Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 3 - nº. 7 - Julho de 2005 - Edição Vestibular

Editorial

Entrevista
UFMG: uma instituição de ensino com responsabilidade social

Inclusão
Um portal chamado universidade

Assistência ao estudante
Antes de tudo um direito

Mundo Universitário
Os muitos olhares da graduação

Organização do Vestibular
Vestibular não é bicho de sete cabeças

Fontes de informação
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Ciências Biológicas
Ciências Biológicas

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Outras edições

Acesso, organização e difusão

Biblioteconomia

Nos últimos 15 anos, no Brasil e no mundo, mudaram por completo as referências da sociedade com relação à produção, o armazenamento e a difusão da informação

Os profissionais de Biblioteconomia não ficaram imunes a esse turbilhão. Ao contrário, sofreram, de forma intensa e direta, os reflexos da chamada "sociedade da informação". A realidade, moldada pela presença da informática, da internet, e das novas mídias, gerou a demanda por um novo profissional, mais ativo e ainda mais comprometido.
Rita da Glória

Cada vez mais, o bibliotecário trabalha próximo à áreas correlatas, em especial a Comunicação Social, a Computação, a Administração e a Engenharia. O mercado de trabalho também foi renovado. As bibliotecas são apenas o espaço mais visível de ocupação do bibliotecário, porém onde houver produção de informação poderá haver trabalho específico da Biblioteconomia.

É simplesmente impossível desconsiderar o peso da investigação pela informação nos meios eletrônicos, como internet, intranet e bibliotecas digitais. A medida em que o pano de fundo modifica-se, os profissionais têm que adquirir habilidades. O aluno da Biblioteconomia, defende a coordenadora do Colegiado de Curso, professora Mônica Nassif Borges, tem que ser dinâmico, gostar de trabalhar em equipe e ter um espírito investigativo.

Maratona digital A ciência está em constante mudança, pois, assim como a própria informação, sofre o efeito do avanço tecnológico e o bibliotecário tem que, de forma crítica, lidar com as vantagens do mundo informatizado. E, apesar do acúmulo de informação gerado em todo o mundo, quase sempre os "consumidores" não sabem onde encontrar o que querem. Esse papel de busca é, portanto, fundamental, o que leva o profissional a uma maratona além das estantes e arquivos. Na atualidade, a busca da informação pelos acervos tradicionais é apenas uma parte do trabalho do bibliotecário.

"É preciso ser persistente para lidar com tanta informação e oferecer ao usuário o que ele realmente precisa e ir além", diz a coordenadora do curso da UFMG. Essa é uma característica que bem se adapta a Vânia Lúcia da Silveira, 59 anos. Ela presenciou, nas últimas quatro décadas, todas as grandes mudanças ocorridas no âmbito da profissão e, afirma, com segurança, que ao profissional não pode faltar espírito crítico e abertura para incorporar novidades e necessidades.

Bibliotecária do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) durante 27 anos, ela tornou-se uma referência entre os estudantes. "O bibliotecário deve ser uma pessoa antenada, gostar de ler e conhecer um pouco de tudo para que possa buscar a informação de maneira adequada", afirma, acrescentando: "É preciso também paciência".

Ela avisa que lidar com o público, uma das funções básicas do bibliotecário, nem sempre é fácil, até mesmo quando se trata de zelar pelo acervo. "O roubo nas bibliotecas é comum e o profissional tem que enfrentar essa situação. Não basta colocar mecanismos de segurança no espaço", garante Vânia, lembrando que, quando a biblioteca do Cefet recebeu equipamentos de segurança eletrônica, em menos de três horas estudantes descobriram como burlá-la.

Portas abertas Aposentada, Vânia não se acomodou e atualmente comanda a Biblioteca da Igreja Nossa Senhora do Carmo, no Carmo Sion. Com a ajuda de voluntários como ela, Vânia começou, há cerca de dez anos, a organizar o acervo, na época com 20 mil volumes. O trabalho exigiu a mão de um profissional experiente e muita persistência. Diante da falta de recursos, ela resolveu o problema da informatização do sistema apresentando um projeto que foi beneficiado pela Lei Municipal de Incentivo à Cultura.

Com a biblioteca informatizada, Vânia se viu diante de novas demandas, entre elas a necessidade de acirrar os laços com a comunidade. Foi criado um grupo de contadores de histórias que vai às creches da região, levando informação e incentivando a ida das crianças à biblioteca. Além disso, as portas foram abertas em horário especial para alunos de cursos de alfabetização de adultos. "Esse serviço é importante para que eles consigam desenvolver mais rapidamente a leitura", diz.

Com certeza, Vânia administra uma das maiores equipes de biblioteca na cidade. São 55 voluntários que vão ao local em dias e horários rigorosamente controlados. Não falta nem mesmo uma equipe, treinada em cursos no Sesc, que dedica-se à oficina de reparos de livros. Eles fazem um trabalho indispensável, afinal são cerca de 49 mil volumes, dos quais 38 mil são livros, utilizados por 1,3 mil usuários cadastrados.

Escolha acertada A ação voltada para a difusão da informação foi o que atraiu Halbert Sant'Ana. Antes do vestibular, ele já havia se envolvido com atividades que fazem parte do cotidiano da profissão. Aluno do 6o período, aos 23 anos, Halbert conta que planejou e organizou no "cursinho" onde estudou um projeto de mural de notícias. "Eram murais temáticos e tinham que ser bem preparados, porque os alunos nunca tinham tempo de ficar lendo muita coisa e, por isso, a informação tinha que ser muito rigorosamente selecionada", lembra.

A experiência de Halbert com o mundo da Biblioteconomia começou, entretanto, um pouco antes. Ele pertence ao grupo de teatro, dança e música Religare. No espaço onde o grupo ensaia, Halbert criou um sistema de clipping de jornais, murais de notícias e até uma biblioteca móvel (um armário sobre rodas). "Descobri que o curso é muito mais amplo do que eu imaginava. Nossa sociedade é bombardeada com informação o tempo todo. O bibliotecário tem muito o que fazer", assinala. Desde que entrou para o curso, ele buscou maneiras de se entrosar na prática com a Biblioteconomia. De acordo com a coordenadora Mônica Borges, são grandes as chances dos alunos de participar de estágios, projetos de pesquisas e de grupos de discussão, como bolsistas ou voluntários.

Durante o 4o e 5o períodos, Halbert trabalhou na biblioteca de pós-graduação do curso de Química. Agora, ele faz parte de um programa no qual o aluno auxilia professores e colegas nas atividades em sala de aula. Também pertence a um grupo de discussão e pesquisa sobre "Organização de Informação em Contexto Digital". Halbert já tem planos para depois de formado: quer fazer Mestrado e trabalhar com organização de informação para pessoas com necessidades especiais.

Éber Faioli

O curso de Biblioteconomia passa por uma mudança curricular. Por enquanto, os alunos têm um núcleo grande de disciplinas obrigatórias e, no 6o período, fazem a opção por uma das duas ênfases: Gestão de Coleções e Gestão de Informação. Dois estágios são obrigatórios e devem atender as exigências do núcleo comum e depois as da ênfase. Apesar de o curso ainda não estar flexibilizado, é comum os alunos cursarem disciplinas em outras unidades acadêmicas da UFMG.