Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 2 - nº. 5 - Junho de 2004 - Edição Vestibular

Editorial

Entrevista
Por dentro da UFMG

Inclusão
Para todos

Assistência ao estudante
Uma mão lava a outra

Cultura
Território da arte

Ciências Agrárias
Engenharia Agronômica
Medicina Veterinária

Ciências Biológicas
Ciências Biológicas

Ciências da Saúde
Ciência da Nutrição
Educação Física
Enfermagem
Farmácia
Fisioterapia
Fonoaudiologia
Medicina
Odontologia
Terapia Ocupacional

Ciências Exatas e da Terra
Ciência da Computação
Ciências Atuariais
Estatística
Física
Geologia
Matemática
Matemática Computacional
Química

Engenharias
Engenharia Civil
Eng. Controle e Automação
Engenharia de Minas
Engenharia de Produção
Engenharia Elétrica
Engenharia Mecânica
Engenharia Metalúrgica
Engenharia Química

Ciências Humanas
Ciências Sociais
Filosofia
História
Pedagogia
Psicologia

Ciências Sociais Aplicadas
Administração
Arquitetura e Urbanismo
Biblioteconomia
Ciências Contábeis
Ciências Econômicas
Comunicação Social
Direito
Geografia
Turismo

Lingüística, Letras e Artes
Artes Cênicas
Belas-Artes
Letras
Música

UFMG Diversa
Expediente

Outras edições

Russo na ponta da língua

Farmácia

Valendo-se da organização de Mendeliev, farmacêutico aponta soluções para nossa saúde

Desenvolvimento de métodos que vão servir para o controle nacional de qualidade de alimentos. É isso que faz a farmacêutica e bioquímica de alimentos Luciana de Castro, de 31 anos, no Laboratório de Microtoxinas do Ministério da Agricultura, em Belo Horizonte, onde, atualmente, participa do Programa Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento do Café, tentando definir metodologia para verificação da presença, nos grãos de café, da ocratoxina, uma substância tóxica que pode afetar os rins dos consumidores da bebida. “Depois que conseguimos desenvolver os métodos, eles são publicados no Diário Oficial e passam a ser uma referência nacional”, conta.

Apaixonada por Química, Luciana se tornou farmacêutica porque acreditava que a profissão lhe daria a chance de trabalhar muito com a ciência, mas de uma forma aplicada. Ela acertou de vez quando começou, ainda estudante, a se envolver com pesquisas. “Quando me formei, fui correndo para a pesquisa”, lembra ela, desde então, pesquisadora no Ministério da Agricultura, onde começou desenvolvendo métodos de análise de substâncias tóxicas no leite, uma atividade realizada em parceria com a UFMG e que interessava, especialmente, ao órgão por causa da demanda crescente de exportação do leite para o Mercosul.

Foca Lisboa
No Ministério da Agricultura, LUCIANA trabalha no Laboratório de Microtoxinas

Se o estágio numa indústria serviu para mostrar a Luciana o caminho que ela não queria seguir, com Giana Marcellini, de 38 anos, aconteceu exatamente o contrário. Funcionária de um laboratório nacional instalado em Ribeirão das Neves, Giana passou por diferentes áreas da empresa, onde está desde 1991, e diz que foi atraída pela dinâmica da indústria. “Me identifiquei totalmente com a área, porque nela estou envolvida com todo o processo. Nunca deixei de ser técnica, mas lido com uma parte administrativa muito importante e na qual você realmente precisa entender o que está produzindo”, assinala.

Formada em 1989 e com especialização em Indústria de Medicamentos, Giana acredita que, atualmente, está fácil trabalhar como farmacêutica. O estágio que fez, quando estudante, foi na Fundação do Remédio Popular, em São Paulo, porque, na época, lembra ela, em Minas Gerais, não havia muitas oportunidades e, em São Paulo, estava a vanguarda da tecnologia farmacêutica. “Mas, hoje, já temos aqui o que há de melhor lá. Além de a área ter crescido muito, surgiram novas funções, novos postos que são ocupados por profissionais”, destaca. Para ela, o farmacêutico deve ter grande preocupação com os estudos. “Estamos vivendo transformações tecnológicas constantes e ele tem que acompanhar de perto”, justifica.

A consciência de que os farmacêuticos ocupam posições estratégicas na indústria, que vão além das bancadas de análise, produção e pesquisa, é que tem norteado Alesandro Breguez Marangon, de 20 anos, aluno do quinto período. Coordenador de projetos da Farmácia Júnior Assessoria e Consultoria – empresa administrada pelos próprios alunos do curso e que presta serviço à comunidade –, ele está convicto de que o farmacêutico não pode ater-se apenas aos conhecimentos técnicos.

