Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 3 - nº. 7 - Julho de 2005 - Edição Vestibular

Editorial

Entrevista
UFMG: uma instituição de ensino com responsabilidade social

Inclusão
Um portal chamado universidade

Assistência ao estudante
Antes de tudo um direito

Mundo Universitário
Os muitos olhares da graduação

Organização do Vestibular
Vestibular não é bicho de sete cabeças

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Ciências Biológicas

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Expediente

Outras edições

Índices, cifras e questões sociais

Ciências Econômicas

Domínio da Estatística e da Matemática não é suficiente para a formação de um bom economista, que também deve estar atento à realidade política e cultural do país e do mundo

Quem tem as Ciências Econômicas como opção pode se preparar para a derrubada de mitos e estereótipos. O primeiro é que este seja um curso da área das Exatas. A intimidade com números, índices e cifras jamais fez das soluções e teses econômicas uma comprovada equação matemática. As Ciências Econômicas formam um conjunto de conhecimentos que está profundamente associado às questões sociais, políticas e culturais. Entretanto, é preciso saber que a formação em Ciências Econômicas passa fortemente pelo domínio dos métodos quantitativos, com uma grande exigência de Estatística e de Matemática, além do estudo das teorias econômicas e da história da economia.

A coordenadora do Colegiado de Curso, professora Lízia de Figueiredo, destaca que o aluno terá uma formação teórica básica que lhe dará suporte para identificar questões e problemas econômicos e, ao mesmo tempo, propor soluções. O economista deve buscar respostas a perguntas que movem, ao mesmo tempo, políticas e planos econômicos de governos, decisões empresariais e conversas cotidianas.

O agravamento das crises econômicas em todo o mundo, com reflexos visíveis nas relações sociais, mostrou que a economia é um assunto que interfere tanto no dia-a-dia das famílias quanto nas relações entre os países. As pessoas, observa Lízia, querem entender por que um país cresce ao longo dos anos e outro não, o que faz subir ou baixar as taxas de desemprego ou o que possibilita que empresas cobrem mais caro por um produto. Indagações como estas são também o pano de fundo das preocupações dos economistas.

A compreensão da aplicação dos métodos quantitativos na economia e, muito especialmente, das teorias que contemplam a macroeconomia — que estuda a estrutura e o comportamento de sistemas econômicos — e a microeconomia — voltada para os elementos que compõem o sistema, como empresas e consumidores — dão o enfoque do primeiro momento do curso. Em apoio a esta formação básica, o aluno terá uma grande carga de estudos sobre História Econômica, Pensamento Econômico, Economia Brasileira e Metodologia de Pesquisa.

Sinal verde O curso de Ciências Econômicas é flexibilizado e isso significa que, numa segunda etapa, o aluno é responsável pela escolha de pelo menos 50% das disciplinas que cursará. As escolhas são feitas em grupos específicos — Desenvolvimento Econômico e Economia Regional, Economia do Bem-Estar Social, História Econômica, Economia do Setor Público, Empresas e Finanças — e também na formação complementar, em que o próprio estudante deverá encontrar opções em outros cursos.

O curso oferece formação complementar em Administração, Ciências Sociais e Ciências Atuarias, mas também nesse caso, o aluno tem grande poder de decisão, pois ele poderá propor um outro caminho. Foi o que fez Viviane Petinelli Silva, 20 anos, aluna do 4o período. "É um curso abrangente, que ajuda a ter uma visão do funcionamento do mundo", justifica ela, que desde o 1o período optou pela formação complementar, cursando um conjunto de disciplinas na Faculdade de Direito. "Vou fazer todas as matérias de Direito Econômico e também de Direito Público", conta, lembrando que estas matérias lhe darão base também para as provas do Instituto Rio Branco, pois ela quer seguir carreira diplomática.

Foco social Viviane quer trabalhar com questões sociais. As Ciências Econômicas despertaram-na para os movimentos econômicos do terceiro setor. Em julho de 2004, ela iniciou sua participação em uma pesquisa promovida pela Secretaria Nacional da Economia Solidária, que vai mapear, em Belo Horizonte e outras capitais, grupos que fazem parte da economia informal.

Eber Faioli

Para VIVIANE SILVA, o curso oferece uma visão abrangente do mercado

O interesse econômico aliado ao social foi também o que orientou a carreira de Bernardo Gouthier Macedo, 42 anos. Com Mestrado em Teoria e Desenvolvimento Econômico na Universidade de Campinas (Unicamp), ele encontrou na Central Única dos Trabalhadores (CUT) o espaço ideal para tratar a conjuntura econômica, assessorando dirigentes em suas ações junto aos sindicatos e empresas. Na época, a CUT estimulava um trabalho de pesquisa que orientava o posicionamento e as propostas da entidade diante das reformas iniciadas pelo então presidente Fernando Collor.

Depois dessa experiência, ele associou-se a amigos num escritório de consultoria voltado para grandes empresas. Entre os clientes, estavam organizações que participavam de processos de fusão. "Era um trabalho muito próximo dos escritórios de advocacia", relata Bernardo, que decidiu deixar o escritório para integrar, durante os dois primeiros anos do governo Lula, a equipe da Secretaria de Políticas Econômicas, do Ministério da Fazenda.

Agora, de volta a São Paulo e ao antigo escritório de consultoria, Bernardo conclui o Doutorado. "A característica interdisciplinar da Economia sempre me atraiu muito", diz, nada arrependido de ter trocado a Engenharia Mecânica, sua primeira opção, pelas Ciências Econômicas, na UFMG. Segundo ele, sua carreira mostra que o profissional tem muitas possibilidades de exercer a profissão e a grande vantagem de estar em contato direto com tantas outras áreas. "O tempo todo, percebemos a proximidade da Economia com a História, Sociologia, Matemática e até com a Literatura", destaca.

Formação plural Para a Coordenadora, o curso de Ciências Econômicas possibilita uma troca intensa com outras áreas de conhecimento e, por isso, não é de se estranhar que alunos pretendam complementar o curso com disciplinas na Arquitetura ou nas Artes Visuais (Belas-Artes). "O mercado de trabalho oferece surpresas muito grandes. O raciocínio econômico e matemático aplica-se a uma gama de problemas muito amplos, por isso temos que estar bastante abertos para analisar os diferentes vieses que podem surgir no curso", diz Lízia de Figueiredo, defendendo, contudo, um curso pluralista. "Poucos sabem exatamente com o que vão trabalhar. Então, é importante também atentar para uma formação generalista", assinala.

Na intensa vida estudantil de Thiago Mallard, 20 anos, o curso preenche seu grande interesse em trabalhar com métodos quantitativos. Ele chegou a pensar em fazer Matemática Computacional, mas entendeu que as Ciências Econômicas, na UFMG, casariam melhor com o curso de Direito que faz, ao mesmo tempo, numa faculdade particular.

Com os dois cursos no mesmo compasso, Thiago tem que se dedicar em dobro para dar conta das exigências na UFMG. "É um curso que pede muito estudo, muita leitura, é pesado. Por isso, estou sempre muito ocupado e minha vida é toda programada, Mas penso que agora é a hora de fazer alguns sacrifícios", arremata.