Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 3 - nº. 7 - Julho de 2005 - Edição Vestibular

Editorial

Entrevista
UFMG: uma instituição de ensino com responsabilidade social

Inclusão
Um portal chamado universidade

Assistência ao estudante
Antes de tudo um direito

Mundo Universitário
Os muitos olhares da graduação

Organização do Vestibular
Vestibular não é bicho de sete cabeças

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Outras edições

Adorável mundo novo

Ciência da Computação

Na teoria ou na prática, o curso é bastante estimulante e antecipa o clima de desafios com que o profissional vai conviver no dia-a-dia

O mundo tecnológico e o domínio da informática sobre a quase totalidade das atividades, da produção e do consumo humano são o objeto número um do desejo de quem é atraído para o curso de Ciência da Computação. Essa é uma área que une desenvolvimento acelerado e vertiginoso, criatividade, versatilidade e muita adrenalina.

O primeiro passo do aluno é a aquisição de uma habilidade que o acompanhará para o resto da vida profissional: a abstração algarítmica. Em outras palavras, a capacidade de modelar e estruturar soluções para problemas a partir do conhecimento das Ciências Exatas. Todo o instrumental para trabalhar na área, destaca o coordenador do Colegiado de Curso, professor Wagner Meira, é assimilado.
Rita da Glória

Portanto, não é necessário, como muitos pensam, que o candidato seja um expert em Matemática, Física, Estatística ou Computação. Uma exigência básica é a paixão pela Ciência Exatas e que o candidato seja, antes de tudo, um curioso.

O segundo passo é adquirir intimidade com o computador e os seus componentes (hardware e software).

Pé na estrada Na atualidade, é impossível dissociar a computação do cotidiano de qualquer cidadão, daí o status conquistado pela Ciência da Computação. Afinal, a área atinge desde os microcomputadores domésticos até os grandes sistemas que dão suporte às transações financeiras em todo o mundo ou, ainda, a fabricação dos mais variados bens de consumo. Meira destaca que, além de ser capaz de reconhecer problemas e apresentar soluções, o profissional tem que agir com censo crítico, percebendo as necessidades e o contexto em que trabalha.

A experiência de Hugo Barros, 24 anos, expressa a versatilidade, e até uma certa euforia, que ronda o curso de Ciência da Computação. Egresso da turma de 1998, hoje proprietário de uma pequena empresa especializada na implantação de sistema de software livre, ele lista um volume de atividades em que se meteu durante o tempo em que passou na UFMG, inclusive durante o Mestrado, concluído no ano passado.

"Todo aluno da Ciência da Computação é assim: quer fazer muita coisa, ter experiências diferentes. O curso e o mercado ajudam, porque estão sempre oferecendo algo — pesquisa ou estágio", afirma Hugo. A habilidade anterior com computadores levou-o ao curso e, também, ao seu primeiro estágio, quando ainda estava no 2o período, numa empresa de desenvolvimento de programas. Com seis meses, ele decidiu partir para outro campo, na Receita Federal.
Eber Faioli

Estágios, pesquisas, mestrado: atualização permanente marca a trajetória de HUGO BARROS

Ali, Hugo desenvolveu um programa para o auto-atendimento de entrega de disquetes das declarações de imposto de renda. Em quatro meses, o sistema já estava em funcionamento no saguão da Receita Federal. Segundo Hugo, o curso é voltado para a prática, atribuindo grande autonomia ao aluno que, rapidamente, consegue apresentar soluções para uma série de problemas na computação. "Por isso, muita gente faz estágios muito cedo e consegue se sair bem", avalia.

Além de estágios em empresas, Hugo quis experimentar a pesquisa, atitude bastante estimulada na Ciência da Computação. Ao se dedicar à Iniciação Científica, encontrou a motivação para ingressar no Mestrado. Os alunos participam de diferentes laboratórios não só do departamento de Ciência da Computação (DCC, que abriga o curso), mas, também, dos departamentos de Física, Química, Matemática e Estatística, que, juntos, integram o Instituto de Ciências Exatas (ICEx).

Fértil terreno da criação

O DCC tornou-se uma referência no exigente mercado de tecnologia de informática e mantém uma produção fértil de pesquisa e de projetos acadêmicos, além daqueles desenvolvidos a partir de contratos com a iniciativa privada, governos e órgãos públicos. Projetos de repercussão nacional nasceram na UFMG, sob o comando de professores da Ciência da Computação, com a participação de alunos da graduação e da pós-graduação. O Computador Popular, que serviu de base para o programa "PC Conectado", do governo federal, e o "Pop MG", uma rede de provedores de internet que serviu à Rede Nacional de Pesquisa, conectando a UFMG e outras universidades brasileiras, são crias do DCC.

O ex-aluno da UFMG, Erik Fioncea, 30 anos, credita ao grande envolvimento que teve na Ciência da Computação sua rápida ascensão profissional. Segundo ele, o DCC é uma vitrine para o mercado, tanto que, quando integrava a equipe que desenvolveu o "Pop MG" e ainda estava no Mestrado, em 1999, foi convidado para trabalhar como consultor na BMS, empresa do grupo siderúrgico Belgo-Mineira.
Eber Faioli

ERIK FONSECA destaca que o curso da UFMG é uma vitrine para o mercado

Em um ano de trabalho, ele assumiu a Gerência de Infra-Estrutura da BMS, implementou mudanças e desenvolveu tecnologias de informação também úteis aos clientes. "Esse é um mercado movimentado e que sempre está em busca de profissionais qualificados", diz Erik. Ele mesmo sentiu na pele a competitividade do setor e, em 2000, trocou a BMS para implantar a Way Brasil, empresa de telecomunicação, em Minas Gerais. Erik viu a empresa, antes restrita ao segmento de TV por cabo, investir no mercado de internet no estado. Atualmente, na Gerência de Produtos de Internet, ele cria novos projetos, apresentando aos consumidores opções diferenciadas de produtos, como acesso à internet de acordo com demandas individuais.

Tanto Erik quanto Hugo acreditam que a continuidade de estudos é fundamental nessa área, pois o desenvovimento tecnológico é intenso e acontece com inacreditável rapidez. Além do Mestrado, os dois dedicaram-se ao MBA, nas áreas de Gestão e de Finanças. Segundo Hugo, o estímulo ao empreendedorismo é uma outra marca da Ciência da Computação. Ele, por exemplo, foi totalmente fisgado pela idéia e, quando se formou, tentou montar com sete colegas uma empresa de consultoria. A experiência não deu certo. "Faltou foco e erramos na mão, porque eram sete sócios, cada um pensando em caminhar numa área", recorda.

Hugo não desistiu e criou recentemente, com três colegas do Mestrado, a Base2 Software Livre, empresa sediada na Insoft, uma incubadora voltada especialmente para o desenvolvimento da área de tecnologia de informática. "Acho que sou uma pessoa que realmente acertou no vestibular. Eu adorei o curso e tenho gostado ainda mais de atuar na área", garante. Para Erik, é bom que o candidato ao curso saiba que a profissão é, muitas vezes, estressante, pois não é nada fácil conviver com demandas empresariais que, cada vez mais, buscam soluções visando a resultados a curto prazo. "Mas não deixa de ser divertido", admite.