Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 3 - nº. 7 - Julho de 2005 - Edição Vestibular

Editorial

Entrevista
UFMG: uma instituição de ensino com responsabilidade social

Inclusão
Um portal chamado universidade

Assistência ao estudante
Antes de tudo um direito

Mundo Universitário
Os muitos olhares da graduação

Organização do Vestibular
Vestibular não é bicho de sete cabeças

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Outras edições

Tão difícil como as outras

Música

Para a carreira de músico, a Universidade é uma opção e não uma obrigatoriedade, mas representa um diferencial

Enfrentar preconceitos sociais e resistência da família é, muitas vezes, a primeira batalha que o candidato ao curso de Música tem que travar. Para quem está nesta situação, o subcoordenador do Colegiado de Curso, professor Fábio Adour, tem um recado: "A vida de um músico não é mais e nem menos difícil do que a de outros profissionais".

Divulgação

Quinteto Dialeto (ao fundo, com Camilo Christófaro no Contrabaixo, DANIEL CHISTÓFARO no violão, Renato Hanrriot no bandoneon e Andre Lodi no violino) no espetáculo da companhia Mimulus

Essa descoberta, que na maioria das vezes acontece quando o aluno já está na Escola de Música e então percebe com clareza que a profissão oferece inúmeras possibilidades de atuação, tem o outro lado. "O aluno tem que se esforçar, estudar muito e ter disciplina", resume Adour, lembrando que essa é também uma realidade comum a outros estudantes universitários.

O caminhar de um futuro músico não pode ser visto como uma excepcionalidade, apesar das características inerentes à formação desse profissional. O curso superior de música inicia em um nível que exige do aluno uma formação musical anterior e prevê, no vestibular, por esta razão, uma prova específica de habilidades, atitudes e competência. Não é possível a entrada na Universidade para aprender os primeiros acordes ou os primeiros solfejos.

O curso oferece Bacharelado e Licenciatura. No caso do Bacharelado, as escolhas recaem sobre 19 habilitações, incluindo as variedades de instrumentos, além de Regência, Composição e Canto.

Árdua disputa Abandonado os mitos, é preciso que o candidato tenha a certeza de que o caminho é realmente duro e de muita concorrência. Entrar na UFMG pode significar uma disputa árdua, que coloca o candidato, dependendo da escolha da habilitação, frente a frente com quase 30 concorrentes por vaga, como no caso do Bacharelado de Saxofone ou de Trompete.
Eber Faioli

SÉRGIO STARLING reclama das oportunidades limitadas para os concertistas em Belo Horizonte

O próprio Fábio Abour iniciou a preparação para o vestibular no Rio de Janeiro, aos 13 anos de idade, quando já havia decidido que seguiria a carreira de violonista. É claro que o caso do professor da UFMG é excepcional, mas a verdade é que o vestibular exige um investimento anterior. "E nem sempre isso é fácil, porque as aulas particulares são caras e, nos colégios, a música não é ensinada visando à disputa no vestibular", destaca Adour.

Apaixonado por música desde a pré-adolescência, Sérgio Starling, 28 anos, "bateu cabeça", durante três anos, na Engenharia Química. Quando percebeu o que realmente queria, mudou para o curso de Física, à noite, enquanto se preparava, durante o dia, para as provas específicas da Música.

Outros horizontes No 7o período de Violão, Sérgio passa o dia entre as aulas na Escola de Música, os ensaios para apresentações de um duo, com o colega Daniel Christófaro, e de um grupo de rock, o Nono Osso, e as tarefas de professor de Física. Apesar da correria, ele está convicto do acerto. "É muito bom o contato que a gente passa a ter com músicos e o conhecimento da própria música, o que não acontece fora da Universidade. A Escola de Música abriu seus horizontes", diz.

Segundo Sérgio, a proximidade com a paixão de muito tempo implica uma grande realização pessoal. Nem por isso, ele deixa de apontar uma certa frustração, pois acabou se deparando com dificuldades de desenvolver uma carreira artística em Belo Horizonte, cidade que, na sua avaliação, é um centro cultural de poucas oportunidades.

"O curso lhe oferece uma formação de concertista, porém o espaço para este profissional é limitado em Belo Horizonte", afirma, lembrando que, mesmo tendo gravado CDs com o Nono Osso, o ganho principal vem de shows. "É preciso diversificar", argumenta o Subcoordenador do curso. Durante dois anos, depois de ter sido aprovado no concurso para professor na UFMG, Adour ficou indo e voltando ao Rio de Janeiro. Houve ano, lembra ele, que foram 90 apresentações, uma agenda evidentemente impossível de ser preservada morando-se em outra cidade.

A versatilidade na profissão é algo que Daniel Christófaro, 26 anos, já pôde sentir de perto. Formado no ano passado, ele integra dois grupos (Duvideodó e Quinteto Dialeto), dá aulas particulares, acompanha um grupo de dança e está envolvido com a estruturação de um espaço de artes.

Daniel pretende enveredar também pela academia e fazer pós-graduação. "Se não for por aí, não tem jeito de dar aula em universidade", assinala. Esta foi a opção da pianista paulista Margarida Borghoff, a Guida, professora na UFMG há sete anos. Contudo, antes de se decidir pela Universidade, ela viajou, fez cursos fora do país, e também vivenciou atividades para além dos concertos.

Bagagem alemã Guida começou a estudar música aos cinco anos de idade e, aos 16, entrou para o Conservatório, em São Paulo. Terminando o curso, partiu para a Escola Superior de Música de Freibourg, na Alemanha, onde ficou durante três anos. Na volta ao Brasil, participou de diferentes grupos de câmara e acompanhou apresentações de cantores e de grupos de balé.
Foca Lisboa

A paulista MARGARIDA BORGHOFF, professora da UFMG, defende a importância da formação superior

Na mesma época, Guida montou uma peça de teatro infantil, na qual o piano e três cantores eram as estrelas. Essa peça, Villa Lobos das Crianças, ficou em cartaz durante muito tempo e recebeu vários prêmios. A temporada estava boa, mas Guida decidiu voltar à Europa para estudar e também para trabalhar. "Achei que para minha formação era imprescindível", conta ela, assinalando sua grande afinidade com a canção alemã.

Quem trouxe Guida de volta ao Brasil foi o pai, que tomou todas as providências para que ela prestasse concurso, em 1997, para professora na UFMG. Poucos meses depois, o pai de Guida faleceu e ela acabou fincando raízes em Minas Gerais. Na Escola de Música, além de dar aulas de piano, é promotora animada de eventos, organizadora concertos, palestras e também coordena visitas monitoradas de crianças de escolas públicas e privadas.

Com tanta bagagem, Guida afirma que, para viver da música, é preciso gostar muito do que faz e investir o tempo todo em formação. A Universidade, lembra ela, pode não ser uma obrigatoriedade na carreira do músico, mas, ainda mais hoje, é um passo muito importante, tanto para o crescimento profissional quanto em enfrentamento da concorrência. "Na Universidade, o leque de opções para o músico abre-se imensamente e nunca se perde."