Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 3 - nº. 7 - Julho de 2005 - Edição Vestibular

Editorial

Entrevista
UFMG: uma instituição de ensino com responsabilidade social

Inclusão
Um portal chamado universidade

Assistência ao estudante
Antes de tudo um direito

Mundo Universitário
Os muitos olhares da graduação

Organização do Vestibular
Vestibular não é bicho de sete cabeças

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Outras edições

Assim, vital como a água

Engenharia de Minas

A mineração é essencial à vida. O desafio do engenheiro de Minas é promover desenvolvimento aliado às mais modernas técnicas de preservação ambiental

No 10o período de Engenharia de Minas, perto da formatura, Lílian Lis Cantuária, 26 anos, diz que descobriu a profissão ideal. "Amei o curso desde o primeiro momento", afirma, acreditando que o sucesso da escolha foi ter conseguido juntar interesses que, de uma forma ou de outra, fizeram parte de sua realidade durante toda a vida: grandes áreas de mineração, a preocupação e a curiosidade com o meio ambiente e a facilidade para lidar com as Ciências Exatas.

Segundo Lílian, a opção que fez reflete coerência e, passados cinco anos de muito estudo, ela está convicta de que a mineração, uma atividade presente na vida de todos os seres humanos e, ao mesmo tempo, um incômodo constante para os ambientalistas, não é sinônimo de degradação ambiental e sim de desenvolvimento. "Profissionais como nós, engenheiros de minas, têm que atuar exatamente para que a extração mineral, seja feita com as melhores técnicas de preservação e de recuperação do meio ambiente", afirma.

Meio ambiente Esta é uma tecla em que o coordenador do Colegiado do Curso de Engenharia de Minas da UFMG, professor Adriano Heckert Gripp, gosta de bater. Ele ressalta que a mineração não pode mais ser dissociada da vida humana e portanto, cabe aos profissionais e às empresas uma atuação em consonância com o meio ambiente. "Se não houver a atividade de mineração, a civilização humana acaba imediatamente", diz. A mineração, destaca o professor, é visível em tudo que o ser humano faz ou consome — nas panelas, no próprio fogão, no gás de cozinha e no fertilizante utilizado na agricultura. Nos prédios, nas estruturas metálicas, no tijolo, na areia, no cimento. No carro, nas máquinas e ferramentas de toda e qualquer atividade produtiva e até nos brinquedos das praças e parques. Nas embalagens de alimentos, nas latas de refrigerantes, nos chips do computador e mesmo na fabricação de plásticos produzidos como subproduto do petróleo.

"Não tem jeito; tudo esbarra na mineração", assinala Gripp, para quem o homem tem que observar a atividade do ponto de vista da sua própria necessidade e assimilá-la da melhor forma com relação aos cuidados com o meio ambiente. "A preocupação com o meio ambiente está implícita durante todo o curso", garante, afirmando que as empresas também têm demonstrado na prática tal preocupação. "Um dos grandes custos da mineração hoje é o ambiental".

O engenheiro de minas é um profissional que trabalha em diversas áreas da mineração e pode se envolver em atividades no campo e na cidade. Ele é responsável pela prospecção, lavra e pelo beneficiamento dos minérios, passando ainda pelas atividades que envolvem as águas subterrâneas. Esse profissional está à frente também da inspeção e da fiscalização das áreas exploradas comercialmente e pelas pesquisas de produtos, processos e equipamentos utilizados na mineração. Além disso, as empresas de consultorias e serviços são também uma opção atraente.

Rotina de responsabilidades

Não são poucas as funções e as responsabilidades do engenheiro de minas e foi isso que Lílian descobriu durante o curso. Segundo ela, é surpreendente ver o quanto as funções dos engenheiros de minas são diversificadas. Para melhor conhecer as possibilidades, Lílian dedicou-se à pesquisa, uma atividade bastante incentivada e desenvolvida na Escola de Engenharia da UFMG. Ela conquistou uma bolsa de pesquisa na área de hidrogeologia e mecânica das rochas. "O que eu estudei foi o comportamento das rochas e das águas, algo essencial para a extração do minério", explica.
Eber Faioli

A exploração dos recursos minerais deve, segundo LILIAN CANTUÁRIA, estar associada à preservação e recuperação ambiental

O mineral que mais lhe interessou nesses estudos, conta, foi a crisotila ou amianto branco, uma matéria-prima cuja extração e utilização na fabricação de telhas e reservatórios de água são bastante polêmicas e que está associada a doenças do trabalho como a asbestose, também conhecida como pulmão de pedra. "Sempre quis saber mais sobre isso e sobre o impacto ambiental causado pela extração", afirma Lílian que, já no final do curso, descobriu como novo interesse as minas subterrâneas. Ela preferiu as pesquisas aos estágios, opção contrária à de Tales Jeferson Bianchi, que se formou na UFMG e hoje trabalha na Minerações Brasileiras Reunidas (MBR), a segunda maior produtora e exportadora de minério de ferro do Brasil e uma das cinco maiores do mundo.

Na mina de Capitão do Mato, no complexo Tamanduá, em Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte, Tales é o responsável pelo planejamento de mina, ou seja, ele identifica os melhores locais para a extração do minério de ferro, levando em consideração variáveis como custos, qualidade da matéria-prima e tempo. A colocação foi conseguida em meio a outras duas propostas feitas por mineradoras igualmente grandes, mas o passaporte foi a experiência que começou a ser acumulada ainda como estagiário numa das maiores empresas de desenvolvimento de softwares do mundo, a Datamine.

Arquivo Pessoal

Viagem mundo afora garantiram maturidade e experiência para TALES BIANCHI

Durante um ano e meio, Tales lidou com os softwares específicos da área e do seu trabalho fizeram parte viagens pelo mundo afora, por países da América Latina ao Oriente Médio. "Foi um período muito importante da minha vida, porque aprendi muito e também tive chance de conhecer muito bem o mercado de trabalho", afirma, garantindo que, pela sua experiência, o engenheiro de minas tem muitas possibilidades de empregar-se bem, especialmente em Minas Gerais, um dos berços da mineração brasileira. "Estou muito motivado. Pode ser difícil prever sempre o comportamento do mercado, mas os horizontes são muito bons", salienta.

O bom momento do mercado de trabalho também é destacado pelo Coordenador do Colegiado de Curso. "Alunos que se formaram no ano passado puderam escolher emprego", constata. "Então, hoje, está faltando profissional dessa área e quem for bom não vai ficar desempregado."

O Brasil tem uma posição bastante privilegiada no ranking mundial das reservas minerais: o primeiro lugar em nióbio, o segundo em tantalita, caulim e grafita natural; o terceiro em vermiculita; o quarto em estanho, magnesita e manganês; e o quinto em ferro. A produção mineral representa cerca de 25% das exportações do País.