Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 3 - nº. 7 - Julho de 2005 - Edição Vestibular

Editorial

Entrevista
UFMG: uma instituição de ensino com responsabilidade social

Inclusão
Um portal chamado universidade

Assistência ao estudante
Antes de tudo um direito

Mundo Universitário
Os muitos olhares da graduação

Organização do Vestibular
Vestibular não é bicho de sete cabeças

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Outras edições

Energia para o fazer, energia para o saber

Engenharia Elétrica

Caminhos abrem-se. O engenheiro eletricista pode trabalhar em uma hidrelétrica, mas também é essencial para a rotina de um hospital ou de um show

A Engenharia Elétrica significou, na vida de Christian Herrera, 28 anos, algo que ele jamais pôde prever. Louco por música, ele não optou pela carreira artística por influência da família, mas encontrou o caminho que acabou por unir profissão e paixão. Formado há três anos, Christian é engenheiro eletricista de áudio, especialização que adquiriu abrindo, no curso, um espaço até então muito pouco explorado.
Belotur/Divulgação

Para Christian, os dois primeiros anos na Universidade foram de pouco entusiasmo. A realidade das disciplinas de formação básica no Instituto de Ciências Exatas (Icex) não foi estimulante, mas tudo ganhou novo sentido quando iniciou a etapa profissionalizante do curso e descobriu a vantagem da flexibilização na UFMG, algo de que nunca ouvira falar antes. Alertado especialmente por dois professores, Pedro Donoso e Hani Yehia, Christian mudou o rumo do curso.

Com um colega, Gustavo Guimarães, ele investiu num currículo que refletia o seu interesse pessoal e que, descobriu, era totalmente possível de ser realizado, apesar das dificuldades provenientes de uma novidade. Na
Engenharia Elétrica, o aluno deve fazer disciplinas que compõem os chamados "certificados de estudo". Cinco Certificados já estão há muito estabelecidos — Telecomunicações, Controle de Processo, Sistemas de Energia Elétrica, Eletrônica de Potência e Computação. No período normal de integralização, o aluno consegue fazer até dois desses Certificados.

Christian e Gustavo planejaram um Certificado na área de Áudio e, para isso, tiveram que cursar disciplinas em diferentes unidades da UFMG, como na Música, na Arquitetura e na Engenharia Mecânica. "Como era algo ainda novo no curso, e na própria UFMG, tivemos algumas dificuldades, porque nos outros cursos a proposta era também desconhecida. Mas conseguimos praticamente tudo que queríamos", recorda.

O entusiasmo tomou conta deles, de tal forma, que os dois decidiram criar uma empresa de áudio acústico, instalada na Funsoft, uma incubadora de base tecnológica. Entretanto, Christian acabou abandonando a carreira de empresário e voltou-se para a pós-graduação, também na Engenharia Elétrica, abrindo mais uma porta. No Mestrado, Christian desenvolveu um projeto, em parceria com uma empresa de Campinas (SP), de um eqüalizador digital. "O equipamento foi o primeiro de uma série industrial que continua sendo desenvolvida", conta Christian, que voltará à UFMG, agora em agosto, para fazer o Doutorado. Ele é também professor nos cursos técnico e superior de Eletrônica, no Centro Federal de Educação Tecnológica, em Divinópolis.

Múltiplas escolhas Escolhas como as de Christian continuam sendo feitas na Engenharia Elétrica e, segundo o coordenador do Colegiado de Curso, professor Alessandro Fernandes Moreira, evidenciam as inúmeras possibilidades que, nem sempre, são imediatamente percebidas pelos candidatos. O engenheiro eletricista, explica o professor, é o profissional que se dedica aos processos de produção, de processamento e de utilização de energia elétrica. Nesse leque, cabem tantas atuações, que seria impossível listar todas.
Eber Faioli

HENRIQUE MARTINS uniu a intimidade com os circuitos elétricos ao desejo de atuar no campo da Medicina

Alessandro destaca como espaços de trabalho do engenheiro eletricista as companhias distribuidoras de energia, indústrias dos mais variados processos, empresas de telecomunicação e de comunicação, indústrias eletroeletrônicas, inúmeras empresas de prestação de serviço, como as que realizam projetos elétricos para as construtoras e, como Christian percebeu, as de projetos de áudio. Afinal, quem é o profissional mais capaz para montar as parafernálias de som necessárias a um bom show em grandes ou pequenos espaços?

A pergunta é facilmente respondida por Christian. Assim como ele, outros alunos começam a usufruir com regularidade das vantagens das novas oportunidades de mercado. É o que está acontecendo com Henrique Resende Martins, 23 anos. Aluno do 9o período, ele traçou seu perfil profissional pautado na Engenharia Biomédica que, juntamente com a Engenharia de Áudio e Novas Fontes de Energia, deverá se tornar mais uma opção de certificado do curso.

Engenharia Biomédica "A gente faz vestibular muito novo e nem sempre sabe o que quer. Eu sempre estive muito ligado em tecnologia, mas também pensava em fazer um curso na área de saúde", diz, emendando: "Juntei o útil ao agradável".

A junção foi possível porque Henrique apostou na Engenharia Biomédica, incentivado pelo professor boliviano Carlos Júlio, especializado na área. A partir do momento que ele percebeu a possibilidade concreta de particularizar o currículo, a Engenharia Elétrica transformou seu conceito de Universidade. As aulas estenderam-se pela Faculdade de Medicina e pelo Instituto de Ciências Biológicas (ICB), onde estudou Anatomia, Citologia, Neuroanatomia, Instrumentação Médica e Processamento de Sinais Biológicos. Ele foi parar também no curso de Ciência da Computação, ganhando intimidade com a Informática.

Antes mesmo de se formar, Henrique já conhece na prática o conhecimento interdisciplinar que vem acumulando. Ele trabalha na Cmos Drake, uma empresa que desenvolve tecnologia nacional de equipamentos médicos e hospitalares, como monitores de UTI, oxímetros, cardioversores, desfibriladores. A empresa é a única fabricante na América Latina de desfibrilador automático e é no aprimoramento tecnológico deste aparelho que Henrique trabalha há algum tempo, além de ser dedicar ao projeto de um novo equipamento que mede sinais neurais.

Essa é uma área que, na avaliação de Henrique, tem tudo para atrair muitos engenheiros eletricistas. "O mercado de trabalho está totalmente aberto. Dois colegas já estão trabalhando comigo", lembra. Para o Coordenador do Colegiado de Curso da Engenharia Elétrica, muitos candidatos têm em mente aspectos muito tradicionais da ciência, o que pode influenciar negativamente na escolha. "O aluno deve tentar conhecer o máximo possível sobre o curso que deseja seguir e ver todos de uma maneira mais aberta, porque é inegável que o avanço tecnológico vem modificando muitas áreas de atuação", assinala.