Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 2 - nº. 5 - Junho de 2004 - Edição Vestibular

Editorial

Entrevista
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Destino certo

Ciências Atuariais

Atuário ajuda população e empresas ater certezas quanto ao futuro, calculando riscos e reparações financeiras

O carioca Ivan Sant’Ana Ernandes, de 48 anos, é um profissional que já percorreu diferentes caminhos. Na UFRJ, ele se formou em Estatística e em Ciências Atuariais. A segunda área foi a que predominou na sua trajetória profissional, iniciada no Rio, com passagem pelo Espírito Santo e São Paulo. Atualmente, em Belo Horizonte, Ivan dedica-se à sua empresa de consultoria e à docência na UFMG e em uma universidade particular. “De um modo em geral, as pessoas não conhecem mesmo as Ciências Atuariais. A gente sempre se prepara para, primeiro, dizer o que é e, depois, para explicar o que faz”, brinca.

Gegê

Ex-Diretor do Instituto Brasileiro de Atuária (IBA), Ivan lembra que os atuários, no Brasil, estão concentrados especialmente em São Paulo. No IBA, estão registrados cerca de 700 profissionais, número muito pequeno se comparado a países como os Estados Unidos, onde existem, aproximadamente, 20 mil profissionais. “Em que pese a diferença entre as duas economias, são números bem diferentes, que mostram o espaço que o atuário ainda tem no Brasil. Todos os que se formarem por agora não terão problema de emprego”, avalia.

Ivan diz que o prazer na profissão é tão grande, que ele sequer consegue escolher uma área de sua preferência. O atuário, explica, é o profissional que vai medir riscos de ocorrência de eventos e os valores de reparações financeiras. Portanto, não se fala em seguradoras, em entidades abertas e fechadas de previdência complementar, em previdência pública ou em planos de saúde sem se falar em Ciências Atuariais. O atuário tem que estar preparado para manusear ferramentas da Estatística, da Matemática, da Economia Financeira e, também, da Contabilidade para exercer suas funções. “É um curso de conhecimento interdisciplinar”, destaca.

Para Ivan, a pessoa que quiser se dedicar às Ciências Atuariais tem que ter grande capacidade de concentração e, especialmente, visão global de economia. Mesmo lidando com áreas tradicionais e consolidadas, o atuário, observa Ivan, vai sempre se deparar com novas demandas do mercado. Um exemplo é o crescimento, no Brasil, de seguros sobre responsabilidade de executivos, que estão em voga por causa das mudanças ocorridas no Código Civil, em que o executivo pode ser responsabilizado por eventuais danos provocados por ações da empresa. “É um seguro que já existia no Brasil, mas que, agora, está em destaque e o atuário precisa estar atento a oportunidades como essa”, assinala Ivan.

Gostar de estudar, e muito, foi fundamental para Priscila Kelly Carvalho, de 21 anos, se adaptar ao curso que escolheu. Ela não sabia exatamente o que estava à sua frente quando escolheu Ciências Atuariais, um curso que causa certa estranheza, mas que tem grande perspectiva de mercado de trabalho, já que são poucos os profissionais formados em todo o país. Priscila conta que, mesmo em família, muita gente não consegue disfarçar o espanto por sua opção. Mas ela não está nada arrependida. Ao contrário. Sua dúvida é apenas a de se seguirá, ou não, a carreira acadêmica.

Por enquanto, Priscila está mais entusiasmada com a pesquisa acadêmica e não é por falta de oportunidade de experimentar o mercado de trabalho. “Quase todos os meus colegas fazem estágio, mas eu acho que a Universidade oferece mais. Com o tempo, o estágio vai-se tornando meio mecânico, porque o aluno passa a fazer só um tipo de coisa”, argumenta ela, bolsista no Laboratório de Estatística Espacial, onde estuda as técnicas de tarifação de seguro. A pesquisa resultou no artigo “A Teoria da Credibilidade na Tarifação de Seguros de Automóveis”, escrito junto com uma colega e publicado nos Cadernos de Seguros da Fundação Escola Nacional de Seguros. Ela saboreou com orgulho o resultado do seu esforço e, agora, começa uma nova pesquisa, manipulando dados sobre seguradoras de vários ramos.

Foca Lisboa
PRISCILA: “Para quem gosta de estudar, não há o que temer”

Priscila diz que o curso não é fácil e que requer dedicação enorme aos estudos. “Para quem gosta de estudar, não há o que temer”, avisa. Ela destaca que, desde os primeiros períodos, o aluno tem disciplinas que despertam para a profissão.

Mercado a ser conquistado

Um mercado aberto é o que está garantido ao futuro atuário, profissional que vive, particularmente, em Minas Gerais, situação inusitada. São tão poucos os atuários que aqui trabalham, que eles podem ser contados nos dedos e quase nunca as pessoas sabem exatamente o que eles fazem. Mas, se você tem um plano de saúde ou já pensou em ter uma renda de aposentadoria no futuro, saiba que o atuário tem tudo a ver com essa história.

Este ano, a UFMG formará sua primeira turma de Ciências Atuariais, suprindo parte de uma demanda latente no mercado de trabalho, incrementado nos últimos anos pela estabilidade da moeda e pela preocupação das pessoas com o futuro. Segundo a coordenadora do Colegiado de Graduação, Cibele Comini César, o mercado é favorável, mas é, também, em grande parte desconhecido, porque é necessário que o profissional o conquiste.

Com o que trabalham os atuários?

Com situações em que há risco de perda financeira, como a de inatividade, a de perda de um bem material. Uma precaução que as pessoas tomam para não ter essa perda financeira consiste em fazer planos de aposentadoria e, também, seguros. Um plano de aposentadoria é, por exemplo, calculado pelo atuário. Ele será capaz de fazer análises financeiras, estatísticas e probabilísticas que chegarão aos valores que o plano deve cobrar e que o beneficiado vai receber no futuro. No Brasil, existe um claro crescimento desse setor, por causa das restrições à aposentadoria oficial, o que contribuiu muito para os planos de aposentadoria privada. Outra área de grande atuação do atuário é a dos seguros, de todas as espécies, porque eles, também, dependem das análises realizadas por esse profissional. A previdência e os seguros são as áreas de ênfase no curso da UFMG, mas o atuário é preparado para atuar em vários outros campos, como o mercado financeiro, onde há riscos associados.

É um curso que se confunde com o de Estatística e com cursos da área de Finanças?

O curso tem uma interseção grande com a Estatística, porque a avaliação de risco é análise de probabilidade. Como enfatizamos, também, a gestão e lidamos com questões de finanças, há uma relação forte com os cursos de Administração, de Ciências Contábeis e de Ciências Econômicas. Assim como em outras áreas, a graduação oferece formação básica e o aluno deve procurar complementar os conhecimentos, inclusive durante o curso, fazendo disciplinas em outras áreas, especialmente para melhorar seu desempenho em mercado financeiro e gestão.

Com poucos profissionais na praça, é um mercado em crescimento?

Por não termos profissionais no estado, é um mercado aberto. No momento, é muito bom. Mas, como o profissional é desconhecido no nosso meio, é um mercado que precisa ser conquistado, o que ocorre em toda profissão nova.