Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 2 - nº. 5 - Junho de 2004 - Edição Vestibular

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Entrevista
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Outras edições

Do sal da terra, os mais doces frutos

Engenharia Agronômica

Engenheiro Agrônomo se esforça para garantir qualidade e eficiência à produção agrícola, um dos pilares da economia brasileira

Foca Lisboa
Para PATRÍCIA, curso da UFMG é instrumento para o desenvolvimento da região

A disposição para viajar e tentar a vida em lugares desconhecidos, mesmo distantes de grandes centros urbanos, faz parte do cardápio profissional do futuro engenheiro agrônomo Agenor Vinícius Afonso Pereira, de 24 anos. A um semestre da formatura, ele não teme dificuldades para se adaptar à profissão. Estimulado pela experiência adquirida em projetos de pesquisa no curso, Agenor pensava em fazer mestrado assim que concluísse a graduação, mas está mudando de idéia. “Acho que a especialização nesse momento pode não ser a melhor escolha para mim. Tenho que conhecer o mercado, aproveitar as chances porque o agrobusiness está muito forte”, justifica.

Sem contato direto com o meio rural, Agenor escolheu Engenharia Agronômica por se sentir atraído por uma ciência que estivesse ligada à natureza e à Biologia. “Mas nunca pensei em ser um biólogo, um botânico”, lembra ele, contando que não teve dúvidas quando terminou o Ensino Médio. Apesar de viver em Belo Horizonte, só fez Vestibular na UFMG, em Montes Claros, e na Universidade Federal de Viçosa. No início, o curso o assustou: “Achei teórico demais”. Ele admite, porém, que os conhecimentos de Biologia e de Química foram fundamentais no decorrer dos semestres e que o principal estranhamento com o curso não teve a ver com as disciplinas e, sim, com a destruição da imagem que tinha do agrônomo. “No curso, percebi que seria um profissional com capacidade para agir muito além do meio rural, que estaria ligado a toda a cadeia produtiva”, afirma.

Foi no sexto período que Agenor se envolveu com pesquisa, num projeto de Nutrição Animal. Junto com professores, ele analisou a capacidade nutricional de rações formuladas a partir de restos de banana associados a outros alimentos, como cana-de-açúcar e capim-elefante. Foram testadas cinco rações diferentes em carneiros. Para verificação dos resultados, explica Agenor, foram feitas análises dos alimentos e, também, da urina e das fezes dos animais. Para isso, os pesquisadores utilizaram o Laboratório de Nutrição da Escola de Veterinária, em Belo Horizonte. Além da pesquisa, Agenor fez um “estágio de vivência”, obrigatório no curso, e acompanhou, em Janaúba, no Norte do estado, projetos de piscicultura da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf).

Completamente satisfeita com o início da carreira, Patrícia Monique Neres, de 23 anos, formada no ano passado, na primeira turma do curso de Engenharia Agronômica da UFMG, trabalha numa das maiores empresas de insumos para agricultura (sementes, adubos, defensivos, etc.) instalada na região, a Tropical Agrícola. “Viajo muito, visito pequenos e grandes produtores, dando assistência técnica, o que é muito bom, porque nesse trabalho, vou me atualizando e me informando sobre o que está acontecendo na região, acompanhando a evolução das culturas”, afirma ela, contando que, também, adora o trabalho de marketing. “É fantástico. As vendas me estimulam muito também”.

Foca Lisboa
Campus da UFMG, em Montes Claros, tem fazenda de 232 hectares

Nascida em Montes Claros, Patrícia foi especialmente motivada a fazer Engenharia Agronômica em sua própria cidade porque acredita no curso como instrumento para o avanço da região. “A intenção do curso está sendo mesmo cumprida”, diz ela.

Sustentabilidade ao agronegócio

O curso de Engenharia Agronômica, na UFMG, abriu as portas em 1999 e nasceu sustentado por uma longa experiência na formação de técnicos no Núcleo de Ciências Agrárias, em Montes Claros, no Norte de Minas Gerais. O mercado de trabalho é altamente atrativo, afirma o coordenador do Colegiado de Graduação, professor Luiz Arnaldo Fernandes, pois o profissional tem uma formação eclética e o Brasil é um país onde as atividades agroindustriais representam 40% do Produto Interno Bruto.

Com infra-estrutura privilegiada, o campus Montes Claros oferece um curso baseado numa formação teórica sólida, mas extremamente associada à prática, favorecida por 17 laboratórios e por uma fazenda experimental com as mais variadas atividades. Os alunos que não são da cidade têm a chance de residir na Moradia Estudantil.

O que faz um engenheiro agrônomo?

Trabalha com questões fundamentais para os nossos dias: produção e comercialização de alimentos, fixação do homem no campo e preservação do meio ambiente. É um profissional que reúne as condições técnico-científicas e humanísticas para executar todas as tarefas inerentes à produção de alimentos para o homem e os animais domésticos, intervindo desde a definição das condições de plantio até a chegada do produto industrializado ao consumidor.

Foca Lisboa
AGENOR desenvolve pesquisa sobre nutrição animal

Como o engenheiro agrônomo pode contribuir para a solução dos problemas no campo?

Apesar de apresentar alta produtividade o agronegócio possui elementos de insustentabilidade, como monocultura, concentração de renda e uso de insumos produzidos a partir de fontes não-renováveis de energia, entre outros. O papel do engenheiro agrônomo é o de aproximar esse modelo de um ecossistema natural sustentável, mantendo uma relação custo/benefício adequada. O curso de Engenharia Agronômica da UFMG tem como meta preparar profissionais-cidadãos críticos, modernos, com potencial para promover mudanças no meio agrícola e com capacidade para desenvolver uma agricultura sustentável em que exista inter-relação entre o ambiente, o homem da terra (ente social) e a área econômica.

Como é relação do curso com a pesquisa?

O curso da UFMG procura trabalhar com ensino, pesquisa e extensão de forma equilibrada. Nos últimos anos, com a contratação de professores doutores, a pesquisa tem-se destacado e assumido papel fundamental na construção de conhecimento pelos alunos.

E com a prática?

Noventa por cento das disciplinas do curso têm aulas práticas, que são ministradas no próprio campus da UFMG, em Montes Claros. Para isso, contamos com uma infra-estrutura física, que inclui 17 laboratórios e uma fazenda experimental de 232 hectares. Além das instalações próprias, são realizadas visitas técnicas a projetos e empresas do setor agropecuário e pequenas comunidades agrícolas. Os alunos têm, ainda, que fazer, no mínimo, 160 horas de estágio supervisionado em outras instituições de ensino, pesquisa e/ou extensão, durante o curso.

O mercado de trabalho é bom?

Na atualidade, o engenheiro agrônomo é chamado a atuar nos mais distintos níveis sociais e nichos profissionais, tanto no setor público quanto no privado. Isso ocorre por ele apresentar formação eclética, que o capacita a executar programas agroprodutivos, em comunidades rurais ou em grandes grupos agroindustriais. Em países com base agrícola ampla e diversificada, como o Brasil, o engenheiro agrônomo tem papel fundamental no desenvolvimento econômico. Haja vista que o complexo agroindustrial ou agronegócios representa um terço do PIB, 40% da força de trabalho, 40% das exportações e, ainda, 70% do consumo das famílias brasileiras.