Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 2 - nº. 5 - Junho de 2004 - Edição Vestibular

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Fonoaudiologia

Fonoaudiologia cuida da voz e da audição, para garantir tranqüilidade no trabalho e na vida social

A rotina de Juliana Garcia, de 23 anos, está para ser alterada, e muito, o que pode significar até mudança de cidade. Ela foi aprovada em concurso nacional para fonoaudiólogos do Hospital Sara Kubitschek. Egressa da primeira turma de Fonoaudiologia da UFMG, Juliana não esconde que os alunos tiveram alguns problemas durante o curso, inclusive de espaço físico, porém garante que as dificuldades foram superadas, especialmente, pela alta qualidade do corpo docente. “Ninguém precisa temer um curso novo, tanto que tiramos a melhor nota do Provão”, ressalta.

Entre as vantagens do curso, Juliana lembra que todos, em sua turma, tiveram alguma experiência com pesquisa, além de muitas atividades práticas oferecidas pela grade curricular. Ela trabalhou, como voluntária, em uma pesquisa com pacientes atendidos pelo Centro de Investigação de Esclerose Múltipla (Ciem), do Hospital das Clínicas, de que participavam um otorrino e outros estudantes de Fonoaudiologia. A pesquisa consistia em se fazerem exames audiológicos e testes de equilíbrio para discutir-se a necessidade desse tipo de avaliação em vítimas de esclerose múltipla.

“Às vezes, o paciente está apresentando perda auditiva e nem percebe. Com os testes, podemos detectar muito rapidamente o problema”, explica ela, destacando que os resultados confirmaram a necessidade de inclusão desses exames na rotina de diagnóstico e tratamento dos pacientes. Juliana diz que pesquisa semelhante foi feita com policiais militares. Entre os PMs, também foi atestada grande incidência de alterações auditivas, porque são pessoas sempre muito expostas a altos índices de ruído.

Divulgação

No concurso do Sara Kubitschek, Juliana concorreu a uma das 19 vagas, que vão cobrir todas as seis unidades do Hospital no país. Ela vai lidar com pacientes com problemas neurológicos, em conseqüência de, por exemplo, traumatismos ou paralisia cerebral. “Vou fazer algo bem diferente daquilo a que mais me dediquei na Escola, mas não tenho receio, porque o curso me deu uma formação muito boa”, argumenta.

O futuro quadro de pacientes da recém-formada Juliana Garcia será o mesmo com o qual a fonoaudióloga Adriana Baeta, de 31 anos, lida há cerca de nove anos. Responsável pela implantação do serviço de Fonoaudiologia em hospitais de Belo Horizonte, a rotina de Adriana inclui vítimas de lesão cerebral que adquiriram dificuldades de linguagem e de deglutição. “Além de especialização e bom senso, o fonoaudiólogo precisa ter critérios éticos bem estabelecidos, para que não ultrapasse os limites de sua própria atuação”, defende ela, ressaltando que o profissional nunca agirá sozinho.

“Nosso trabalho depende de uma integração com outros profissionais, como o neurologista, o fisioterapeuta e o clínico geral”, aponta. Também em consultório particular, Adriana só atende pacientes com problemas neurológicos. Para ela, a especialização é uma grande demanda da Fonoaudiologia. “É preciso escolher uma área e abraçá-la, para nela ser referência”, sugere. “Os tratamentos envolvem a reabilitação de pessoas com um quadro agudo e não posso dizer que seja fácil trabalhar com pessoas tão fragilizadas. É preciso ter muita persistência e saber, é claro, utilizar os recursos técnicos corretamente”, diz, reforçando que não existem, na Fonoaudiologia, resultados rápidos.

Intensas trocas disciplinares

Um dos cursos mais novos da UFMG, Fonoaudiologia é dos mais procurados no Vestibular. A média é de 20 candidatos para cada uma das 50 vagas oferecidas anualmente. Segundo a coordenadora do Colegiado de Graduação, professora Ana Cristina Cortes Gama, a disputa é acirrada porque, entre outros motivos, os candidatos reconhecem o padrão UFMG de qualidade e buscam essa Universidade. Quem consegue a aprovação encontra um curso marcado pela interdisciplinaridade, mas que prepara o profissional para atuações bastante específicas.

