Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 3 - nº. 7 - Julho de 2005 - Edição Vestibular

Editorial

Entrevista
UFMG: uma instituição de ensino com responsabilidade social

Inclusão
Um portal chamado universidade

Assistência ao estudante
Antes de tudo um direito

Mundo Universitário
Os muitos olhares da graduação

Organização do Vestibular
Vestibular não é bicho de sete cabeças

Fontes de informação
Conhecimento em rede

Ciências Agrárias
Agronomia
Medicina Veterinária
Zootecnia

Ciências Biológicas
Ciências Biológicas

Ciências da Saúde
Nutrição
Educação Física
Enfermagem
Farmácia
Fisioterapia
Fonoaudiologia
Medicina
Odontologia
Terapia Ocupacional

Ciências Exatas e da Terra
Ciência da Computação
Ciências Atuariais
Estatística
Física
Geologia
Matemática
Matemática Computacional
Química
Sistemas da Informação

Engenharias
Engenharia Civil
Engenharia de Controle e Automação
Engenharia de Minas
Engenharia de Produção
Engenharia Elétrica
Engenharia Mecânica
Engenharia Metalúrgica
Engenharia Química

Ciências Humanas
Ciências Sociais
Filosofia
História
Pedagogia
Psicologia

Ciências Sociais Aplicadas
Administração
Arquitetura e Urbanismo
Biblioteconomia
Ciências Contábeis
Ciências Econômicas
Comunicação Social
Direito
Geografia
Turismo

Lingüística, Letras e Artes
Teatro (Artes Cênicas)
Artes Visuais (Belas Artes)
Letras
Música

UFMG Diversa
Expediente

Outras edições

Ajuda que vai fundo

Psicologia

Rotina de trabalho do psicólogo auxilia pacientes a compreender melhor a vida e coloca, a todo instante, a teoria em prática

Dia de trabalho no Hospital da Baleia, instituição que se dedica ao atendimento a pacientes carentes da Região Metropolitana de Belo Horizonte e Minas Gerais. O corre-corre dos profissionais pode assustar quem não "é do ramo"; chega, mesmo, a lembrar o movimento frenético de carros que trafegam por uma via expressa de uma metrópole. No meio de médicos, enfermeiros, assistentes, lá está a jovem Mariana Reis Juliane, 21 anos. Aluna do 7o período do curso de Psicologia da UFMG, ela faz estágio na brinquedoteca* do hospital, onde acompanha e presta assistência a crianças internadas.

Eber Faioli

A estudante de Psicologiada UFMG, MARIANA REIS JULIANE, conversa com crianças na brinquedoteca do Hospital da Baleia

Agora, estamos na Obra Social São Lucas, no bairro de mesmo nome, e lá está Mariana."A comunidade que procura a Obra é muito carente e os problemas mais comuns são os de desajuste familiar, com complicações graves. Muitas crianças sofrem com o abandono dos pais ou passaram por traumas, como abusos", diz a também estagiária da Obra, explicando que a atenção dada, ali, tem ênfase psicanalítica*. "Por isso, os pacientes voltam e conseguimos acompanhá-los por um tempo e perceber as mudanças."

Mas não acabou. Mariana encontra tempo para, em casa, estudar, e no Campus Pampulha, assistir aulas e, ainda, responder pela presidência da RH Consultoria Júnior, uma empresa de prestação de serviços voltada para o atendimento empresarial, administrada pelos próprios alunos, que funciona no na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas.

"Nosso trabalho é principalmente o de recrutamento de pessoal. Temos contato freqüente com empresários, para melhor entender o tipo de profissional que eles querem, e depois fazemos a seleção, conhecendo o candidato por meio de entrevistas e dinâmicas", explica Mariana, que decidiu investir na RH Consultoria Júnior porque a considera uma chance real de melhor conhecer o mercado de trabalho para o qual ela tenta se especializar.

