Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 2 - nº. 5 - Junho de 2004 - Edição Vestibular

Editorial

Entrevista
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Outras edições

Do básico ao sofisticado

Ciência da Computação

Conhecimento de ampla aplicação na sociedade contemporânea, Computação exige profissionais em constante qualificação

Quando ganhou seu primeiro computador, Yuri Gitahy de Oliveira tinha 12 anos. O “brinquedo” era um Apple e foi nele que o, hoje, diretor de Tecnologia da Informação da empresa Vetta Technologies fez as primeiras incursões no mundo da Informática, que o acabaram conduzindo ao curso de Ciência da Computação da UFMG, em que se formou em 1994. Assim como a área é fortemente subordinada à inovação, Yuri é dependente de desafios, o que o ajudou na sua jovem carreira de profissional bem-sucedido. Avesso ao comodismo, ele prega como fundamental o investimento do profissional no aprendizado de várias habilidades da Computação. Isso, segundo ele, auxilia no atendimento a exigências generalistas do mercado.

A Ciência da Computação, diz Yuri, correspondeu exatamente ao que ele queria, um curso que desse ênfase na teoria e que, também, criasse oportunidades de aplicação do conhecimento. Por isso, ainda estudante, ele se envolveu com projetos de pesquisa e com estágios em empresas. Quando se formou, foi direto para o mestrado, também na UFMG, e na dissertação trabalhou com “reconhecimento de faces”, um programa utilizado para identificação de pessoas. Logo depois, em 1999, Yuri embarcou para São Paulo, onde ajudou a montar o Bol e, como coordenador de operações, garantia o funcionamento das máquinas de um dos maiores provedores de Internet do país.

Como diretor da Vetta Technologies – uma empresa de software em diferentes áreas, da biotecnologia à construção pesada, e com clientes no Brasil e no exterior –, Yuri se voltou para a estratégia e a administração do negócio, mas “continua dando palpites na área técnica”. Segundo Yuri, o mercado da computação está aberto, porque possui uma característica intrínseca à área. “Como é um mercado dependente da tecnologia, ele está em evolução constante, sempre atrás de inovação, o que significa que precisa de profissionais especialmente atualizados.”

Eber Faioli

Ao acessar a rede de computadores de alguns órgãos municipais, o funcionário público entrará em contato com programas que foram desenvolvidos com a ajuda de Leonardo Luiz Padovani da Mata, de 22 anos, aluno do sétimo período de Ciência da Computação. Durante dois anos, ele foi estagiário na Prodabel, a empresa de processamento de dados da Prefeitura de Belo Horizonte, e ali ajudou a construir o Libertas, um sistema operacional a partir do Linux. “Foi uma experiência muito boa, abriu vários caminhos para mim”, atesta Leonardo, atualmente estagiário no Laboratório de Software Livre (LSL), do Departamento de Ciência da Computação.

Leonardo conta que o envolvimento com o LSL o incentivou a participar, como voluntário, de um projeto de Iniciação Científica, em que trabalhou, especialmente, com mídias ao vivo. A pesquisa dele compunha um projeto maior de “distribuição de mídia contínua” para a Internet, o que significa definir mecanismos necessários para a exibição de programas na rede mundial de computadores, como partidas de futebol, vídeos e programas de rádio. Com essa experiência, decidiu fazer sua monografia final de curso em “Computação paralela e distribuída”.

Para a monografia, ele trabalha com um programa de cluster elaborado pela Universidade de Ohio, nos Estados Unidos, e outras entidades. O cluster, explica Leonardo, é, nesse caso, um conjunto de computadores interligados, em diferentes lugares no mundo, que executam cálculos complexos de matemática, que necessitariam de um tempo muito grande para a obtenção de resultados. “Os cálculos são divididos entre os computadores, agilizando-se o processamento”, diz Leonardo.

Esbanjando gás, Leonardo está ligado, também, ao projeto que o LSL está realizando para a Caixa Econômica Federal – a preparação de um outro sistema operacional baseado no Linux. “Gosto muito do curso e não acho que ele seja difícil, apenas é trabalhoso e pede muita dedicação e estudo”, afirma Leonardo, que vislumbrou sua futura profissão ainda quando estudante de Eletrônica, no Colégio Técnico (Coltec) da UFMG.

Na ponta da tecnologia

Habilitado a projetar, implementar e avaliar quaisquer tipos de sistemas computacionais, desde os muito simples até os mais herméticos, o profissional da Ciência da Computação está em constante ritmo de aprendizado e de atualização. É alguém que não poderá perder nunca o fio da meada e que é impulsionado pelo desafio no dia-a-dia, pois corre atrás do desenvolvimento tecnológico todo o tempo. Na Ciência da Computação, diz o coordenador do Colegiado de Graduação, professor Wagner Meira, o aluno é formado para atuar nesse ambiente de desenvolvimento tecnológico contínuo. “Nosso aluno não é formado para atuar nos próximos quatro anos, mas nos próximos quarenta”, enfatiza.

Foca Lisboa
LEONARDO avisa: “curso pede muita dedicação e estudo”

A Ciência da Computação é um dos cursos mais procurados da UFMG. A que se deve essa demanda?

A área de Informática é, ainda, efervescente. Um fenômeno de grande impacto, a web, está completando 10 anos agora. É um campo extremamente dinâmico e inovador. E um diferencial que o Departamento de Ciência da Computação (DCC) apresenta é que, apesar de lidarmos com algo que está em constante evolução, prezamos bastante a qualidade. Nosso profissional é reconhecido, qualificado, e avança junto com a área de Informática. O DCC já está na Internet II, que nem está aberta comercialmente, desde 1997. Os nossos alunos têm cursos de comércio eletrônico e de computação móvel desde 1999, quando a área estava começando, e novos cursos são introduzidos constantemente, como o curso de programação em jogos. A formação do aluno não é simplesmente baseada num currículo estático e ele não vem aqui só para assistir a aulas. Como o DCC é extremamente atuante na área de pesquisa, os alunos participam ativamente desse processo e os resultados são levados para a sala. Grande parte dos nossos alunos trabalha no Departamento em atividades de pesquisa e de desenvolvimento tecnológico, lidando sempre com tecnologia de ponta e de primeira linha.

Essa característica da Computação de estar em constante evolução exige que o profissional da área seja uma pessoa predisposta à educação continuada?

Na área de Informática, a educação continuada é uma prática comum, seja o profissional autodidata, ou não. Se a pessoa não estiver constantemente lendo, atualizando-se, aperfeiçoando-se, acabará perdendo-se no meio do caminho. Uma cararacterística importante da área de Informática é que ela é uma das poucas áreas em que teoria e prática caminham juntas, sendo um desafio constante para o profissional compatibilizá-las.

Como instituição pública, a UFMG enfrenta diversos problemas financeiros. Por outro lado, Ciência da Computação é um curso que exige prática constante e tecnologia sempre renovada. Como o DCC consegue acompanhar a inovação tecnológica?

O DCC tem não só pesquisa forte como desenvolvimento tecnológico forte, que se traduz em várias atividades de extensão remunerada, que custeiam muito do que acontece aqui. Entre projetos de pesquisa e de extensão, o DCC está captando alguns milhões de reais por ano, o que é reinvestido no próprio Departamento.

O mercado tende à especialização?

Não existe uma tendência clara. Depende do nicho de atuação da pessoa. Certos nichos pedem especialização, mas outros querem o profissional generalista. Um aspecto importante: como temos grande preocupação com a formação do aluno, ele tem a capacidade de transitar nos dois cenários. Pode ter tanto atuação específica como ampla.