Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 3 - nº. 7 - Julho de 2005 - Edição Vestibular

Editorial

Entrevista
UFMG: uma instituição de ensino com responsabilidade social

Inclusão
Um portal chamado universidade

Assistência ao estudante
Antes de tudo um direito

Mundo Universitário
Os muitos olhares da graduação

Organização do Vestibular
Vestibular não é bicho de sete cabeças

Fontes de informação
Conhecimento em rede

Ciências Agrárias
Agronomia
Medicina Veterinária
Zootecnia

Ciências Biológicas
Ciências Biológicas

Ciências da Saúde
Nutrição
Educação Física
Enfermagem
Farmácia
Fisioterapia
Fonoaudiologia
Medicina
Odontologia
Terapia Ocupacional

Ciências Exatas e da Terra
Ciência da Computação
Ciências Atuariais
Estatística
Física
Geologia
Matemática
Matemática Computacional
Química
Sistemas da Informação

Engenharias
Engenharia Civil
Engenharia de Controle e Automação
Engenharia de Minas
Engenharia de Produção
Engenharia Elétrica
Engenharia Mecânica
Engenharia Metalúrgica
Engenharia Química

Ciências Humanas
Ciências Sociais
Filosofia
História
Pedagogia
Psicologia

Ciências Sociais Aplicadas
Administração
Arquitetura e Urbanismo
Biblioteconomia
Ciências Contábeis
Ciências Econômicas
Comunicação Social
Direito
Geografia
Turismo

Lingüística, Letras e Artes
Teatro (Artes Cênicas)
Artes Visuais (Belas Artes)
Letras
Música

UFMG Diversa
Expediente

Outras edições

Inclusão

Um portal chamado Universidade

Pode haver dúvidas quanto aos mecanismos, mas parece ser consenso entre governo, parlamentares, universidades e sociedade a necessidade da adoção de instrumentos para inclusão social

No Brasil, apenas cerca de 11% dos jovens que terminam o ensino médio prosseguem os estudos e tornam-se universitários. O privilégio estampa uma situação de futuro difícil para o país e está, claramente, refletido nos números que traçam perfis de estudantes que têm acesso às universidades públicas.

Na UFMG, esse perfil foi detalhado a partir de um amplo estudo baseado em perguntas formuladas aos candidatos que enfrentaram o vestibular em 2003 e em 2004. Os questionários deram origem ao Censo Socioeconômico e Étnico na UFMG. O trabalho, realizado pelo professor Mauro Mendes Braga, lida com dados dos candidatos aprovados e, mesmo apresentando algumas dificuldades — como, por exemplo, o fato de mostrar a situação do estudante apenas na fase de ingresso na Universidade — é um documento rico para nortear inúmeras discussões sobre o rumo da instituição e, mesmo, do vestibular.
Foca Lisboa

Análises produzidas pelo professor MAURO BRAGA detalham o perfil dos estudantes que entraram para a UFMG

Como referencial para as análises, foi criada uma escala denominada FSE (Fator Socioeconômico), que combina renda familiar, nível de instrução e tipo de profissão dos pais, além de aspectos da trajetória escolar. O FSE é parâmetro de avaliação diferenciado de outros utilizados em análises estatísticas, porque é muito mais específico.

Retrato estudantil De uma maneira geral, o retrato do estudante da UFMG desenhado pelo Censo é o seguinte: ele é de classe média; cursou ensino médio diurno e não profissional; veio principalmente da escola média privada; é solteiro; autodeclara-se da raça branca; tem, em média, 20 anos (ou até 24) e passou no vestibular pouco tempo depois de concluir o terceiro ano. Esse aluno típico não trabalhava quando se candidatou ao concurso (1/4 trabalhava), reside no Estado, e pelo menos um dos pais tem curso superior. A maioria da comunidade é formada por estudantes homens, apesar de 57% das inscrições ao vestibular terem sido feitas por mulheres.

Esse perfil geral foi traçado por Mauro Braga, professor de Química e chefe de gabinete da reitora Ana Lúcia Gazzola. No detalhamento, 2/5 dos estudantes da UFMG cursaram ensino médio em escolas municipais, estaduais ou federais. Esse número, no entanto, vem decrescendo, pois, nos últimos dois anos foi registrada uma queda no percentual de candidatos provenientes da rede pública — 61%, em 2002; 58%, em 2003; e 56% em 2004 — explicada pela queda no número de alunos que concluíram o terceiro ano em Minas Gerais.

Olho nos índices Apesar disso, o nível de aprovação desse contingente no vestibular não se abalou. O que o Censo mostrou é que a manutenção do percentual de 2/5 de estudantes provenientes de escolas públicas está relacionada com a ampliação de vagas nos cursos noturnos. Em 2004, em comparação com 2003, foram abertas 240 vagas noturnas, nos cursos de Direito (200) e Ciências Biológicas (40).

Não por coincidência, a UFMG defende e adota a inclusão social pela via do aumento das vagas e abertura de cursos noturnos. Os que concordam com essa linha de atuação apóiam-se, principalmente, no argumento de que a adoção de cotas raciais e sociais — em lugar do aumento do número de vagas e da oferta de cursos noturnos — provocaria uma queda no número de alunos negros e vindos de escolas públicas em vários cursos. A maioria dos alunos da UFMG é branca e estudou em colégios particulares, porém a análise da entrada nos cursos noturnos indica índices bem diferentes. Em 2003, 63% dos aprovados nos cursos noturnos vieram da rede pública de ensino e 23% autodeclararam-se negros. Em 2004, os índices foram de 59% e 38%, respectivamente.

A questão racial associada às condições socioeconômicas é um fator importante no debate da inclusão social, observa Mauro Braga, porém ele pondera, no caso da UFMG, as diferenças sociais e econômicas são mais expressivas e estão melhor enunciadas quando se trata do tipo de escola freqüentada pelos candidatos aprovados. Os valores médios do FSE e da renda familiar de brancos são, respectivamente, cerca de 35% e 50% superiores aos dos negros, mas quando a comparação se faz entre os egressos da rede privada e da rede pública, os percentuais correspondentes são, respectivamente, de 125% e 140%.