Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 3 - nº. 7 - Julho de 2005 - Edição Vestibular

Editorial

Entrevista
UFMG: uma instituição de ensino com responsabilidade social

Inclusão
Um portal chamado universidade

Assistência ao estudante
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Os muitos olhares da graduação

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Vestibular não é bicho de sete cabeças

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Agronomia

Da agricultura familiar ao agronegócio, curso prepara profissionais para um mercado diversificado

O curso de Agronomia, flexibilizado este ano, oferece aos alunos duas opções de formação complementar — uma, na área de organização empresarial, o outra, na de vendas. "Produzir não é difícil, o problema é conseguir comercializar", justifica o coordenador do Colegiado de Curso, professor Luiz Arnaldo Fernandes. A Agronomia é oferecida no Núcleo de Ciências Agrárias (NCA), em Montes Claros, norte de Minas Gerais, onde a UFMG mantém um campus regional. Desde o ano passado, o espaço desse Núcleo é dividido com o curso de Zootecnia. Segundo Fernandes, com as opções de formação complementar em "Administração e Marketing" e "Economia e Comércio", a Agronomia tornou-se um curso diferenciado.

A escolha das áreas, favorecida pelas condições oferecidas - laboratórios e fazenda experimental -, explica o coordenador, demandou a contratação de novos professores e reflete uma realidade de mercado: "Notávamos que o aprendizado do gerenciamento das atividades rurais, da empresa rural, assim como uma noção mais aprofundada na área das vendas, era uma demanda crescente."

Eber Faioli

CARLOS ARAÚJO é responsável pela fiscalizalização de áreas verdes do município.

As disciplinas obrigatórias dão ênfase a questões da agricultura do semi-árido e da agricultura familiar. Fernandes acrescenta que o curso na UFMG, embora tenha grande preocupação com a realidade da região, não se restringe às demandas locais, tanto que atrai alunos de vários lugares. Sílvio Júnior Santos, 27 anos, 9o período, é um deles.

Há dois anos, Sílvio é bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig) e trabalha em projetos na área de nutrição de plantas e fitotecnia. Prestes a se formar, ele pensa em tentar o Mestrado em outras universidades como a de Lavras, no sul do Estado, ou Viçosa, na Zona da Mata. "A especialização é importante", afirma.

Vivência rural Este ano, diz Luiz Arnaldo Fernandes, o curso pleiteia a participação em um programa do Ministério do Desenvolvimento Agrário, que oferece a oportunidade de os alunos realizarem "estágio de vivência rural", inicialmente por seis meses, no último semestre do curso, em áreas cultivadas por pequenos agricultores. O estágio se prolonga por mais um ano após a formatura, ainda com recursos do Ministério. Dessa forma, os alunos estarão atuando principalmente em áreas de reforma agrária e de agricultura familiar.

"Temos vários cursos de Agronomia em Minas, mas muitos visam, especialmente, à agricultura empresarial. Por isso, a nossa preocupação em manter o elo forte com a agricultura familiar, mesmo porque as políticas públicas também se voltam para essa opção", esclarece Fernandes, salientando que o curso mantém diferentes projetos de extensão desenvolvidos em comunidades, quilombos, tribos indígenas e assentamentos rurais.

Necessidades do campo Apesar de o interesse por atividades produtivas rurais ser uma condicionante para quem pretende cursar Agronomia, o currículo não está voltado apenas para as áreas biológica, ambiental, social ou econômica. O agrônomo é formado para atender as necessidades do campo, buscando alternativas criativas e tecnológicas para o aumento da qualidade e da eficiência dos produtos agrícolas, cuidando de todo o processo que envolve a produção — melhoria de solo, por exemplo — comercialização _armazenamento, embalagem e escoamento — de alimentos, bem como a fixação do homem no campo e especial atenção ao meio ambiente

O profissional também dedica-se a projetos de pequenas barragens, açudes, sistemas de drenagem, tratamento de resíduos e manejo de bacias hidrográficas. "São muitas as áreas de trabalho", define o coordenador. Que o diga Paulo Roberto Carvalho, 47 anos, responsável pela Gerência Ambiental da Usina do Funil, empreendimento formado, em Lavras, por um consórcio entre a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD).

Há 23 anos no mercado, Paulo Roberto voltou-se para Agronomia porque tinha vários exemplos na família. Durante nove anos, trabalhou em Pouso Alegre, sul de Minas, no Instituto Estadual de Florestas (IEF), acompanhando áreas de reflorestamento, produção de mudas e projetos de recuperação de bacias hidrográficas.

O agrônomo passou, ainda, pelo escritório do IEF em Varginha, também na região sul, quando fez um curso de sensoreamento remoto, via satélite. Depois de 18 anos como funcionário público, decidiu voltar-se para a iniciativa privada e deu-se bem. Atento à abertura do mercado e certo de que, na administração pública, já tinha cumprido sua trajetória, deixou o IEF e criou uma empresa de agricultura e meio ambiente. "Não estou arrependido", diz ele, que foi contratado pelo Consórcio do Funil para trabalhar, inicialmente, no programa de reativação econômica, dedicado à região e àqueles que foram atingidos pela construção da hidrelétrica. Em seguida, coordenou o processo de desmatamento necessário à instalação do empreendimento e, hoje, gerencia os projetos ambientais desenvolvidos pelo Consórcio.
Arquivo NCA

LUIZ ARNALDO FERNANDES: "O agronegócio tem, cada vez mais, mostrado sua importância no cenário das relações entre os países"

Áreas verdes Formado há pouco mais de um ano na UFMG, Carlos Antônio Delben de Araújo, 27 anos, também não teve problemas de colocação no mercado. Ele trabalha para uma empresa terceirizada pela Gerência de Jardins e Áreas Verdes, da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Belo Horizonte. Todos os dias, Carlos vistoria árvores e a vegetação em geral em parques, praças e ruas da Região Centro-Sul da Capital.

A função de Carlos Araújo é basicamente observar e diagnosticar as condições das árvores, atendendo, especialmente, os pedidos de corte ou de manutenção especial. "A gente acaba competindo com outras profissões, como os biólogos", admite, alegando, porém, que o agrônomo é perfeitamente capaz de assumir esse tipo de atividade. Para ele, o lado ruim do trabalho é constatar que, "em boa parte dos chamados, as pessoas que solicitam o serviço da Secretaria de Meio Ambiente querem é cortar a árvore".