Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 2 - nº. 5 - Junho de 2004 - Edição Vestibular

Editorial

Entrevista
Por dentro da UFMG

Inclusão
Para todos

Assistência ao estudante
Uma mão lava a outra

Cultura
Território da arte

Ciências Agrárias
Engenharia Agronômica
Medicina Veterinária

Ciências Biológicas
Ciências Biológicas

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Medicina
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Ciências Exatas e da Terra
Ciência da Computação
Ciências Atuariais
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Física
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Matemática Computacional
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Engenharia Metalúrgica
Engenharia Química

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UFMG Diversa
Expediente

Outras edições

Sair para ver o mundo

Turismo

Profissional cria condições para o turismo sustentável, planejado para a satisfação dos visitantes e valorização da comunidade

Os anos passados na Escola Técnica de Formação Gerencial do Sebrae deram a Tiago Drumond, de 21 anos, a base que ele está utilizando como presidente da recém-criada Território Empresa Júnior de Turismo da UFMG. O estranho é que, quando ele fez Vestibular para Turismo, estava justamente querendo fugir de atividades que o ligassem à administração. “Hoje, vejo que os conhecimentos que tive é que me trouxeram para a empresa, onde nós, alunos, vamos poder ter contatos importantes com o mercado de trabalho”, assinala ele.

Eber Faioli
TIAGO exercita perfil empreendedor na empresa júnior

Estudante do quinto período, Tiago lembra que escolheu Turismo com base nas referências de um turista. “Me surpreendi, porque, agora, me vejo como um planejador e nem quando viajo a passeio me comporto mais como turista”, afirma. Tornou-se uma rotina de descobertas para ele enxergar o meio ambiente, a arquitetura, as tradições de um lugar, as práticas de um povo. “Quando vou a qualquer lugar, sempre tenho uma percepção do todo e tento extrair dele os detalhes”, diz, lembrando que uma das vantagens do curso é dar a opção de atuar em diversas áreas do Turismo, do planejamento aos negócios, mas com uma visão voltada para a integração entre o meio ambiente e o homem. “Não pensamos em atividades isoladas, que não fazem sentido num projeto de desenvolvimento sustentável das localidades”, aponta o estudante.

Segundo ele, o Turismo mantém grande afinidade com a Geografia. “Analisamos o turismo como fenômeno geográfico, como algo que acontece num determinado lugar, e, por isso, as condições e características do lugar não podem ser desconsideradas”, ensina. Tiago decidiu que seguirá no curso a ênfase em Planejamento Integrado de Turismo, porém ressalta que a presença na empresa júnior é a oportunidade que tem de exercitar o espírito empreendedor.

Turismo ainda era um curso pouco conhecido quando Flávio Vitarelli, de 40 anos, resolveu cursá-lo, ao mesmo tempo que fazia Comunicação Social, ambos numa faculdade em Belo Horizonte. A dupla opção foi extremamente importante para sua atividade principal, que, ao contrário do que pensava, acabou sendo a de turismólogo.

A imersão profissional de Flávio, no início da década de 1990, começou pela mais famosa cidade turística de Minas Gerais. Ele foi convidado para fazer a pesquisa usada na elaboração de um CD Rom sobre Ouro Preto e, durante o tempo em que lá ficou, fez seu primeiro curso de especialização, em Cultura e Arte Barroca. “Quem mexe com turismo não pode parar de estudar nunca”, aconselha Flávio.

Professor por sete anos, ele coordenou importante projeto de turismo sustentável no Parque Nacional da Serra do Cipó, o Pepalantus, a primeira tentativa de ordenamento da visitação turística naquela área. “O estudo ganhou sete prêmios e deu oportunidade a muitos estagiários que, hoje, estão trabalhando na área e dando aulas”, destaca Flávio, ao lembrar que o Pepalantus foi se estendendo à medida que novas demandas surgiam, como a formação de guias e, também, a produção de um jornal. “É interessante lembrar que, nessa época, os estudantes de Turismo não ocupavam os parques, que eram lugares de pesquisa, mas só para biólogos. Nós começamos a mudar essa visão”, acredita Flávio. Para ele, o melhor da profissão é se sentir “um ator do desenvolvimento”. “É muito legal poder ver de perto seu trabalho acontecendo e beneficiando não só os turistas mas especialmente as comunidades”, avalia.

Caminhos a seguir

Foca Lisboa
CASA DA GLÓRIA, da UFMG, em Diamantina

Fonte de desenvolvimento social e econômico, o turismo, aclamado como o setor econômico que mais cresce no mundo, pode significar exatamente o contrário se não for uma atividade que priorize o planejamento. Não são poucos os exemplos de lugares, no Brasil e no mundo, que foram “descobertos” por turistas e investidores entusiasmados e que, entretanto, não sobreviveram à infra-estrutura deficiente e à falta de envolvimento das comunidades.

O curso de Turismo na UFMG foi criado exatamente para atender à necessidade de se estimular, no país, ações voltadas para o turismo sustentável, em que a diversidade cultural, artística e ambiental brasileira seja valorizada e preservada. Segundo o coordenador do Colegiado da Graduação, professor Allaoua Saadi, a filosofia do curso – que ainda não formou sua primeira turma – está amparada na determinação de oferecer ao mercado de trabalho profissionais com o perfil de planejadores, de indutores desse desenvolvimento consciente e com domínio técnico e teórico da área.

Em que o curso de Turismo da UFMG se diferencia do de outras faculdades?

A grande maioria das outras faculdades visa a formar profissionais para o atendimento direto ao turista. É a prestação de serviço, o que chamamos de turismo receptivo, que cuida do atendimento em balcão de hotel, da hotelaria geral, em agências, pousadas, restaurantes. Nosso curso pretende formar pessoas que trabalhem o montante desse fluxo, que façam o planejamento das atividades turísticas para gerar desenvolvimento e não apenas para dar qualidade à prestação de serviço.

Existe profissionalização do turismo no Brasil?

O Brasil deve ser o país que tem o maior número de cursos superiores de Turismo no mundo. O crescimento quantitativo é fantástico.

A que se deve essa procura?

O ensino de Turismo está principalmente localizado nas faculdades particulares. Virou um grande mercado a comercialização de um produto chamado ensino de Turismo. Essa abertura do ensino privado ocorreu justamente no contexto da abertura econômica, de um alarde do turismo como a salvação das economias. Hoje, existe uma grande quantidade de formados em Turismo, bacharéis em Turismo sem emprego.

Esse grande número de cursos não tem refletido positivamente no mercado?

Nos lugares em que o Poder Público investiu seriamente em turismo, como no Nordeste, certamente que sim. A mão-de-obra formada veio dar apoio à melhoria da qualidade do turismo no país e vemos os resultados.

A atividade turística depende mais de recursos públicos do que de privados?

Cada um tem o seu momento. O setor público tem por obrigação e por missão investir na infra-estrutura básica – estradas, saneamento, etc. O setor privado investe nos equipamentos receptivos e de agenciamento, principalmente. Agora, quem deve vir antes? Depende do lugar. Nos lugares onde há equipamentos satisfatórios, o setor privado está investindo. Sempre aparece alguém construindo uma pousada, um hotel em lugares a que é até difícil de se chegar. Mas em lugares onde não há qualquer tipo de investimento público, é muito perigoso o investidor privado se arriscar. Então, deve haver sintonia entre os setores.