Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 3 - nº. 7 - Julho de 2005 - Edição Vestibular

Editorial

Entrevista
UFMG: uma instituição de ensino com responsabilidade social

Inclusão
Um portal chamado universidade

Assistência ao estudante
Antes de tudo um direito

Mundo Universitário
Os muitos olhares da graduação

Organização do Vestibular
Vestibular não é bicho de sete cabeças

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Outras edições

Curiosidade move o mundo

Física

Na Licenciatura ou no Bacharelado, a disposição para o estudo é o quesito básico para se dar bem na profissão. Na sala de aula, na indústria ou no laboratório de pesquisa, o que vale é a dedicação

Quem já se perguntou por que o céu é azul? Ou por que os raios X conseguem atravessar diferentes superfícies? Ou ainda por que o gelo flutua? Se você é um desses, certamente é um bom candidato ao curso de Física, já que, provavelmente, 10 entre 10 físicos apontam a curiosidade como uma das mais importantes qualidades desse profissional. E foi exatamente a curiosidade que despertou Orlando Abreu, 34 anos, para o curso. Professor em faculdades particulares, ele lembra aos seus próprios alunos: "A Física está presente o tempo todo ao nosso redor, porque está na natureza, mas também no computador, no telefone celular, nas listras do corpo da zebra".
Foca Lisboa

Técnico em Eletrônica, Orlando interessou-se pela Física porque queria saber mais sobre os dispositivos eletrônicos com que lidava. Na UFMG, aproveitou e fez Mestrado e Doutorado. Ele defende maior cuidado com a Física no ensino médio. "Ainda hoje, grande parte dos professores não tem formação em Física e dão aulas com uma preocupação excessiva com fórmulas e modelos matemáticos. Isso distancia muitos alunos da matéria, pois as pessoas não associam a Física ao seu cotidiano", assinala.

O Coordenador do Colegiado de Curso da UFMG, professor José Guilherme Moreira, concorda e lembra que ele próprio, quando cursava o primeiro ano do antigo Científico, foi reprovado em Física. "Agora, sei que o que me ensinavam não era Física", assinala.

Foi pensando que é possível mudar a situação nas salas de aula que Alexandre Faria, 23 anos, optou pela Licenciatura no curso noturno de Física. Aluno do 7o período, ele já tinha experiência como professor particular e garante que a Universidade lhe abriu muitos caminhos.

Universo de descobertas Segundo o Coordenador do Colegiado, a distinção entre a Licenciatura e o Bacharelado na Física é muito grande. Principalmente em relação ao investimento que o bacharel tem que fazer na pós-graduação. "Depois da graduação, para se tornar um físico, ainda demora muito tempo. A pós-graduação é fundamental", garante. Já no caso da Licenciatura, ressalva o professor, o profissional consegue atuar mais rapidamente. "Praticamente não conhecemos desemprego para os estudantes de Licenciatura, mas isso não quer dizer que eles devem parar de estudar", afirma.
Foca Lisboa

Profissão ciência: essa é a opção escolhida por ALÉM MAR

No turno da noite, só há oferta de Licenciatura. No diurno, a escolha entre Bacharelado e Licenciatura deve ser feita no 4o período. Se caminhar para a Licenciatura, o aluno conciliará o aprendizado específico da Física com disciplinas didático- pedagógicas. No Bacharelado, ele poderá ficar com o currículo padrão ou escolher entre Astrofísica, Física Matemática e Física dos Materiais. Em função da flexibilização do currículo e do caráter interdisciplinar, o curso de Física oferece ainda formação complementar em Filosofia da Ciência, Física Computacional, Biofísica, Física Média, Geofísica.

Decifra-me ou te devoro

Maximiliano Delany Martins lembra-se de que, ainda muito pequeno, afirmava que seria físico nuclear. Aos 36 anos, é pesquisador no Centro de Desenvolvimento de Tecnologia Nuclear (CDTN), órgão da Comissão Nacional e Energia Nuclear (CNEN). Assim, Maximiliano escolheu ser físico experimental e sua trajetória inclui pesquisas sobre a hemoglobina humana com técnicas de radiação nuclear. "O átomo de ferro desempenha papel muito importante na hemoglobina e certas doenças estão associadas a graves deficiências nessa proteína", explica, apontando para a associação da Física com a Biologia. Atualmente debruça-se sobre a produção de "filmes finos" a partir de pesquisas em nanociência — a ciência que manipula átomos em escala nanométrica, ou seja, um milhão de vezes menor que o milímetro.

Mesmo destacando que a indústria caminha ao lado dos estudos da Física, Maximiliano lembra que a realidade brasileira dificulta a presença desses profissionais no setor produtivo. "A indústria brasileira é muito dependente da tecnologia importada", ressalta ele, destacando, entretanto, que a motivação primeira do cientista "é sempre entender algo mais sobre o funcionamento da natureza, gerar novos conhecimentos" e não necessariamente procurar soluções tecnológicas.
Eber Faioli

MAXIMILIANO alerta: setor produtivo nacional depende muito da tecnologia estrangeira

O curso de Física normalmente surpreende os alunos. Raramente alguém o escolhe sabendo exatamente o que encontrará pela frente, lembra o coordenador do curso. Não poderia ser muito diferente, já que a forma como a Física é estudada no ensino médio é mesmo bastante diferente da proposta aos universitários. "Eu queria mesmo era fazer Jornalismo, mas quando fiz cursinho tive uma idéia bem diferente da Física que eu tinha estudado no colégio. Gostei e decidi tentar o curso", conta Camilla Karla de Oliveira, 21 anos. "Mas cheguei sem saber onde estava pisando", admite.

Aluna do 7o período do Bacharelado, Camilla diz que teve grandes dificuldades nos dois primeiros anos do curso, especialmente com a Matemática. "Não tinha uma base sólida", justifica, lembrando que, em alguns momentos, pensou em largar o curso. "Eu nem sei o momento em que passei a gostar tanto, mas acho que foi quando comecei a fazer as matérias específicas", acredita Camilla, que durante um ano e meio participou de projeto de Iniciação Científica no curso de pós-graduação em Engenharia Nuclear.

É também a pesquisa que atrai Além Mar Bernardes Gonçalves, 22 anos. Desde o início do curso, ele participa de projetos de extensão e de pesquisa. Além Mar já foi monitor na sala da "Física Divertida", no Museu de História Natural, e trabalhou em diferentes espaços no Instituto de Ciências Exatas (ICEx), onde o curso de Física é oferecido. Para ele, uma vantagem do curso de Física consiste na oportunidade que os alunos têm de se dedicar à pesquisa. "É um curso pesado, você tem que estudar muito, mas mesmo sabendo que no Brasil os pesquisadores não ganham muito bem, quero seguir carreira", assegura.