Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 3 - nº. 7 - Julho de 2005 - Edição Vestibular

Editorial

Entrevista
UFMG: uma instituição de ensino com responsabilidade social

Inclusão
Um portal chamado universidade

Assistência ao estudante
Antes de tudo um direito

Mundo Universitário
Os muitos olhares da graduação

Organização do Vestibular
Vestibular não é bicho de sete cabeças

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Revolução no boticário

Farmácia

Curso forma profissionais integrados à capacidade de atuar em segmentos que vão muito além dos tradicionais balcões de atendimento

Rafaela Salgado Pereira, 22 anos, está, praticamente, de malas prontas para um novo desafio de cinco anos. No semestre passado, ela disputou vagas para o doutorado em três instituições nos Estados Unidos. Foi aprovada e garantiu bolsa de estudo nas três: optou pela Universidade da Califórnia, em São Francisco, que mais possibilidades oferece na área de pesquisa a que pretende se dedicar.

Acostumada à pesquisa, uma prática que cultivou ainda no Colégio Técnico da UFMG, onde completou o Ensino Médio, Rafaela entrou para o curso de Farmácia procurando vaga nos laboratórios do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), onde o curso acontece nos dois anos iniciais. Do 1o ao 5o períodos, ela envolveu-se com um projeto de purificação de proteínas para produção de medicamentos, no Laboratório de Biologia Molecular de Produtos Naturais, e só interrompeu as atividades porque foi selecionada pelo programa de intercâmbio da Universidade para estudar, por um período de seis meses, na Universidade do Texas, em Austin (EUA), quando ainda estava no 5o período de Farmácia.

Eber Faioli

Flora brasileira, uma das mais ricas do planeta, é um mundo a ser explorado pelos farmacêuticos

Participar desse programa de intercâmbio — que avalia, entre outros quesitos, a fluência em língua estrangeira e o rendimento escolar do pretendente — deu a Rafaela a oportunidade de fazer comparações. "O que senti, o tempo todo, é que estava muito preparada, que o curso de Farmácia da UFMG estava me dando condições de enfrentar qualquer coisa na área", assinala.

Para a professora Sheila Monteiro Lisboa, a trajetória de Rafaela reflete as exigências de um mercado de trabalho bastante competitivo e que já cobra capacitação dos profissionais, além da graduação. É, por outro lado, um mercado também muito aberto, pois a profissão tem diferentes habilitações e um campo de atuação que transcende o tradicional como farmácias, laboratórios de análises clínicas, indústria de medicamentos e de alimentos.

Coordenadora do Colegiado do Curso de Farmácia da UFMG, Sheila ressalta que muitos alunos entram para o curso com uma noção do que é a profissão. "Poucos sabem o que o farmacêutico faz", avalia, destacando as múltiplas possibilidades do curso que, provavelmente, no próximo ano, estará bastante modificado por causa de alterações no currículo e pela proposta da flexibilização na UFMG.

A grande mudança diz respeito ao tempo da graduação e ao fim das habilitações. Serão cinco anos e todos os alunos terão formação em Análises Clínicas, Produção e Controle de Qualidade de Medicamentos e Qualidade em Alimentos. O curso vai oferecer também ênfases nessas áreas (além de Farmácia Hospitalar) a partir de disciplinas optativas, e Formação Complementar em Gestão, pois muitos profissionais se tornam proprietários de estabelecimentos na área ou ocupam postos da administração em laboratórios, farmácias e outros.

Exatas e humanas É imprescindível que o aluno saiba que o curso está amparado nas Ciências Biológicas, mas também muito sustentado pela área de Exatas. Os alunos estranham essa característica, mas o farmacêutico precisa compreender muito bem processos químicos e físicos, além de métodos quantitativos e estatísticos.
Fotos: O Boticário/Divulgação


Farmacêutico responde pelo desenvolvimento, produção, controle de qualidade e dispensação dos medicamentos

Esse conhecimento faz parte da via profissional, nas diversas áreas de trabalho, como, por exemplo, em laboratórios de análises clínicas, nas fábricas de cosméticos, ou verificando a qualidade de alimentos nas indústrias. O novo currículo, lembra Sheila, também valoriza a formação em Ciências Humanas.

Visão integral A farmacêutica Mariana Linhares Pereira, 28 anos, escolheu uma especialidade ainda pouco comum e deu uma nova dinâmica à Farmácia Universitária, que funciona na própria Escola de Farmácia, no Campus Pampulha. Mariana dedicou-se à implantação do projeto de Atenção Farmacêutica, que oferece aos clientes um tratamento diferenciado. Os clientes são acompanhados de perto quanto ao uso que fazem de medicamentos.

"A prática dos farmacêuticos sempre foi, na orientação aos usuários de medicamentos, muito verbal. Eu sentia falta de sistematizar esse contato, para um atendimento mais dedicado e individualizado", conta Mariana, que mudou completamente a rotina de aquisição e uso de medicamentos de clientes, como Inês Almeida, 64 anos. "Nunca tive um atendimento tão bom, porque a farmacêutica, realmente, orienta sobre o uso e até conversa com o médico quando percebe que é necessária a troca ou a substituição de um remédio", afirma Inês, que toma, por dia, quatro medicamentos. "Com a Atenção Farmacêutica, o profissional vê o cliente como um todo, por isso precisa conhecer bem seus hábitos e rotinas", diz Mariana.
Eber Faioli

MARIANA PEREIRA apostou em uma idéia inovadora: clientes acompanhados de perto

Como toda nova prática, a Assistência Farmacêutica pode parecer estranha a alguns, mesmo a profissionais da área da Saúde. "Mas a maioria dos médicos entende que somos indicados para ajudar os pacientes a cumprirem o tratamento. Além do mais, não interferimos na avaliação deles. Quando acreditamos que é preciso alguma mudança, consultamos o médico do cliente e a recepção tem sido boa", garante.

A valorização profissional é uma grande preocupação de Igor Felipe Ribeiro, 23 anos. "Muita gente ainda vê o farmacêutico como aquele que fica atrás do balcão vendendo remédio. E isso é frustrante", reclama. Músico profissional, Igor escolheu a Farmácia porque gostava muito de Química e tinha certeza de que a área de saúde lhe interessaria.

"Quando a gente entra, fica meio perdido", lembra ele, que buscou, em estágios e projetos de pesquisa e de monitoria, conhecer diferentes ângulos da profissão. Tanto que sua idéia de atuação foi mudando ao longo do curso. No 10o período, ele vai fazer o estágio curricular numa indústria farmacêutica. "Quero ir para São Paulo ou Goiás, onde estão as maiores indústrias", conta.