Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 3 - nº. 7 - Julho de 2005 - Edição Vestibular

Editorial

Entrevista
UFMG: uma instituição de ensino com responsabilidade social

Inclusão
Um portal chamado universidade

Assistência ao estudante
Antes de tudo um direito

Mundo Universitário
Os muitos olhares da graduação

Organização do Vestibular
Vestibular não é bicho de sete cabeças

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Outras edições

Tem que correr, malhar e estudar, muito

Educação Física

O profissional de Educação Física que passa pela Universidade adquire um conhecimento aprimorado

A primeira grande verdade na Educação Física é que grande parte dos alunos são ou foram atletas. Uma segunda: para o estudante, a experiência como atleta pouco importa. A terceira é que o gosto pelo esporte e pelas atividades físicas faz diferença. E uma última: o curso sempre surpreende, porque mostra aos alunos que a Educação Física é uma ciência e, como tal, vai além das técnicas didático-pedagógicas esportivas, abraçando os conhecimentos científicos sobre os movimentos do corpo humano.

Cristiano Gomes Flor, 28 anos, não foi uma exceção. Ele buscou o curso por causa da experiência como atleta e sonhava ser um treinador de alto nível. Cristiano mudou inteiramente a maneira de ver a Educação Física, seus horizontes profissionais se abriram, e ele só admite atuar como técnico da Seleção Mineira de Taekendô se for possível conciliar a atividade com a de professor e coordenador de Esportes no Colégio Magnum.
Foca Lisboa

Na medida em que o atleta foi avançando no curso, o atleta CRISTIANO GOMES deu lugar ao professor

Logo que entrou na Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (EEFFTO), Cristiano assumiu monitorias e participou de pesquisas em Fisiologia do Exercício. À medida em que avançava no curso, conta ele, o interesse pelas mais diversas áreas foi se ampliando e também a compreensão de que para a Educação Física, o que importa é ver o corpo em movimento, seja no esporte, seja no treinamento ou simplesmente nas atividades socioeducacionais. O desejo inicial de se tornar técnico foi sendo substituído pelo de professor da pré-escola, dos ensinos fundamental e médio, algo que nunca havia pensado - e até rejeitava - quando fez vestibular.

Trajetória surpresa "No estágio curricular, fui percebendo que ser professor me estimulava", lembra Cristiano, que dedicou horas e horas ao trabalho no próprio Colégio Magnum, onde havia estudado. "Trabalhar com atletas significa lidar com os melhores, visando ao rendimento máximo. Ser professor, porém, é encontrar formas de despertar os alunos para a importância dos exercícios físicos na vida, não somente como fator de competição, mas de relação com a saúde, com as pessoas e com a própria escola." O esforço valeu-lhe uma visão refinada da educação escolar e, também, o emprego atual, conquistado há seis anos, logo depois da formatura. "Descobri o quanto é legal este tipo de atividade, que nem sempre é valorizada, e o quanto é uma função que nos desafia o tempo inteiro", diz ele.

Cristiano não deixou de lado a paixão pelo taekendô. Tornou-se o primeiro técnico das seleções mineira e brasileira. Quando foi chamado para assumir os cargos, pela federação da modalidade, enfrentou resistências, mas soube impôr o novo ritmo. "Com o tempo, fui mostrando que os conhecimentos científicos valem tanto ou mais que o técnico. E, hoje, ninguém questiona mais se a competência do treinador passa só pelo número de medalhas que ele tem", afirma.

Esporte é pesquisa

A conciliação entre o trabalho na área e os estudos é uma realidade bastante comum entre os alunos da Educação Física. O mercado de trabalho em academias, escolinhas, clubes, colônias de férias, ONGs, hotéis de lazer, empresas e até hospitais estimula o laço com os estudantes numa oferta abundante de estágios. Para Rodrigo Baeta Lima, 29 anos, ser estudante nunca o impediu de trabalhar no meio esportivo, uma prática que cultiva desde os 16 anos e cuja paixão o fez abandonar o curso de Medicina.

Com grande dedicação ao esporte como treinador e personal trainer, Rodrigo acredita que os estágios, mesmo precoces, são uma dinâmica da qual os alunos devem se aproveitar, principalmente se já existe experiência como atleta. Já formado, mas de volta à Escola para concluir o Bacharelado, Rodrigo não reclama da falta de trabalho. Ele acompanha dois atletas de basquete das categorias infantil e juvenil do Minas Tênis Clube, é também professor particular de tênis e personal trainer em academias e condomínios. No ano passado, preparou fisicamente candidatos ao concurso da Polícia Federal.

Aline Regina Gomes, 23 anos, namorada de Rodrigo, também atleta, defende posição contrária em relação à conjugação de estudos com estágios. "Não são estágios, são verdadeiros empregos", critica. Para ela, o envolvimento na EEFFTO com projetos de pesquisa e de extensão é mais importante para a formação do aluno. "Ninguém deve deixar de ter este tipo de participação na Escola, sendo aluno do Bacharelado ou da Licenciatura", acredita ela, que nunca alimentou qualquer dúvida sobre a escolha profissional. "Sempre estive ligada ao esporte, mas entendi que o esporte é também pesquisa. Acho que o aluno deve tomar cuidado com o trabalho profissional prematuro, porque ele desvia a atenção do conhecimento e ilude", assinala.
Foca Lisboa

ALINE REGINA defende a importância das atividades de pesquisa e extensão

Atualmente no Mestrado, Aline lembra que no 4o período da graduação se envolveu com a Iniciação Científica e começou a trabalhar com pesquisas no Laboratório de Fisiologia do Exercício. Uma dessas pesquisas avaliou o efeito do carboidrato no rendimento do atleta. "É instigante" diz Aline, para quem a pesquisa é uma maneira muito prazerosa de se aprender.

Desde o 3o período, Gisele Freire da Silva, 23 anos, trabalha com musculação em academias, preferência adquirida no contato com um dos projetos de extensão realizado no campus Pampulha da UFMG, que recebe estudantes, funcionários e também portadores de deficiências para praticar musculação. Formada no Bacharelado, Gisele continua na Escola para concluir a Licenciatura e divide o tempo entre o projeto de extensão, discussões em um grupo formado no Laboratório de Treinamento em Musculação e o agitado clima das academias de ginástica, além de atuar como personal trainer. "A gente tem que trabalhar muito", avisa, lembrando que ser professor em escolas particulares ou públicas tem a vantagem de um mercado mais estável. Estabilidade não é um item encontrado em academias e lugares do gênero e nem na atividade de personal trainer, atualmente em destaque. "Hoje, posso ter 10 alunos, mas amanhã posso acordar sem nenhum", conclui.