Superdiploma Apesar de dar nome à profissão, nem todos os graduados podem se dizer psicólogos. Quem estiver interessado em cursar Psicologia ou já tiver se decidido pela profissão, precisa saber que existem três modalidades de formação, com perspectivas de atuação bastante diferentes: Bacharelado, Licenciatura e Psicólogo. Quem optar pelo Bacharelado capacita-se a ser um pesquisador e professor do terceiro grau. "É claro que esse poder é virtual, porque as exigências de mercado levam o profissional ao Mestrado e ao Doutorado", pondera Jader Sampaio, professor e coordenador do Colegiado de Curso de Psicologia da UFMG. A Licenciatura é, normalmente, para quem pensa em atuar no ensino fundamental e médio. O Magistério e alguns cursos técnicos possuem a disciplina Psicologia. Já quem segue a formação de Psicólogo tem, brinca o coordenador, um "superdiploma". Ele poderá atuar em qualquer área da Psicologia, com a vantagem de ter feito todas as disciplinas do Bacharelado.
Eber Faioli

As discussões em sala de aula preparam os alunos para a atuação prática

A maioria dos estudantes opta pela formação de Psicólogo, assinala Sampaio. O curso está em processo de flexibilização que, depois de efetivado, deverá trazer algumas vantagens. A princípio, poderá ser a possibilidade de incorporar ao currículo disciplinas "livres", ou seja, disciplinas de outros cursos, mesmo que estes não tenham uma relação direta com a Psicologia. De certa forma, diz o coordenador, os alunos já perseguem o princípio da flexibilização, porque sentem necessidade de ampliar conhecimentos em áreas afins.

"Uma das melhores coisas é que o conhecimento teórico vem com uma bagagem prática muito importante; e acho isso indispensável na Psicologia", afirma a estudante Mariana Reis, que trocou uma faculdade particular pela UFMG. O curso possui ainda clínicas que atendem pessoas da comunidade. O atendimento, gratuito, é sempre supervisionado pelos professores.

Opções à mesa Para a estudante Mariana Reis, a vaga de estagiária no Serviço de Psicologia do Hospital da Baleia não é lá uma grande novidade. Mas nem sempre foi assim. Depois de formada, Gisele Corrêa Moura, 37 anos, teve que vencer o preconceito de outros profissionais e a desconfiança de um mercado de trabalho que mal começava a ser vislumbrado. Até o início da década de 90, poucos reconheciam a importância do trabalho do psicólogo no dia-a-dia das instituições hospitalares. Quando olha para trás, constata o quanto a situação mudou. Nesse caso, para melhor.
Arquivo pessoal

GIZELE CORRÊA enfrentou preconceitos e desconfianças para atuar na área hospitalar. Pioneira, ela contribuiu para mostrar a importância do psicólogo nos hospitais

Apesar de já ter ido muito além dos divãs, normalmente, esse profissional é identificado com os consultórios particulares. O psicólogo tem pela frente um espaço de atuação muito variado, pois, na essência da prática e da reflexão, está o ser humano. O coordenador do Colegiado do Curso de Psicologia da UFMG, Jader Sampaio, reconhece que a área mais tradicional ainda é a Clínica e é também a que mais atrai os alunos, apesar de o Catálogo Brasileiro de Ocupações relacionar dez grandes áreas de atuação do psicólogo, entre elas a Psicologia Social, a do Trabalho, a Escolar, a Jurídica e a da Saúde.

Existem áreas emergentes, como a Psicologia do Esporte, e outras que não estão relacionadas formalmente e que, mesmo assim, podem ser escolhidas pelos profissionais. O curso tem uma estratégia para abordar essas novidades. Uma área promissora, aponta Sampaio, é a da Psicologia do Trabalho aplicada ao terceiro setor: "Com contornos próprios, o terceiro setor exige um tratamento diferenciado. Não basta querer aplicar tópicos que já existem na Psicologia do Trabalho ou na Administração. Temos que entender melhor o que são as organizações que dele fazem parte como os psicólogos podem atuar".

Conquista de espaços Abrir caminhos nunca foi fácil para ninguém, pondera Gisele Moura, mas é um risco que vale a pena. Quando decidiu se dedicar à Psicologia Hospitalar, ela teve que mostrar trabalho e, o que, no caso, significava mostrar o que era o trabalho. "Nos hospitais públicos, alguns psicólogos já haviam conquistado espaço, mas, no setor privado, ainda era bastante difícil", recorda. Gisele realizou pesquisas junto a pacientes para convencer os administradores hospitalares da necessidade da presença do psicólogo na instituição. Coordenadora do Serviço de Psicologia do Hospital Madre Teresa, o trabalho solitário de anos atrás foi substituído pela companhia de mais duas psicólogas e de estagiários. "Temos um serviço agora totalmente consolidado", avalia.

Brinquedoteca - Local onde funciona um serviço de empréstimo de brinquedos. Quando instalada em hospitais, o objetivo de um brinquedoteca é terapêutico.

Psicanalítica - Método de tratamento criado por Sigmund Freud de neuroses e psicoes por meio de uma investigação psicológica profunda dos processos mentais.