Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 3 - nº. 7 - Julho de 2005 - Edição Vestibular

Editorial

Entrevista
UFMG: uma instituição de ensino com responsabilidade social

Inclusão
Um portal chamado universidade

Assistência ao estudante
Antes de tudo um direito

Mundo Universitário
Os muitos olhares da graduação

Organização do Vestibular
Vestibular não é bicho de sete cabeças

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Metamorfose ambulante

Engenharia Civil

Engenheiro civil, profissional versátil e capaz de atuar em lugares que vão muito além dos canteiros de obras

Que estudante de Engenharia não gostaria de estar nesta situação? Pai engenheiro, escritório montado e experiência adquirida mesmo antes de obter o canudo. Mas essas facilidades não levaram o engenheiro civil Sérgio Veloso de Menezes, 39 anos, à acomodação. Ele surpreendeu a todos, quando, dois anos após se formar, arrumou as malas e partiu para a pós-graduação nos Estados Unidos. De volta ao Brasil, Sérgio confirma a personalidade inquieta e, novamente, alterou a rota profissional. Mudou-se para São Paulo, onde passou a trabalhar para uma das mais importantes empresas do mundo em consultoria de estratégias corporativas. O engenheiro civil trocou de ares, assumiu o tino para os negócios e colocou em prática a capacitação em gestão.

Eber Faioli

Canteiro sob controle: engenheiro civil usa raciocínio lógico para superar os problemas que surgem durante a realização das obras

Para quem está de fora, essa história pode parecer estranha, mas o viés de gestor acompanha de perto os engenheiros civis. Para o coordenador do Colegiado de Curso de Engenharia Civil da UFMG, professor Roberto Márcio da Silva, é comum os engenheiros civis ocuparem espaços que, a princípio, não teriam uma ligação direta com as atividades tecnológicas da Engenharia. "Eu sempre me vali dos conhecimentos de engenheiro, porque a formação é que me deu capacidade de análise e de planejamento", afirma Sérgio Veloso.

Perfil múltiplo "Nas maiores empresas do Brasil, grande parte das funções executivas é desempenhada por engenheiros. Parece incoerente, mas não é. Os engenheiros preocupam-se com especializações e destacam-se por causa do raciocínio lógico e da facilidade que têm para resolver problemas a todo momento. O engenheiro tem um perfil múltiplo que se adapta a várias outras funções", explica Roberto Márcio.
Eber Faioli

SERGIO VELOSO trocou o canteiro de obras pelo escritório, os cálculos estruturais pelas análises e o planejamento

O engenheiro Sérgio Veloso concorda com o professor da UFMG e conta que, depois de anos elaborando estratégias para empresas que participaram dos leilões de privatizações no Brasil, ocorridos especialmente nos anos 90, ele transferiu-se para a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), há dois anos, onde associa a experiência de gestor com a de engenheiro.

"Para isso, tenho que conhecer os processos operacionais", diz ele, lembrando que, antes mesmo de terminar a Graduação e o Mestrado, trabalhou seis anos no escritório do pai. "O engenheiro civil não deve fazer a pós-graduação logo após concluir o curso. A prática consolida os ensinamentos e é preciso que isso aconteça antes da especialização", argumenta. Porém, grande parte dos futuros profissionais vê a pós-graduação como uma exigência do mercado de trabalho e acabam cedendo à pressão. "É uma tendência que se tem intensificado", admite o professor Roberto Márcio.

Fascínio ambiental Sabrina Rubinger, 26 anos, e Leandro Leal, 22 anos, estão no 9º período do curso de Engenharia Civil da UFMG. Em comum, eles têm a vontade de partir para o Mestrado e de trabalhar na área ambiental. "O que me fascina na Engenharia Civil é que existe uma interação enorme em tudo o que a gente estuda e, por fim, em tudo que poderemos fazer profissionalmente. As opções variadas reservam ao futuro profissional chances de não se desiludirem com o mercado de trabalho", diz Sabrina, que trocou a Engenharia Elétrica pela Civil. "A gente está sempre descobrindo novas possibilidades", assegura Leandro.

"Quem não conhece o curso direito associa a Engenharia Civil apenas à construção de prédios, pontes, casas. Mas penso que temos tantas direções a seguir que, quando deparamos com crises em determinado setor, temos para onde correr e buscar novas oportunidades", aposta Sabrina. "Conheci a área de trânsito e adorei. Estudei como fazer projetos de instalação elétrica em prédios residenciais e adorei. Então, acredito que o engenheiro civil consegue se encaixar em inúmeros lugares", conclui.

Versatilidade A estrutura do curso possibilita a versatilidade profissional. São seis áreas: Construção Civil, Estruturas, Transportes, Hidráulica e Recursos Hídricos, Sanitária e Ambiental, Solos e Geotécnica. Este currículo está em processo de reformulação para adequar-se às regras de flexibilização na UFMG. Em outras palavras, flexibilizar é deixar que o aluno faça as próprias escolhas. A tendência, então, avalia professor Roberto Márcio, é de que sejam desenhadas outras opções de formação.

Há dois anos, Sabrina fez estágio na Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e desenvolveu, para a instituição, um projeto de coleta seletiva de lixo. "Eu já tinha feito a disciplina de Gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos e aproveitei muito a experiência", conta. Sabrina gostou tanto da experiência que partiu para um projeto de pesquisa também associado à área ambiental. Várias universidades do país participam dessa iniciativa, dando contribuições ao Programa Nacional de Saneamento Básico.
Foca Lisboa

SABRINA RUBINGER participa de uma pesquisa que tem dado contribuições ao Programa Nacional de Saneamento Básico. O estágio de LEANDRO LEAL é no Aterro Sanitário de BH (foto)

A possibilidade de atuação em projetos ambientais é também o que mais atrai Leandro na Engenharia Civil. Suas convicções foram amadurecidas durante o intercâmbio que fez na École Nacionale Ponts Chaussées, na França, a partir de um convênio da instituição francesa com o departamento de Recursos Hídricos da UFMG. Durante seis meses, Leandro freqüentou os bancos da escola parisiense. Ele cursou especialmente disciplinas na área ambiental, que se somaram ao currículo de Engenharia Civil da UFMG.

Além do intercâmbio, Leandro passou por dois projetos de Iniciação Científica, na área de Estruturas. Em um deles, realizou ensaios de compressão em parede, que medem com exatidão a resistência dos materiais. No outro, o enfoque era computacional. Atualmente, o estágio de Leandro é no Aterro Sanitário de Belo Horizonte, onde desenvolve atividades relacionadas ao meio ambiente.

Mão na massa O estágio é um grande estimulo para os estudantes. A procura começa cedo, logo nos primeiros semestres. Mas o estágio obrigatório e supervisionado acontece a partir do 7o período. A Engenharia Civil ainda possui uma prática didático-pedagógica, iniciada há mais de cinco anos, batizada de Trabalho Integralizador Multidisciplinar (TIM). Esse programa acompanha o aluno ao longo dos semestres e exige que ele faça um projeto de intervenção na cidade que leve em conta as diferentes habilidades do engenheiro civil.

Mas a principal inovação do curso é o Internato Curricular, uma proposta que persegue a filosofia de uma formação generalista e amparada no social. No Internato, os alunos deslocam-se para o interior e "colocam a mão na massa", realizando projetos que serão priorizados pela própria administração municipal. "Esse ainda não é obrigatório, mas quem faz tem um aproveitamento enorme, e quando volta percebe que conheceu de perto a realidade do nosso interior", assinala o coordenador do Colegiado de Graduação e professor da UFMG, Roberto Márcio da Silva.