Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 2 - nº. 5 - Junho de 2004 - Edição Vestibular

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Caçula já nasce interdisciplinar

Ciência da Nutrição

Diversas Unidades participaram da criação do curso que tem a flexibilização como base

Inspirado na interdisciplinaridade, o curso de Ciência da Nutrição da UFMG, apesar de sediado na Escola de Enfermagem, envolve diversas outras Unidades da UFMG, onde o aluno tem aulas e freqüenta os laboratórios, possibilitando melhor integração entre os diferentes conhecimentos da Nutrição. O nutricionista formado na UFMG, avalia a coordenadora do Colegiado de Graduação, professora Rita de Cássia Marques, será bastante flexível e terá uma visão muito ampliada das necessidades da área.

Como nasceu o curso de Ciência da Nutrição?

Em 1999, com a inauguração do Serviço de Nutrição do Hospital das Clínicas, passamos a discutir a criação do curso no âmbito da Escola de Enfermagem. Fizemos oficinas de trabalho com representantes das várias escolas que teriam uma ligação com a Nutrição, inclusive com a participação de outras universidades, como as de Viçosa e de Ouro Preto. Daí, montamos um curso com a colaboração de várias Unidades da UFMG, como o Instituto de Ciências Biológicas, as faculdades de Farmácia, de Ciências Econômicas, de Odontologia e de Educação. O curso nasceu flexibilizado.

Qual é a estrutura física do curso?

Na Escola de Enfermagem, serão construídos dois laboratórios: o de Avaliação Nutricional e o de Técnica Dietética. Fizemos um curso de alta qualidade e com poucos recursos, porque utilizamos a estrutura de laboratórios já existente na UFMG.

Eber Faioli
Aulas práticas têm motivado BRENO

O que fazem os nutricionistas?

A Nutrição é uma área em expansão, que se desenvolveu a partir das necessidades em hospitais, mas que estão, também, fora deles, em decorrência da ampliação do conceito de saúde, que envolve aspectos psicológicos, emocionais, culturais, de sobrevivência e condições de vida.

E onde os nutricionistas são requisitados?

Nos hospitais, o profissional trabalha no Serviço de Nutrição, orientando a preparação das dietas. Para isso, ele precisa conhecer, inclusive, o ato de comprar alimentos, o que envolve um conhecimento sobre a produção – o nutricionista tem que ter noção do que é uma safra, por exemplo. Ele pode atuar em Unidades de Alimentação, como restaurantes, refeitórios de empresas, restaurantes populares. Na área de nutrição esportiva, são muito demandados por academias, onde os clientes sabem que a noção de vida saudável passa pela alimentação, e pelos clubes, para orientação aos atletas que necessitam de uma dieta balanceada. É preciso ficar claro que nutricionista não é cozinheiro, ele não faz a comida. Ele cuida da escolha, da comercialização, do armazenamento dos alimentos, e do cardápio. Temos também o personal diet, que oferece uma orientação personalizada. Esses profissionais atuam, também, na área de marketing, na comercialização e na apresentação dos alimentos.

Como outros cursos da área de Saúde, ele prevê o Internato Rural?

Sim. Queremos que o aluno vá para o meio rural, para o interior, e veja como as pessoas se alimentam. Nutrição tem uma cara muito urbana. O nutricionismo no meio rural é pouco explorado, é uma área que pode crescer se houver uma política governamental para isso. Não existe nutricionista em Postos de Saúde nem na estrutura do SUS. Se trabalhamos com a noção de que a saúde passa por uma boa alimentação, chegará o momento em que haverá a necessidade de um nutricionista dentro das Unidades Básicas de Saúde.

Mudando paradigmas

Há 24 anos, Ermelinda Prado Lara fez parte da primeira formatura do curso de Nutrição da Universidade Federal de Viçosa, o primeiro a existir no Estado. Ao tentar o Vestibular, em 1976, ela sabia o que buscava, porque tinha se apaixonado pela área ao optar pelo Ensino Profissionalizante.“Quando terminei o colégio, eu já tinha decidido que iria para o Rio de Janeiro fazer a Faculdade de Nutrição, mas vi um cartaz anunciando o curso em Viçosa, Minas, e acabei indo pra lá”, lembra. A determinação da nutricionista conduziu-a por uma carreira de sucesso e marcada pelo pioneirismo em algumas práticas profissionais.

O mercado de trabalho, que mal existia quando ela começou, mudou muito na última década. Ermelinda não só viu as transformações acontecerem como soube se adaptar e encontrar caminhos menos convencionais. Atualmente, dona de uma empresa de orientação alimentar, ela galgou uma trajetória moldada no atendimento clínico, iniciado ao lado do irmão, pediatra e sócio do Hospital São Camilo. “Montei o serviço de nutrição de lá e fui trabalhar também no Hospital das Clínicas”, onde tinha feito um estágio supervisionado e onde acabou ficando ao longo de 22 anos, conciliando esse trabalho com o atendimento em consultório.

“Durante muitos anos, meus clientes eram pacientes encaminhados pelos médicos por precisarem de uma orientação alimentar para se tratar. Hoje, isso não acontece mais, porque as pessoas passaram a entender a Nutrição como uma especialidade que pode ajudá-las a ter uma vida melhor, mais saudável, e, por isso, procuram o nutricionista por conta própria”, avalia. Ermelinda foi uma das profissionais que ajudou a mudar o paradigma da Nutrição.

Eber Faioli
Pioneirismo marca carreira da nutricionista ERMELINDA

Aposta no novo

Depois da inscrição feita, no último Vestibular, para Fisioterapia, em sua segunda tentativa, Breno Barros de Carvalho, de 19 anos, fez reopção. “Ia tentar o mesmo curso, mas só porque na Federal ainda não tinha Nutrição, que era o que sempre pensei em fazer”, conta ele. Com Adriana Palhares de Carvalho, de 18 anos, não foi diferente. “Fiz inscrição primeiro para Ciências Biológicas”, assinala. A estréia na Nutrição gerou muita expectativa para ambos que, entretanto, estão deixando para trás o receio de ser os primeiros alunos do curso.

“A UFMG não iria abrir um curso sem ter condições de fazê-lo. Por isso, nem pensei duas vezes”, diz Breno, um atleta despertado para questões alimentares por força da intensa atividade física em treinamentos. Breno faz parte da equipe de natação do colégio onde estuda e sente na pele a escolha alimentar que faz. “Desde pequeno, me acostumei a comer melhor, mas, na verdade, nem sempre consigo”, assume. Segundo ele, ainda no primeiro ano do Ensino Médio começou a se informar sobre Nutrição, porque, além de achar interessante saber lidar com os alimentos de uma forma mais técnica, a área exige embasamento teórico em Biologia, uma disciplina de que gosta muito.

O primeiro período de muitas novidades tem servido para que Breno confirme a troca de opção. “Estou gostando muito. O curso é bastante prático. Já fizemos visitas a restaurante, fazenda e a uma área de agricultura urbana”, conta. Essa é uma característica que agrada igualmente a Adriana. Ela ressalta as vantagens da grade curricular como incentivo para os alunos. “O curso foi montado de uma forma bem diferente dos cursos de outras faculdades. Desde o início, estamos em contato com a área, temos matérias relacionadas com a prática futura”, diz ela, sem se importar com o fato de ter aulas em diferentes Unidades da UFMG. “Acho isso muito interessante, porque vamos ter uma maior integração com outras áreas”, afirma.