Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 3 - nº. 7 - Julho de 2005 - Edição Vestibular

Editorial

Entrevista
UFMG: uma instituição de ensino com responsabilidade social

Inclusão
Um portal chamado universidade

Assistência ao estudante
Antes de tudo um direito

Mundo Universitário
Os muitos olhares da graduação

Organização do Vestibular
Vestibular não é bicho de sete cabeças

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Outras edições

O mundo das letras

Letras

Não é só uma questão de aprender ou ensinar uma língua. O curso de Letras oferece ao estudante inúmeras oportunidades de viajar por culturas distintas

A sala de aula é a paixão de Wanda Lúcia Moreira Rangel, 48 anos. Não qualquer sala de aula e, sim, as de escolas públicas, onde ela está há 10 anos, ensinando inglês para adolescentes com pouquíssimas chances de freqüentar cursos de línguas. E essa não é única atividade de Lúcia. Coordenadora da área de desenvolvimento de projetos da Faculdade Pitágoras, Lúcia garante que o curso de Letras lhe deu consistência profissional. E olha que ela já era formada em Comunicação Social quando se decidiu pela segunda graduação.

Rita da Glória

Wanda lembra que o interesse inicial pelo curso de Letras era ampliar o traquejo com o português e também com o inglês. Na época, ela era redatora de uma agência de publicidade e quis "aumentar o cacife profissional". "O curso de Letras proporcionou-me tudo em relação à escrita. Adquiri conhecimento gramatical, coesão e ajudou-me a transitar tranqüilamente por qualquer texto", assinala.

Diante de alunos do ensino médio, na Escola Estadual Dom Orione, Wanda exercita o lado professora. Ela passou por vários colégios particulares, mas garante que nunca teve tanta satisfação profissional como no ensino público. "É sempre um desafio ser professor na rede pública e, ainda mais, de inglês. Muitos colegas sequer acreditam que os alunos são capazes de aprender e tratam a matéria com descaso", salienta. O orgulho da professora é evidente. Muitos alunos que passam no vestibular ligam para ela para contar sobre a conquista.

Trânsito de saberes Segundo Wanda, o curso de Letras não oferece apenas o domínio do português ou de línguas estrangeiras para o exercício da carreira de professor. "Ele estimula o pensamento e amplia a visão de mundo". Essas são vantagens também apontadas pelo Coordenador do Colegiado de Curso, professor Wander Emediato de Souza. "Pela formação cultural e humanística implícita no curso, considero a Letras fundamental para profissionais de qualquer área", assinala.
Foca Lisboa

DANIEL UIRAPURU busca as muitas correlações do curso de Letras

"Não somos um curso de Filosofia, mas certamente filosofamos muito, ao tratarmos das artes, da linguagem. Somos também levados a discutir e a refletir sobre Sociologia, pois as sociedades se organizam através de textos, da literatura", argumenta o professor. Aluno do 9o período, Daniel Uirapuru, 22 anos, assina embaixo. "À medida que fui fazendo o curso, fiquei surpreso com as possibilidades".

Daniel foi beneficiado, em parte, por uma grande mudança de estrutura ocorrida em 2002. A rígida estrutura departamental foi extinta e todos os professores passaram a dar aulas independentemente das áreas a que eram ligados. A partir da formação de núcleos temáticos, o curso ampliou ainda mais o número de disciplinas optativas, algumas lecionadas por mais de um professor. Essa é uma outra grande vantagem: o curso é totalmente flexibilizado e grande parte do currículo é formado por disciplinas optativas.

Para se ter uma idéia, estão sendo estudadas 20 propostas de formação complementar, que devem ser oferecidas no próximo ano. Segundo o Coordenador, um pente fino selecionará as sugestões e o número de 20 pode até cair, mas nem tanto, devido às inúmeras interfaces que o curso de Letras possibilita. "Quem se interessa por fonética encontrará afinidades com a Fonoaudiologia; quem se interessa pelo tratamento da informação ligado à cognição terá o que estudar na Psicologia. No campo da Administração, da Comunicação, das Artes Visuais, são muitas as opções. Algumas menos visíveis, porém com conexões imediatas", assinala Wander.

Descobridor de sete mares

O curso foi realmente um mar de descobertas, para Daniel Uirapuru. Instrumentista, ele chegou a duvidar da escolha no momento do vestibular, pois pensava em disputar uma vaga na Escola de Música. A referência que tinha em casa — a avó foi professora da Faculdade de Letras(Fale) — saiu vencedora. "A grande relação que a Letras tem com várias áreas das Ciências Humanas também é diferencial na profissão e possibilita muitas atuações", assinala.
Eber Faioli

O fonoaudiólogo FABIO DINIZ pretende, aos poucos, trocar a atual profissão pela sala de aula

Em três projetos de pesquisa, Daniel envolveu-se com temas variados. No 5o período, estudou e traduziu um texto do filosófo medieval João Buridano, Reitor da Universidade de Paris no século XIII. Depois, participou do trabalho de uma professora da Escola de Música, que trata de iniciação musical com jogos pedagógicos. "Pude juntar minhas duas preferências", comemora. Também foi monitor no Centro de Extensão da Faculdade de Letras (Fale), dando aulas de latim. "Gostei mais ainda da experiência, porque vi como é bom dar aulas."

A formação complementar de Daniel é em História e sua intenção é explorar o universo das línguas clássicas. Como aluno do Bacharelado (o curso possui também a Licenciatura), ele apresentará, como trabalho final, a tradução de um texto do inglês Bloomfield, uma referência na área da Linguística, que pretende publicar, pois o autor tem poucos trabalhos traduzidos ou editados no país.

O curso de Letras teve sabor de realização para o fonoaudiólogo Fábio Diniz, 30 anos. A escolha recaiu sobre o estudo do alemão e, por sorte, logo depois de ter se formado, pôde disputar concurso para professor substituto na própria Fale. Ele acredita que o mercado de trabalho é bastante aberto, mas lembra que existem dificuldades.

As escolas de línguas, por exemplo, não são obrigadas a contratar profissionais com formação na Fale, destaca Fábio. Antes mesmo de entrar para a Letras, ele fez curso de tradução e intérprete, porém não se interessou pelo ofício, uma alternativa de trabalho comum entre os formados em Letras. Este ano, Fábio se candidatará ao Mestrado, porque quer seguir carreira docente, e, aos poucos, trocar a profissão de fonoaudiólogo pela de professor.

No curso de Letras, o aluno opta por uma habilitação, desde o início do curso, o que não o impede de mudar de direção. Normalmente, a escolha é fixada até o final do quarto-período, para que o tempo de integralização do curso não seja comprometido. No curso diurno, as habilitações podem ser: Português, Francês e Italiano (Licenciatura); Inglês (Licenciatura e Bachareado); Grego, Latim e Linguística (Bacharelado). No noturno, as possibilidades são as seguintes: Português, Inglês e Alemão (Licenciatura e Bacharelado) e Espanhol (Licenciatura).