Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 3 - nº. 7 - Julho de 2005 - Edição Vestibular

Editorial

Entrevista
UFMG: uma instituição de ensino com responsabilidade social

Inclusão
Um portal chamado universidade

Assistência ao estudante
Antes de tudo um direito

Mundo Universitário
Os muitos olhares da graduação

Organização do Vestibular
Vestibular não é bicho de sete cabeças

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Outras edições

Versatilidade da vida

Ciências Biológicas

Da microbiologia à bioestatística, da sala de aula aos laboratórios das multinacionais, a Biologia marca presença nos mais diferentes espaços da existência do homem

No último Dia das Mães, o professor de Biologia Ricardo Capetinga entrou na sala de aula vestido de mulher e com um filho no colo. O suposto "bebê" estava sendo reapresentado à turma, pois, no ano passado, os alunos tinham presenciado o "nascimento" da criança. Ricardo Capetinga encenou o parto, divertiu os adolescentes e aproveitou para revelar sua verdadeira intenção: dar aula sobre a placenta.

Formado em Ciências Biológicas, Capetinga descobriu a vocação de professor quando realizava o que tinha sido seu sonho ao entrar nesse curso: ser um profissional especializado em Zoologia e Ecologia. Ele decidiu mudar totalmente de rumo quando, trabalhando com avaliação e monitoramento de espécies para o Ibama, em projetos como o Tamar ou Peixe-boi Marinho, em Fernando de Noronha e na costa nordestina, percebeu que sua satisfação ia "a mil" ao ser chamado para atender às crianças que visitavam as bases dos projetos.
Eber Faioli

O professor RICARDO CAPETINGA interpreta personagens e ensina aos adolescentes os segredos da Biologia

Ao entrar, pela primeira vez, numa sala de aula, já de volta a Belo Horizonte, entendeu que havia encontrado a verdadeira "praia". Professor do ensino médio, Capetinga faz alunos vibrarem com a maneira criativa com que fala de assuntos nem sempre muito agradáveis aos adolescentes. "Não tem segredo. Para mim, ensinar é interagir, é mostrar que a Biologia faz parte do cotidiano deles e que tem de ser associada aos contextos social, cultural e político", afirma o professor que, por pouco, não se formou em Veterinária, curso que ele abandonou depois de três anos. "Eu gosto mesmo é do bicho homem", brinca.

A versatilidade de Capetinga está, de certa forma, espelhada no curso de Ciências Biológicas da UFMG, pois o currículo, em processo de mudança, possibilita ao futuro profissional uma grande variedade de atuações. Além das salas de aula, o biólogo encontra muitos espaços para trabalhar e vivencia um momento especial da profissão, pois se beneficia diretamente do aumento de consciência da sociedade sobre a necessidade de preservar o meio ambiente e de adotar projetos de desenvolvimento sustentável.

Por isso, os biólogos não podem faltar em indústrias de ponta, como a da Biotecnologia, em institutos de pesquisas, em órgãos públicos e privados, zoológicos, parques ou em organizações não-governamentais que tenham foco na natureza. Enfim, a formação muito ampla, que abrange pelo menos nove áreas de especialização, favorece o mercado de trabalho para os biólogos.

Grandes novidades Segundo a coordenadora do Colegiado de Curso, professora Denise Carmona, se tudo correr nos prazos previstos, o novo currículo estará em vigor no ano que vem e deverá trazer grandes novidades. A maior delas é que as nove áreas atuais do curso (Bioquímica/Imunologia, Botânica, Parasitologia, Zoologia, Ecologia, Genética, Fisiologia/Farmacologia, Microbiologia e Morfologia), que formam as linhas de pesquisa para o Bacharelado, serão agrupadas em três ênfases: Biotecnologia, Meio Ambiente, Ciências Básicas e da Saúde.

"Os alunos terão uma formação mais generalista e menos específica", explica Carmona, destacando que essa nova divisão do curso reflete demandas do mercado, sem prejudicar a sólida formação oferecida em Ciências Biológicas. Além disso, quem optar pela Licenciatura (que forma professores para o ensino médio e fundamental, sem prejuízo da formação de biólogo), terá um reforço em relação às disciplinas pedagógicas, que serão antecipadas para os períodos iniciais do curso. A carga horária de práticas de ensino também será maior.

Outra novidade é a flexibilização, que passará a oferecer também a formação complementar (ainda não estão definidas as possibilidades, mas Ciências dos Materiais e Bioestatística deverão ser duas delas) e a formação livre (o aluno pode cursar qualquer disciplina oferecida pela Universidade).

Saúvas e moluscos, vespas e crustáceos

Formado no Bacharelado, Glênio Pereira dos Santos, 25 anos, sentiu de perto as inúmeras possibilidades que marcam o curso. "Como sempre gostei de animais, procurei tudo que podia na Zoologia. Depois, decidi partir para a Ecologia e praticamente cursei todas as disciplinas da área", diz Glênio, que, durante o curso, se envolveu com diferentes projetos de pesquisa, estudando crustáceos, saúvas, vespas e morfologia de moluscos.
Eber Faioli

GLENIO PEREIRA aperta o passo para também se graduar em Licenciatura

Como tem pressa, Glênio está fazendo as disciplinas da Licenciatura em apenas um ano, porque pretende se dedicar ao Mestrado no próximo ano. A intenção é a de estudar em Belém. A escolha, revela ele, se dá por um motivo pragmático: maior facilidade de se conseguir bolsas de estudos.

Felipe de Miranda Nunes, 21 anos, interessou-se pelas Ciências Biológicas nos laboratórios do colégio onde estudava. "Entrei para o curso atraído pela Microbiologia", lembra ele, que não gostou muito do que encontrou e quase desistiu do curso, até fazer um estágio no Zoológico, da Fundação Zoobotânica. Ali, ele trabalhou com projetos de educação ambiental e pesquisa de levantamento de fauna, feita especialmente para a seleção dos animais que iriam para o Parque Ecológico da Pampulha, recentemente inaugurado. "Aí, sim, encontrei o que queria. Vi a pesquisa de uma forma muito aplicada e me entusiasmei", diz.
Eber Faioli

FELIPE NUNES aproveitou o intercâmbio na Universidade Federal de Santa Catarina para ampliar conhecimentos

O entusiasmo foi muito bem aproveitado. Na mesma época do estágio no Zoológico, Felipe batalhou para participar de um programa de intercâmbio entre as instituições federais e foi parar, com um amigo, na Universidade Federal de Santa Catarina. Durante seis meses, ele assistiu a aulas do mesmo curso em Florianópolis, aproveitando para conhecer algumas disciplinas que não fazem parte do currículo da UFMG, como Biologia Marinha. "Fui também a muitas palestras e pude fazer pequenos cursos. Voltei ainda mais empolgado", constata.