Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 3 - nº. 7 - Julho de 2005 - Edição Vestibular

Editorial

Entrevista
UFMG: uma instituição de ensino com responsabilidade social

Inclusão
Um portal chamado universidade

Assistência ao estudante
Antes de tudo um direito

Mundo Universitário
Os muitos olhares da graduação

Organização do Vestibular
Vestibular não é bicho de sete cabeças

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Outras edições

Olhos atentos sobre a saúde

Enfermagem

O cuidado com pacientes é apenas uma faceta da profissão, também responsável pela articulação das equipes de saúde e interação dos profissionais da área

Para Genilton Rodrigues Cunha, 27 anos, a descoberta da profissão não foi fácil. Durante muito tempo, ele lidou com a frustração de não conseguir passar no vestibular para o curso de Medicina. Foram três tentativas sem sucesso e mais, por um longo tempo, o cultivo da esperança de se transferir de curso, quando já estava matriculado na Enfermagem, na UFMG. Caminho semelhante seguiu Kênia Lara Silva, 27 anos. Mesmo tendo feito curso técnico na área, a Enfermagem só foi sua opção no segundo vestibular.

A associação óbvia entre Medicina e Enfermagem ilude muitos estudantes. Alunos, respectivamente, do Mestrado e Doutorado em Enfermagem, na UFMG, Genilton e Kênia acreditam que esta é uma profissão de muitas faces, que foi, e, ainda é, confundida por estereótipos que nada combinam com o profissional dinâmico de agora.

O enfermeiro é alguém cuja essência profissional está em cuidar, porém a versatilidade de atribuições e funções supera em muito a noção de que estes cuidados estão restritos ao paciente no leito. Os enfermeiros são profissionais articuladores das equipes de saúde. No dia-a-dia, são eles que promovem a interação com os demais profissionais da área, conquistando visão ampliada das ações, sejam elas em instituições hospitalares, em postos de saúde, ou em espaços menos tradicionais, como órgãos públicos, onde atuam na formulação de políticas de saúde.

No atendimento domiciliar, em empresas privadas e mesmo em clubes, os enfermeiros estão também presentes, deixando transparecer as mudanças que dão um novo significado ao papel do profissional. Enfermeiro do Serviço de Urgência e Emergência do Hospital de Pronto Socorro João XXIII, Genilton destaca a dimensão da profissão: "O enfermeiro conhece o estado físico, psíquico e social do paciente". Por isso, acredita ele, o profissional deve estar sempre atento à integralidade das ações.
Fotos: Eber Faioli


"É uma profissão que permeia todas as outras da área da Saúde, o que só aumenta a responsabilidade. Num hospital, o enfermeiro está presente na abordagem inicial e no momento da alta. Nos postos de saúde, há casos em que ele acompanha o paciente até mesmo depois da cura. E, em todas as situações, o enfermeiro tem que saber onde está inserido e levar em conta a realidade do paciente", ensina Genilton.

Convivendo com a dura realidade do serviço de emergência de um pronto-socorro, Genilton presencia, diariamente, dramas e lembra que lidar com o paciente numa visão holística é lidar também com a família, que sofre igualmente.

Professora da Escola de Enfermagem e aluna do Doutorado, Kênia também optou por não abandonar a prática e é enfermeira da Neonatologia do Hospital Sofia Feldman. O cuidado dos bebês, conta ela, não se limita aos que estão internados. A internação domiciliar, que acontece quando as funções vitais estão estáveis, mas a criança precisa ainda ganhar peso, são acompanhadas pelos enfermeiros em visitas que podem ser diárias.

Nova ordem O currículo do curso na UFMG está em processo de mudanças, pois ele é o mesmo desde 1996. Os novos alunos já conhecerão as novidades, muitas estabelecidas em função da necessidade de adequação do profissional ao modelo assistencial apregoado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), com atenção especial ao Programa de Saúde da Família (PSF).

"Notamos também que seria preciso uma nova ordenação das disciplinas", assinala a subcoordenadora do Colegiado de Curso, Cláudia Maria Mattos Penna. Ela explica que, desde o início, o aluno manterá contato com as disciplinas específicas, apesar da predominância das básicas, que traduzem os conhecimentos do funcionamento do corpo humano, das patologias, das farmacologias e outras. A prática faz parte do currículo a partir do 4o período. "Nossa proposta é partir das questões da saúde para as questões da doença. Por isso, o aluno terá primeiro as disciplinas de vigilância, prevenção e promoção da saúde, para depois vivenciar os aspectos do cuidado e do atendimento, do recém-nascido ao idoso", ressalta Claúdia.
Foca Lisboa

Para CARLA QUEIROZ, a receita para o curso é ter muita disciplina

O estágio curricular começa no 8o período, quando o aluno faz um planejamento para o atendimento em postos de saúde espalhados pela Grande Belo Horizonte ou por cidades do interior conveniadas à Escola de Enfermagem. Nesse último caso, o Internato Rural funciona no mesmo modelo adotado para os alunos da Medicina. Os estudantes se mudam, durante quatro meses, para a cidade, e nela atuam sob a supervisão de um professor.

No 9o e último períodos, o estágio obrigatório é feito em instituições hospitalares das redes pública e privada. O aluno tem a oportunidade de participar da organização gerencial de um determinado setor da assistência ao paciente, pois a Enfermagem, diz a subcoordenadora do Curso, está cada vez mais se voltando para as atividades de gestão.

Em alta Cláudia observa que, em função de uma grande luta dos enfermeiros, uma nova realidade se impõe aos hospitais. Se antes ter apenas técnicos ou auxiliares de enfermagem era suficiente para as instituições, hoje a presença do enfermeiro é uma exigência. Em vários casos, principalmente nos grandes centros, a assistência em unidades de maior complexidade nos hospitais, como berçários de alto-risco e terapias intensivas, só pode ser feita pelo enfermeiro. Com o Programa de Saúde da Família, o enfermeiro assistiu uma expansão enorme do mercado de trabalho. "Foi o profissional que mais se identificou com o trabalho", assinala Cláudia Penna.

A pesquisa também tem crescido muito e atraído profissionais. Bom para Carla Mendes Queiróz, 24 anos, aluna do 9o período. No Núcleo de Estudos sobre Ensino e Prática de Enfermagem (Nupepe), ela participou de pesquisas sobre a abordagem do cuidado nos currículos e sobre a realidade de "cuidadores" assistidos pelo Programa de Saúde da Família em uma região de Contagem. "Na maioria mulheres, as "cuidadoras" enfrentam muitas dificuldades e sofrem um grande estresse, porque o cuidado é, muito freqüentemente, solitário, e elas esquecem ou não têm de cuidar de si mesmas", conta.