coletadas, por meio de palestras de profissionais e, também, de atividades práticas, como a ida dos alunos aos canteiros de obras. É uma experiência recente, diz ele, mas muito atraente, porque o Emau abre as portas para uma prática que visa a ampliar os rumos de atuação na Arquitetura. “Quando trabalhamos com camadas populares, podemos mostrar como um arquiteto é útil, inclusive para a economia das construções”, assinala.

A cidade também conquistou o olhar e o trabalho do arquiteto Teodoro Magni, de 43 anos, que definiu seu rumo profissional depois de uma longa temporada na Itália. Quando voltou para o Brasil, em 1994, depois de quatro anos em Milão, ele enfrentou um concurso público e batalhou para atuar junto aos órgãos de preservação do patrimônio histórico de Belo Horizonte. “Quando me formei, a Escola de Arquitetura não dava muita importância a essa questão de preservação, mas eu já me interessava pelo assunto. Na Itália, vi os arquitetos muito presentes nessa área e como não tinham os olhos voltados apenas para o novo projeto, mas sempre levavam em conta o existente”, destaca Magni.

Eber Faioli
TEODORO desbravou o mercado de preservação do patrimônio

Para ele, a cultura da preservação do patrimônio não era algo muito valorizado quando se formou. Mas afirma que esse é um mercado que se abre cada vez mais, pois o Poder Público e, também, a população têm demonstrado uma maior conscientização da necessidade da preservação. “Apesar de que a relação entre o interesse do Poder Público e o dos proprietários de imóveis tombados ainda é bastante conflitante”, ressalva.

Magni pertence à equipe da Gerência de Patrimônio Histórico e Urbano, órgão municipal que cuida da política de preservação na cidade. Os arquitetos que ali trabalham dão suporte aos projetos que executarão, na prática, tal política. Ele, por exemplo, participa de levantamentos históricos e arquitetônicos sobre conjuntos ou edificações que têm, para a cidade, interesse de preservação. Uma outra equipe de arquitetos trabalha no mesmo órgão, no Ateliê de Acompanhamento, executando projetos de reforma dos imóveis tombados, que são oferecidos gratuitamente a proprietários interessados na recuperação. “É um trabalho minucioso, que depende de um envolvimento grande do profissional, porque lidamos com detalhes, com história e, também, com uma mudança cultural”, assinala Magni.