Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 2 - nº. 5 - Junho de 2004 - Edição Vestibular

Editorial

Entrevista
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Inclusão
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Belas-Artes

Gerando beleza com criatividade, profissionais de Belas-Artes abrem extenso campo de atuação

Foca Lisboa

Quando criança, Agnaldo Pinho vislumbrou que poderia se dedicar à arte como profissional. Ele conta que, aos sete anos, leu a biografia de Vítor Meirelles, que relatava os estudos do pintor na Real Academia de Artes. “Na minha família, não havia nenhum artista, mas me lembro que, ao ler aquilo, pensei que eu também poderia estudar artes.” Como o desenho continuou o acompanhando e o desejo de pintar amadureceu, Agnaldo não teve dúvidas quando enfrentou o Vestibular na UFMG. “A Escola me deu a dimensão do que é ser um artista. Colocou-me em contato com pessoas muito importantes para minha formação e me mostrou um mundo de informação”, diz, ressaltando que, iguais a ele, muitos que entram na Belas-Artes imaginam que vão sair desenhistas ou pintores, mas se surpreendem com o mercado variado que têm pela frente.

Depois de formado, Agnaldo chegou a ter sua própria empresa de criação de bonecos, mas enveredou pela criação de vitrines, causando impacto numa área que, embora acostumada aos excessos, delirou com aviões suspensos nos tetos das lojas. Atualmente, dono de uma loja de brinquedos pedagógicos e artesanais, Agnaldo concilia a vida de empresário com outras atividades artísticas, que comprovam as múltiplas possibilidades de sua profissão. Dos mais de mil itens que vende na loja, pelo menos, 25 são de sua autoria. Sua assinatura não está somente nos brinquedos ou quadros que pinta e que, durante muito tempo, vendeu, mas também em cenários de televisão. “Essa é uma outra área que descobri como artista e que recebe muito bem os profissionais”, afirma.

Por influência de amigos que viviam como artistas, Alessandro Freitas Coelho, de 24 anos, decidiu fazer Belas-Artes. Prestes a se formar, ele garante que acertou e diz que o curso “abriu sua cabeça” de uma maneira que não poderia imaginar. Apesar de a Pintura o ter motivado na época do Vestibular, Alessandro ampliou sua rota inicial e fez, também, Cinema de Animação, concluindo as duas ênfases no bacharelado. A escolha teve, também, um sentido prático. Alessandro é um webdesign, já desenvolve páginas e sites para a Internet e pensa continuar se dedicando à área quando, no final do ano, estiver plenamente disputando um lugar no mercado de trabalho.

O interesse pela web ficou claro para Alessandro quando ele cursou Artes Plásticas no Brasil, uma disciplina que lhe exigiu o desenvolvimento de um projeto de publicação. Com a ajuda de um amigo já formado, ele trabalhou duro e o resultado ainda pode ser visto no endereço eletrônico www.kurtnavigator.com.br.

Eber Faioli
AGNALDO vislumbrou a arte ainda criança

O projeto o conduziu ao passo seguinte, cada vez mais voltado para a união entre a arte e a computação. Com colegas da Universidade, dos cursos de Ciências da Computação, Engenharia Mecânica e da própria Belas-Artes, Alessandro criou um jogo para Internet. Antes disso, ele havia sido monitor em Fotografia, outra área, ressalta ele, que contribuiu muito para sua formação como webdesigner. Depois de adotar a Internet como foco, Alessandro ainda trabalhou, como bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig), no projeto de criação do Banco de Imagens da Belas-Artes.

“Talento não é tudo”

Se, ainda hoje, as artes estão muito mais associadas à pintura, ao desenho e à escultura, a Escola de Belas-Artes vai muito além disso. Com uma formação variada, os estudantes que ali chegam percebem cedo que ser artista é ultrapassar limites, algo que se conquista com o exercício metódico da criatividade, com disciplina e, claro, muito estudo. “Nós acreditamos na dedicação e no empenho do aluno para se tornar um profissional. Por isso, mostramos caminhos, mas são eles que descobrem uma rede de atuação que ultrapassa o mercado formal”, assinala o coordenador do Colegiado de Graduação de Belas-Artes, professor Antônio Milton Signorini.

Para fazer Belas-Artes é preciso ser artista?

Este não é um pré-requisito, mas é preciso que o candidato tenha algumas habilidades já desenvolvidas, uma certa aptidão nas áreas de desenho e de modelagem. O mais importante é mesmo gostar de arte, seja desenho, gravura, pintura, cinema ou escultura, sem preconceitos e interessado em atuar de forma criativa na sociedade.

Qual é o perfil do profissional de Belas-Artes?

Sempre tivemos um perfil bastante amplo. Formamos profissionais flexíveis em termos de mercado de trabalho. São artistas plásticos com habilidade para trabalhar em museus, em arte-educação, ensino, arte gráfica ou como críticos de arte, por exemplo. Se a opção do aluno for o bacharelado, ele terá que escolher entre cinco habilitações: Desenho, Gravura, Pintura, Escultura e Cinema de Animação. No caso da licenciatura, temos Desenho e Plástica. É importante saber que a formação do profissional não é fechada, que caminhamos sempre em direção a um perfil mais aberto, que se apresenta com a possibilidade de atuação em várias áreas.

Que outras áreas são essas?

Temos muitos alunos se dirigindo para as artes gráficas, para a animação e a produção de vídeos e desenhos, para a publicidade ou trabalhando em museus e galerias, como monitores, coordenadores e organizadores de exposições. Existe, ainda, a chance de atuar em diversos espaços culturais, como coordenadores, professores ou monitores de oficinas. Também a área de Estilismo demanda nossos profissionais.

Foca Lisboa

Talento é fundamental ou pode ser desenvolvido?

Todo talento pode ser desenvolvido. Não trabalhamos com a idéia de que o talento é nato. Todos têm condição de desenvolver ou de resgatar esse ser criativo que transparece nas crianças. Nisso, a escola tem papel fundamental.

É difícil ser artista no Brasil?

Sim, é difícil. Mas como em qualquer outra área. Entretanto, a Universidade está colocando o aluno em contato com o mundo profissional mais cedo, por meio de bolsas de pesquisa, estágios, programas e projetos. Isso o torna mais apto a entrar no mercado de trabalho ou a lidar com ele.