O que é essa ciência e o que faz esse profissional?

É uma ciência que lida com os distúrbios da comunicação, envolvendo a fala, a voz, a linguagem e a audição. Trabalhamos, por exemplo, com crianças que trocam sons na fala ou com pessoas que têm problemas de audição, fazendo avaliação por meio de exames para mensurar a perda, selecionando próteses auditivas adequadas e auxiliando numa fala melhor. Na linguagem escrita e oral, assistimos pacientes que têm problemas de aprendizado, de leitura, de escrita, pacientes que têm déficit mental, que sofreram AVC (acidente vascular cerebral) ou são acometidos de doenças como mal de Alzheimer. Na voz, trabalhamos com pessoas roucas, com pessoas que usam essencialmente a voz para trabalhar. Mas, além de atentarmos para os distúrbios, trabalhamos no aperfeiçoamento dos padrões comunicativos, com profissionais de rádio e de televisão.

Pela descrição, a Fonoaudiologia tem um espaço muito grande em outras especialidades, como a Otorrinolaringologia. Como são trabalhadas essas trocas disciplinares?

O curso nasceu na Faculdade de Medicina e isso já diz muito da interdisciplinaridade. Porém, as funções do fonoaudiólogo são bem específicas e diferenciadas. Alguém com problema de audição, procuraria o médico para o diagnóstico e para a medicação, mas o fonoaudiólogo faria o trabalho de reabilitação. Existe, então, diferença grande nas funções, nas competências, por mais que essa disciplinaridade aconteça. Se a pessoa ficou rouca por causa de alergia, o médico especialista indicará a causa e o remédio. Mas se a rouquidão for causada por uso excessivo da voz, aí é trabalho para o fonoaudiólogo.

Eber Faioli

Para ADRIANA, o fonoaudiólogo precisa ter critérios éticos bem estabelecidos

Como é a área de trabalho?

O campo de atuação é bastante amplo e oferece um leque de opções variado. O fonoaudiólogo trabalha em escolas, hospitais, clínicas particulares, consultórios, mas encontra, também, espaço em empresas de telejornalismo, de telemarketing, em grupos teatrais e trabalha muito em atendimento domiciliar, com pessoas acamadas, ou não.

Essa variedade de funções se expressa no curso?

Nosso currículo é flexibilizado. Os alunos podem e devem fazer disciplinas em vários outros cursos, procurando afinidades, áreas de interesse e especializações. O curso possui disciplinas obrigatórias nos institutos de Ciências Biológicas e de Ciências Exatas, nas faculdades de Medicina e de Filosofia e Ciências Humanas, na Escola de Educação Física e na de Música. São onze as Unidades da UFMG envolvidas com o curso. A prática é privilegiada no curso a partir do quarto período, sendo que, no oitavo, existem apenas disciplinas práticas. Fazemos atendimentos no Ambulatório de Fonoaudiologia do Hospital das Clínicas, no anexo São Geraldo, que, aliás, é moderno e muito bem equipado.

O curso é novo e, mesmo assim, tem uma procura grande no Vestibular. Isso influência na sua qualidade?

Temos duas entradas por ano, de 25 alunos cada uma. Formamos a primeira turma agora, em fevereiro passado, e fomos o curso que recebeu a maior nota no Provão. Tiramos a maior média nacional e uma aluna nossa tirou a maior nota entre os cursos avaliados no Brasil.

Por que isso aconteceu? Qual foi o diferencial?

Primeiro, o padrão UFMG. Depois, o fato de o curso envolver várias Unidades Acadêmicas, com um corpo docente muito preparado. A seleção dos alunos é muito boa. A disputa pelo curso é grande – desde que foi criado, a média é de 20 candidatos por vaga.