Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 3 - nº. 7 - Julho de 2005 - Edição Vestibular

Editorial

Entrevista
UFMG: uma instituição de ensino com responsabilidade social

Inclusão
Um portal chamado universidade

Assistência ao estudante
Antes de tudo um direito

Mundo Universitário
Os muitos olhares da graduação

Organização do Vestibular
Vestibular não é bicho de sete cabeças

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Caminhos da transformação

Engenharia Metalúrgica

Evolução tecnológica abre campos e espaços para o engenheiro metalúrgico e o estimula a trabalhar a conjugação de materiais

Entidades internacionais prevêem um aumento da produção mundial do aço em 5% este ano e 3,5% no próximo. No Brasil, apesar de freqüentes variações, as siderúrgicas acompanham essa evolução, especialmente porque as exportações têm comandado grande parte dos negócios.

Usiminas/Divulgação

Os bons ventos também são sentidos no curso de Engenharia Metalúrgica da UFMG, reconhecido em todo o país por sua excelência. No Grêmio Mínero-Metalúrgico Louis Lench, uma entidade que mantém estreita relação com as empresas do setor, os pedidos por estagiários e por profissionais estão em ascensão. Segundo o presidente, Maurício Bittencourt Marques, 22 anos, aluno do 8o período, o curso sempre sofreu um assédio muito grande do mercado, mesmo em tempos de crise, pois a indústria metalúrgica é responsável em grande parte pela economia mineira.

Nascido e criado até os 11 anos de idade em João Monlevade, um dos berços da indústria do aço no estado, Maurício soube bem cedo que, um dia, tornaria-se engenheiro metalúrgico. "Como me interessava pelas Ciências Exatas, a escolha pareceu-me ainda mais natural. Eu esperava que o curso fosse bom, mas é muito melhor", assegura Maurício, primeiro lugar entre os alunos que disputaram o vestibular em 2000.

Do microchip aos navios O engenheiro metalúrgico é o profissional que cuida da transformação do minério em metais e ligas e da utilização destes no processo industrial. Fonte de riqueza e matéria-prima para a fabricação de uma infinidade de bens de consumo, os metais e as ligas estão não só na base da construção civil e da indústria de eletrodomésticos e nos setores automotivo, naval e aeronáutico mas também nos delicados "microchips" ou nos indispensáveis talheres.
Eber Faioli

MAURICIO MARQUES: expectativa em relação ao curso foi superada

A grande evolução tecnológica no século XX fez avançar a atuação deste profissional que, em muitos cursos do país, já são nomeados engenheiros metalúrgicos e de materiais. É que as indústrias de metais têm associado à sua produção a outros tipos de matérias-primas, como os plásticos e cerâmicas. Daí a necessidade de esse profissional estender seus conhecimentos aos mais diversos materiais. "Temos visto o crescimento contínuo de indústrias de outros materiais, por isso é importante ampliarmos a visão no curso", explica a Coordenadora do Colegiado de Curso, professora Marivalda de Magalhães Pereira.

Ela lembra que o curso discute profundamente o assunto, mas por enquanto disciplinas sobre materiais são oferecidas como optativas — que não fazem necessariamente parte do currículo — e também na pós-graduação. Marivalda confirma um certo frenesi em torno do curso por causa do aquecimento do mercado. "Nos últimos dois anos, tivemos um crescimento da demanda por produtos da área siderúrgica e, por isso, a maioria das empresas anunciou o aumento de produção e até a ampliação ou construção de novas instalações", destaca a professora.

O impacto direto no curso foi, segundo Marivalda, trabalho para todos profissionais que se formaram nos últimos semestres. "Muitos dos alunos puderam mesmo escolher propostas", conta, destacando: "O bom é que as previsões para os próximos anos são otimistas".

Mercado camarada Para Lyzandra Duarte Rocha, 31 anos, trabalho nunca foi problema. Formada há cinco anos, ela participou, na época de diferentes programas de trainee de grandes empresas e decidiu-se pela Companhia Belgo-Mineira. O que atraiu Lyzandra foi a possibilidade de trabalhar na área de suprimentos, num posto que a leva a muitos lugares: as viagens são constantes. "Gosto muito da área técnica, mas percebi que tenho uma tendência forte para atuar em compras e vendas", diz ela, lembrando que o profissional que se dirige para este setor tem que estar muito preparado tecnicamente. "São bilhões de dólares. Então qualquer redução ou ganho faz uma diferença expressiva na contabilidade. Por isso, essa área é também preenchida por engenheiros. Sabendo qual a melhor característica do suprimento, posso abastecer a área operacional de forma mais inteligente", explica.

Eber Faioli

PATRICIA DAMATO foi fisgada pelas oportunidades do setor industrial

Quando estava no 6o período, Lyzandra desenvolveu um projeto de pesquisa, de Iniciação Científica, sobre a resistência de materiais com recobrimento cerâmico, apresentado depois em um Congresso de Engenharia Metalúrgica, em São Paulo, e premiado pelo Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq).

A premiação abriu-lhe as portas para uma bolsa de intercâmbio estudantil na Michigan Technological University, nos Estados Unidos. Chegando lá, Lyzandra não se contentou com as aulas e dedicou-se também à pesquisa. Saiu-se tão bem que a universidade norte-americana lhe concedeu mais um período de bolsa. "Quem entrar na UFMG tem que ser bom aluno, porque o curso oferece muito e é preciso saber aproveitar", diz.

A trajetória e as recomendações de Lyzandra caem como uma luva para Patrícia Aparecida Damato, 26 anos, aluna do 8o período. "O ciclo básico — feito no Instituto de Ciências Exatas, no campus Pampulha — é puxado e muitos alunos pensam em desitir por ali. Mas quando você chega à Escola de Engenharia é como se ganhasse identidade e tudo é muito bom", garante Patrícia. No 5o período, ela inaugurou a fase de estágios, atuando na MBR, em Itabirito, na área de beneficiamento de minérios.

Seis meses depois, recebeu um convite para voltar e trabalhou com pesquisas de otimização no processo de "deslamagem" — retirada de impurezas finas do minério, concentrando-o. Semestre passado, Patrícia deixou o estágio, "com muito pesar", para escrever seu projeto de final de curso que trata da "Influência da Siderurgia na Economia Brasileira". Para isso, ela cursou disciplinas na Faculdade de Ciências Econômicas.

Patrícia já decidiu seu destino. Ela quer trabalhar no setor industrial, em usinas ou em fábricas. "Eu me apaixonei pela área", confessa, contando que, ao contrário do que muitos pensam, ela nunca foi discriminada por ser mulher. "Eu nunca tive qualquer problema, mas é bem verdade que na Escola de Engenharia a gente recebe um treinamento, porque vivia cercada por homens", brinca.