Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 3 - nº. 7 - Julho de 2005 - Edição Vestibular

Editorial

Entrevista
UFMG: uma instituição de ensino com responsabilidade social

Inclusão
Um portal chamado universidade

Assistência ao estudante
Antes de tudo um direito

Mundo Universitário
Os muitos olhares da graduação

Organização do Vestibular
Vestibular não é bicho de sete cabeças

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Outras edições

Para ver o mundo com muitos olhos

Turismo

Gostar de viajar e conhecer lugares novos é importante, mas fundamental mesmo é conseguir enxergar as possibilidades de desenvolvimento dos territórios e sua gente

Quem estiver avaliando a possibilidade de disputar o vestibular para Turismo, deve parar e pensar se o que o move não é apenas o gosto pelas viagens, pelo conhecimento de novos lugares e contatos. Essa é uma afinidade imprescindível a um futuro profissional, porém não é nem de longe a única, e muito menos a mais importante. O que dá o tom da profissão é o dinamismo, a criatividade e, muito especialmente, o olhar sensível para perceber o "território", sua gente e suas possibilidades culturais, ambientais e socioeconômicas.

O coordenador do Colegiado de Curso, professor Allaoua Saadi, ressalta que no curso da UFMG a tônica é dada às questões que se voltam para o planejamento e a organização das atividades do Turismo numa dimensão territorial, ou seja, trata-se de uma interferência em espaços de forma a incorporar atrações, ações e serviços turísticos aos movimentos geradores de renda, de emprego e de desenvolvimento de comunidades.
montagem sobre foto de Foca Lisboa

MARIANNE COSTA acredita que fazer parte da primeira turma de Turismo da UFMG é um grande desafio

O turismólogo, enfatiza Saadi, é alguém extremamente curioso em relação aos acontecimentos socioeconômicos e políticos, e não apenas do próprio país. "Compreender a geopolítica internacional é fundamental", assinala o professor, lembrando que fluxos turísticos são extremamente afetados por acontecimentos em todo o mundo, sejam eventos, conflitos e/ou novos paradigmas assimilados pela sociedade e pela mídia.

Saadi destaca que a formação do profissional se dá por conhecimentos específicos à área, mas muito afinados com a Geografia, a Ecologia, a Geologia, as Ciências Humanas e Sociais, a Economia e a Administração. O forte viés em turismo como fator de desenvolvimento sustentável é o que norteia o curso, que tem duas ênfases: "Gestão de Empreendimentos Turísticos" e "Planejamento Integrado do Turismo".

Segundo o coordenador, esta última ênfase é a que melhor define o curso e, por isso, a idéia é apostar, cada vez mais, nesse caminho. Criado em 2002, o Turismo aparece desde o seu primeiro vestibular como um dos cursos que mais atrai candidatos, com uma média de 17 por vaga. Com a formatura marcada para o final do ano, Marianne Costa, 21 anos, avalia que fazer parte da primeira turma do curso de Turismo da UFMG foi um desafio muito grande. "Tivemos que construir o curso juntamente com os professores", diz ela, afirmando que, por um lado, em muitos momentos, isso foi frustrante e desgastante, mas, por outro, significou uma grande oportunidade de crescimento pessoal e profissional.

"Os alunos sempre estiveram muito juntos dos problemas, buscando soluções e aprendendo com eles", assinala Marianne. Ela lembra que escolheu o curso motivada pela associação da área à Administração e, por isso, usufruiu do currículo flexibilizado, fazendo matérias na Faculdade de Ciências Econômicas. A experiência motivou-a também a se envolver no processo de criação da Empresa Júnior Território, que participa, hoje, de muitas das atividades e eventos que acontecem na UFMG, além de oferecer serviço a empresários e à comunidade.

Na prática Segundo Marianne, a Território é um espaço importante de atuação dos alunos, pois a partir da empresa é possível realizar projetos que colocam em prática os ensinamentos do curso. Depois de permanecer por um ano no Conselho de Administração, ela decidiu mudar de rumo, procurando estágios em empresas de consultoria. O primeiro deles foi na Ciclo, que cria e articula projetos sociais e turísticos.
Belotur/Divulgação

Mirante do Parque das Mangabeiras, em Belo Horizonte, unidade de conservação ambiental aberta ao público

Marianne atuou em vários setores, da metodologia à captação de recursos, além de desenvolver uma proposta de ações de desenvolvimento de geração de renda e emprego em torno de unidades de conservação ambiental. Esse projeto acabou despertando-a para o tema que vai explorar no projeto de final de curso. Atualmente, ela é estagiária na Creato, onde participa do "Programa de Produção Associada ao Turismo na Estrada Real". Idealizado pelo Instituto Estrada Real, o projeto pretende desenvolver atrações turísticas a partir das atividades de 30 produtores de queijos especiais, cachaça, jóias e artesanato, instalados ao longo do trecho Diamantina /São João del-Rei.

A Estrada Real tornou-se, nos últimos anos, o principal projeto de desenvolvimento de turismo no Estado, e tem conseguido reunir governos, empresários e sociedade civil, pois já é consensual a necessidade de união de ações quando se trata de turismo. Capaz de movimentar fortes ou combalidas economias, o turismo confirma as estatísticas: é uma das atividades econômicas que mais alternativas sugere ao binômio desenvolvimento/sustentabilidade, devido principalmente ao grande potencial de aglutinação e interface com mais de 50 diferentes setores.

Adrenalina As vantagens do turismo são evidentes. Entretanto, há bastante tempo também, comunidades, ricas ou pobres, têm percebido os impactos indesejáveis e, por vezes, incontornáveis, do turismo alheio à realidade social, econômica e política. Políticas públicas são essenciais num processo que interpreta o turismo como ferramenta de transformação econômica e social. E é isto que Rubens da Trindade, 32 anos, tem percebido como técnico da Secretaria de Estado de Turismo. Aluno do 7o período, ele escolheu Turismo "depois de um longo período de acomodação".

Logo que se formou no Ensino Médio, Rubens tentou vestibular para Matemática, não passou, e praticamente
esqueceu-se do assunto, até que decidiu tentar novamente para Direito e, no ano seguinte, para Letras. Entretanto, quando soube da abertura do curso de Turismo, mudou de opção. "Foi a melhor coisa que fiz", afirma. O tempo de afastamento dos estudos serviu como adrenalina. Rubens "entrou de cabeça" no curso e, trabalhando à noite e estudando de dia durante os dois primeiros anos, esforçou-se como nunca.

"Minha vida deu uma volta de 180 graus", diz Rubens. Conseguiu a transferência para a Secretaria de Estado de Turismo e envolveu-se totalmente com os projetos do órgão. Atualmente, ele dedica-se principalmente ao programa de certificação de circuitos turísticos que fazem parte das diretrizes da política de turismo no Estado.

Rubens lembra que a eleição para prefeitos, em 2004, mudou o quadro político de vários municípios, o que acabou refletindo diretamente em muitos projetos. "O que a gente tenta mostrar é que isso não pode acontecer e que só não vai acontecer se houver mobilização e articulação das comunidades", assinala.