Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 2 - nº. 5 - Junho de 2004 - Edição Vestibular

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Engenharia Civil

Em obras ou escritórios, engenheiros civis precisam estar preparados para garantir infra-estrutura ao desenvolvimento

Aos 27 anos, o engenheiro civil Marcelo Monteiro de Miranda é exemplo de sucesso rápido em um mercado tido como saturado. Graduado como Medalha de Ouro, honraria dada ao melhor aluno da Escola de Engenharia, ele conduz sua carreira em finanças e é, hoje, o superintendente da área na MRV Engenharia. Antes da especialização, reforçada com a conclusão do MBA em Finanças, Marcelo teve experiência em várias outras áreas de grandes empresas de Engenharia, a partir de dois estágios realizados quando estudante. O primeiro deles, iniciado assim que entrou no curso, foi na Construtora M. Roscoe, especializada em edificações industriais. Ali, Marcelo teve o primeiro contato com o setor financeiro, pois lidava com orçamentos, acompanhando estudos de viabilidade econômica de projetos. Quando estava no sétimo período, passou por uma prova de fogo, concorrendo com cerca de três mil candidatos a sete vagas de estágio em diferentes setores da Construtora Andrade Gutierrez.

Eber Faioli
Internato Rural despertou interesse de ÁLVARO pelo Urbanismo

Aprovado, percorreu os departamentos de Qualidade Total, Finanças, Planejamento e, também, de Produção da empresa. “Foi muito importante conhecer todas as áreas. Fiz um estágio dedicado, empenhava-me e ficava muito tempo nas obras”, conta ele, lembrando que foi responsável, nesse período, por uma equipe na construção do metrô de Belo Horizonte. Quando se formou, Marcelo foi contratado e, na Andrade Gutierrez, trabalhou por mais um ano e meio, quando a construtora decidiu mudar o escritório para São Paulo. Foi convidado para ir, mas preferiu permanecer em Belo Horizonte para terminar o MBA em Finanças.

Há cerca de três anos como superintendente financeiro da MRV, Marcelo acredita que, apesar de estar voltado para finanças, o trabalho é muito mais completo, porque tem segurança em relação às técnicas de Engenharia. “Consigo dar opinião na área técnica e isso faz diferença quando estou analisando a viabilidade de projetos”, assinala. Para ele, cuja família tem muitos engenheiros, escolher a profissão não foi tarefa difícil, mas encontrar o nicho certo, nessa área de diversas vertentes, garante, é essencial. E, para isso, aconselha, o melhor é mesmo experimentar enquanto estudante. “Sempre fui um aluno muito envolvido com o curso, o que me ajudou a decidir o caminho a seguir”, finaliza.

Ao chegar ao sexto período, Álvaro Matos de Freitas, de 25 anos, encontrou o caminho que pretende seguir na Engenharia Civil. A intenção é a de se dedicar ao urbanismo, uma possibilidade que lhe encheu os olhos quando começou a cursar Trabalho Integralizado Multidisciplinar, uma série de disciplinas que estão diretamente ligadas ao assunto e que levam o aluno a interferir numa determinada área da cidade com projetos, que vão sendo detalhados ao longo de três semestres. Já no décimo período, Álvaro está ainda mais confiante em sua opção por Urbanismo e pensa fazer curso de especialização ou, mesmo, mestrado. O que o motiva é o Internato Curricular, programa que permite ao aluno ter experiências concretas como planejador e projetista de obras em cidades do interior de Minas Gerais.

O Internato Curricular de Álvaro foi realizado em Três Marias, onde recebeu até proposta de emprego. O grupo formado com outros dois colegas fez o levantamento das necessidades do município e, com a Prefeitura, decidiu que a prioridade era a revitalização de um córrego. “Vamos entregar todo o projeto para o prefeito, que pretende executá-lo”, diz ele, destacando o quanto tem sido proveitoso trabalhar nessa perspectiva de atuação. “Fizemos a caracterização socioeconômica e cultural da cidade e, também, um diagnóstico ambiental do córrego”, conta.

Com essa experiência, Álvaro está percebendo uma realidade que, segundo ele, não corresponde à constante reclamação de que existe uma saturação de engenheiros civis no mercado de trabalho. “Dizem que está saturado, mas o que tenho visto é que existem muitos campos de trabalho que os engenheiros estão preparados para assumir, mas não têm procurado”, conclui.

Matemática e compromisso social

Um curso flexibilizado e que permite ao estudante uma formação não somente na área de Ciências Exatas como também nas Ciências Humanas. Esses são alguns temas abordados pelo coordenador do Colegiado da Engenharia Civil, Roberto Márcio da Silva. Ele ressalta, ainda, uma das inovações do curso: o Programa de Internato Curricular.

Eber Faioli
MARCELO: “o envolvimento com o curso me ajudou a decidir o caminho a seguir”

A Engenharia Civil sofre muito com a atual conjuntura econômica no país?

Assim como todas as atividades, a Engenharia Civil sofre com os problemas econômicos. Talvez com maior intensidade, pelo fato de as atividades desenvolvidas estarem muito vinculadas com investimentos públicos, principalmente em relação às obras de infra-estrutura – como construção de usinas hidrelétricas, rodovias e moradias para atender o déficit de 6 milhões de residências que temos hoje. Isso além de obras de saneamento básico e para a solução do caos do tráfego urbano, por exemplo.

Para superar a crise diretamente relacionada com a construção, o que os engenheiros civis têm feito?

Eles procuram vencer as dificuldades dirigindo-se não só ao setor da construção mas também a áreas de gestão financeira e de marketing, além de atividades comerciais. Mas é preciso ressaltar que o Brasil só voltará a crescer de forma consistente se forem feitos investimentos em infra-estrutura, o que aumentará muito a demanda por engenheiros civis.

Qual é a estrutura do curso?

A Engenharia Civil é o curso mais antigo da Escola de Engenharia (1912) e, anualmente, oferece 200 vagas. O curso abrange seis áreas: Construção Civil, Estruturas, Transportes, Hidráulica e Recursos Hídricos, Sanitária e Ambiental, Solos e Geotecnia. O curso de Engenharia Civil da UFMG forma profissionais generalistas. Portanto, o estudante é obrigado a cursar disciplinas básicas de Matemática, Física, Química e Computação, além das disciplinas profissionalizantes de todas as seis áreas, deixando para a pós-graduação, sempre necessária nos dias atuais, a especialização em uma ou mais dessas áreas.

A formação do engenheiro civil está apenas nas Ciências Exatas?

Não. O estudante terá no curso aulas de disciplinas das Ciências Humanas, o que, atendendo ao espírito da flexibilização dos cursos na UFMG, lhe proporciona convívio diferente com outras áreas e visão mais humanística. O curso oferece também formação diferenciada a partir da realização dos Trabalhos Integralizadores Multidisciplinares, em que os alunos desenvolvem atividades abordando os conteúdos diversos da Engenharia Civil. Isso lhe permite resolver, ainda no ambiente acadêmico, problemas reais da profissão.

E a prática? Como acontece no curso?

Uma inovação do curso na UFMG é o Programa de Internato Curricular, proposta pedagógica que atende a atividades de ensino e extensão. Nesse caso, os alunos vivenciam situações não-simuladas e estão em contato direto com a realidade de outras cidades e de populações carentes, podendo atuar em demandas próprias da Engenharia Civil.