Alesandro pretende habilitar-se como farmacêutico industrial, mas seu interesse tem sido predominantemente marcado pela área gerencial. A certeza veio depois de experimentar a pesquisa, ainda no primeiro período. “Sempre fui muito empolgado. Então, no primeiro mês no ICB, enfiei a cara e fui trabalhar no Laboratório de Microbiologia”, conta ele, lembrando que ali ficou durante um ano, ajudando no desenvolvimento de um teste de diagnóstico. Mas sua vocação profissional ele acredita ter encontrado na Farmácia Júnior, atuando diretamente na realização de projetos. “Na empresa júnior, temos uma visão de mercado, percebendo todas as áreas que envolvem o farmacêutico”, diz Alesandro, ressaltando que a Farmácia Júnior oferece a oportunidade de, também, contribuir com projetos sociais, especialmente na orientação do uso de medicamentos em eventos e espaços públicos.

Cadinho de Exatas e Biológicas

Da produção de medicamentos à orientação sobre o uso dos fármacos, da concepção e teste de cosméticos ao controle de qualidade de alimentos, passando pela análise de amostras clínicas e toxicológicas, o farmacêutico é um profissional de muitas funções em diferentes áreas de atuação. Então, saiba logo que Farmácia é um curso que possibilita carreiras muito diferenciadas, mas que todas exigem um grande conhecimento técnico, lastreado especialmente por Química e Biologia. Mesmo aqueles que optarem por funções gerenciais, pois há um grande espaço reservado aos farmacêuticos na administração das indústrias ou de estabelecimentos comerciais do ramo, não vão prescindir da base teórica e técnica dessas ciências. O farmacêutico não é nunca só um farmacêutico, ressalva a professora Miriam Oliveira e Rocha, coordenadora do Colegiado de Graduação.

Quem é o profissional farmacêutico? O que ele faz?

É um profissional da Saúde que pode atuar na área de medicamentos, cosméticos, alimentos e análises clínicas e toxicológicas. Ele é responsável pela dispensação de medicamentos em farmácias públicas, hospitalares ou privadas e atua na manipulação de medicamentos, ou seja, na execução de fórmulas. Na indústria, o profissional está diretamente ligado à produção dos medicamentos, inclusive a de produtos fitoterápicos, de cosméticos e de produtos sanitários, e é, também, preparado para atuar no controle de qualidade das fábricas, nas pesquisas para o desenvolvimento de novos produtos e na orientação e assistência farmacêutica.

Foca Lisboa
ALESANDRO acredita que os farmacêuticos não podem ater-se apenas ao conhecimento técnico

Que tipo de conhecimento domina no curso?

A Farmácia abrange a área de Exatas, especialmente Química, e também Física e Matemática, numa associação com conhecimentos profundos em Ciências Biológicas. O curso tem uma grande ênfase em Química, porque os farmacêuticos lidam com formulações, mas Física e Matemática são igualmente importantes, especialmente para o desenvolvimento de medicamentos. O profissional precisa conhecer Física, por exemplo, para determinar a formulação de medicamento, porque lidará com a granulação, a quantificação e a consistência do produto.

O mercado de trabalho é bom?

Em geral, o campo de trabalho do farmacêutico é muito amplo, por causa das diferentes habilitações, e isso facilita a inserção dos profissionais no mercado de trabalho. Além disso, existe uma carência de profissionais no interior.

Como é a atuação do farmacêutico nas farmácias? O que ele faz?

Além da dispensação e controle de medicamentos, ele trabalha na orientação ao paciente. O farmacêutico está na farmácia não apenas para verificar receitas. Ele é uma espécie de gestor da farmácia na área de medicamentos e isso dá ao nosso curso uma outra característica. Os alunos se interessam por uma formação associada a outras áreas, como a de administração. Além disso, ele é o profissional de confiança do usuário.

O curso de Farmácia é um curso com muita prática?

Sim, muita, o que é um estímulo para o aluno, porque ele gosta de ver, na prática, a teoria que está aprendendo. No sétimo e oitavo períodos, há o estágio em Farmácia, de 300 horas. Ele pode terminar o curso aí, mas, se for fazer alguma habilitação, lhe será exigido um segundo estágio, na indústria de medicamentos ou cosméticos ou em laboratório de análise clínica e toxicológica.