Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 3 - nº. 7 - Julho de 2005 - Edição Vestibular

Editorial

Entrevista
UFMG: uma instituição de ensino com responsabilidade social

Inclusão
Um portal chamado universidade

Assistência ao estudante
Antes de tudo um direito

Mundo Universitário
Os muitos olhares da graduação

Organização do Vestibular
Vestibular não é bicho de sete cabeças

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Outras edições

Sempre um bom negócio

Administração

No mundo globalizado e da constante transformação das relações econômicas e do trabalho, o administrador deve ser, antes de tudo, um aproveitador de oportunidades

Nas contas do administrador José Flávio Pereira, 42 anos, ele já trabalhou em seis mil empresas. Exagero à parte, ele contabiliza enorme experiência no contato com micro, pequenas e médias empresas como consultor, dando treinamentos em gestão e prestando assessoria financeira. Ele foi também um dos que ajudou a implantar a Escola Técnica de Formação Gerencial do Sebrae e já foi sócio em uma pequena fábrica de calçados e em uma loja de móveis, além de criador de porcos.

Banespa/Divulgação

José Flávio é, agora, professor em faculdades particulares, consultor de grandes empresas em projetos de viabilidade financeira e, desde sempre, um inquieto. Há três anos, cria avestruz, mas faz isso com o dinheiro de investidores. É pouco? Então, saiba que, no fundo, no fundo, José Flávio quer mesmo é ter uma empresa de microcrédito, mas que, segundo ele, vai emprestar apenas para empresários que estejam dispostos ao aprimoramento e mudanças na forma de gerir os negócios.

"O administrador deve ser um empreendedor, e o empreendedor é aquele que percebe e aproveita todas as oportunidades", assinala.

Saber sedimentado Além de empresas e órgãos públicos, os administradores encontram espaço em entidades como fundações de cultura, hospitais e ONGs. Apesar de amplo, o mercado de trabalho é muito exigente e sofre concorrência direta de outros profissionais, especialmente de engenheiros e advogados, além dos próprios empresários que, muito comumente, acreditam prescindir dos conhecimentos da administração.Por isso, segundo a Coordenadora do Colegiado de Curso, professora Míria Miranda Oleto, é importante que o aluno tenha uma visão generalista da profissão, com conhecimentos bem sedimentados, para atuar em qualquer área da administração das organizações. Entretanto, o curso também possui ênfases em Marketing, Finanças, Produção e Recursos Humanos. Em processo de flexibilização, o curso não deverá apresentar grandes mudanças.

Foca Lisboa

"O aluno já carrega uma visão diferenciada, conquistada em outras áreas", diz a professora, que acentua uma das especificidades do curso: "A gente recebe muito mais alunos de fora do que encaminha para outros cursos". Para Míria Oleto, este é um bom exemplo da importância da Administração. "Hoje, todo mundo trabalha com gestão. E como esta é uma área em que não se pode mais atuar sem conhecimento, não importa se é economista, médico ou dentista, a procura por disciplinas no curso é grande", afirma.

Grandes oportunidades, pequenas empresas

O administrador tem que ser alguém antenado com o mundo, não apenas do ponto de vista econômico. Engana-se, diz Míria Oleto, quem acredita que o enfretamento de problemas nesta área se faz apenas com o domínio de ferramentas e técnicas específicas da Administração. O profissional deve estar em permanente contato com todo e qualquer tipo de informação. Sem uma sólida base cultural e política, e sem conhecimentos das ciências sociais e humanas, o administrador não tem condições de agir.

Logo que se formou, Guilherme de Oliveira Giffoni, 28 anos, percebeu a necessidade de dominar conhecimentos variados. Sócio de uma empresa de exportação e importação, que se relaciona especialmente com pequenas empresas e com consórcios de microempresas. "É muito visível a desorganização das empresas. Às vezes, o empresário tem uma megaoportunidade e deixa-a passar, porque não sabe como fazer dela uma mina de dinheiro. E é aí que conseguimos entrar, mostrar resultados de uma ação profissionalizada", afirma Guilherme.

Para ele, os pequenos negócios são um alvo extraordinário para os administradores e os números que mostram a mortalidade prematura das micro e pequenas empresas no Brasil confirmam sua opinião.

É nesse filão que Pedro Schettini Cunha, 22 anos, aluno do 8o período, está de olho. Depois de diferentes estágios, ele está vivenciando uma experiência onde exercita funções com bastante autonomia. Pedro trabalha numa empresa familiar, sobrevivente há seis anos no setor de produção de uniformes profissionais e de uma pequena linha de roupas sociais. "A estrutura administrativa da fábrica era bastante frágil. Entrei ajustando toda a parte de controle de estoques, de contas, de orçamentos e de faturamento".

Pedro diz que tem plena segurança dos métodos e ações que está implementando na fábrica e avalia que a base teórica adquirida no curso tem, nesse caso, importância fundamental. "É muito interessante notar como não sou dependente de ferramentas prontas e acabadas. Com o conhecimento que tenho, consigo me movimentar muito bem e encontrar soluções adequadas para os muitos problemas que aparecem", assinala.

Um pouco maçante no início, segundo a opinião de Danuza Leão Apolinário, 23 anos, o curso de Administração reserva surpresas, mesmo para quem já tinha passado por um outro curso, o de Engenharia Mecânica. "Temos conhecimento de muitas áreas diferentes, como Economia, Psicologia ou Ciências Sociais, e isso para mim é o ideal", salienta Danuza. Os projetos de pesquisa atraíram-na de cara. Ela trabalhou numa pesquisa sobre cooperativas de trabalho, que mostrou como estas instituições podem funcionar como fator de precarização do trabalho.

"O curso proporciona ao aluno oportunidades de práticas tanto na academia quanto no mercado", salienta Danuza, que já foi estagiária da Ferrovia Centro Atlântica. "Mas é preciso escolher bem os estágios", avisa ela, lembrando que muitas empresas e instituições não dão o suporte necessário ao estudante para que ele realmente aprenda com aquela prática. "Nos pagam como estagiário e nos tratam como funcionários", alerta.

Pesquisa realizada pelo Sebrae, no ano passado, indica que 49% das micro e pequenas empresas no país fecham as portas em até dois anos de existência; 56,4% com até três anos, e 59,9% não sobrevivem além de quatro anos. Numa economia onde esta categoria de empresas representa 29% do Produto Interno Bruto -3,6 milhões de empresas formais - é reveladora da importância desse mercado para a economia do país e também para os administradores.