Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 3 - nº. 7 - Julho de 2005 - Edição Vestibular

Editorial

Entrevista
UFMG: uma instituição de ensino com responsabilidade social

Inclusão
Um portal chamado universidade

Assistência ao estudante
Antes de tudo um direito

Mundo Universitário
Os muitos olhares da graduação

Organização do Vestibular
Vestibular não é bicho de sete cabeças

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Promotores do bem-estar

Fisioterapia

Profissionais buscam segmentos de atuação diferenciados no mercado de trabalho, estimulados pela promoção da saúde

O fisioterapeuta é conhecido como o profissional que cuida da reabilitação de funções motoras. "Não somos profissionais de fim de linha", brinca a fisioterapeuta Romilda Euzébio Araújo, 42 anos, lamentando o fato de, durante muito tempo, o Sistema de saúde ter imposto ao profissional uma atuação voltada quase que exclusivamente para o tratamento, apesar da importância do fisioterapeuta na prevenção e promoção da saúde.

A Fisioterapia conquistou lugar, principalmente, nos consultórios e clínicas particulares. A profissão, entretanto, passa por uma fase de transição, que aponta para novas práticas, possibilidades e formas de atuação.

A coordenadora do Curso de Fisioterapia da UFMG, professora Elyonara Mello de Figueiredo, não acredita na saturação do mercado de trabalho em clínicas e consultórios, mesmo porque esse campo de atuação existe e continuará existindo como opção para uma determinada faixa da população. No entanto, para ela, os horizontes abrem-se para o profissional que se depara com uma inclusão efetiva no sistema público de Saúde.

Linha de frente A saúde coletiva passa a ser um foco amparado por mudanças significativas no âmbito do atendimento e em consonância com o debate que acontece no ensino superior. Em maio passado, lembra Elyonara, o fisioterapeuta foi reconhecido, pelo Ministério da Saúde, como profissional integrante do Programa de Saúde da Família (PSF).

A novidade reflete a realidade percebida há muito, acredita Romilda que, além de professora em uma faculdade particular, trabalha na gerência de Projetos Especiais da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, responsável pela ampliação dos atendimentos em fisioterapia nas unidades de saúde. "O atendimento ainda está centrado na doença e nos sintomas. Dessa forma, avaliamos o paciente, tratamos, ele melhora, mas, depois de um tempo, está de volta", assinala.
Eber Faioli

A recuperação de movimentos e da capacidade motora perdidas é uma das atribuições do profissional

Romilda destaca a importância dos fisioterapeutas nos atendimentos aos pacientes com problemas já identificados em hospitais e em clínicas, mas ressalta que o profissional tem muito a contribuir na atenção primária, em que se situa a orientação com o cuidado pessoal, com medidas de prevenção e que valorizem a saúde.

"Esse é um desafio, porque vamos atuar na linha de frente", afirma. Ela destaca que o esforço por mudanças é grande: muitos profissionais da Saúde e do próprio sistema, público ou privado, não estão acostumados a essa postura.

Caldeirão Em meio a tantas redefinições, a coordenadora do curso lembra que a Fisioterapia passa por um processo de valorização exatamente porque, apesar de jovem como ciência — a profissão está regulamentada há menos de 40 anos _, alcançou um nível de amadurecimento grande. Os fisioterapeutas estão, cada vez mais, em conjunto com outros profissionais, influenciando no bem-estar e na inserção social das pessoas.

Estão, amparados em muita pesquisa científica, desbravando áreas de atuação, como a Fisioterapia Respiratória, que socorre pacientes com problemas pulmonares e respiratórios, ou terapias que ajudam na recuperação de pacientes cardíacos e, igualmente, daqueles que sofrem de câncer.

O curso na UFMG também está em ebulição, avisa Elyonara. Quem vencer a disputa no vestibular — a Fisioterapia tem sido um dos três cursos mais concorridos da Universidade — freqüentará uma sede nova, na Escola de Educação Física, e vivenciará alterações curriculares importantes.

Eber Faioli

CRISTIANE CÂNDIDO pretende se dedicar à Fisioterapia Linfática, um ramo ainda pouco explorado

Aluna do 7o período, Nívea Maria Neves, 24 anos, entregou-se, de corpo e alma, à pesquisa. A primeira experiência aconteceu no 5o período, como voluntária, auxiliando no projeto de uma aluna de Mestrado que abordou, junto à Odontologia, a relação entre as alterações na cervical com as alterações de mordida. No período seguinte, Nívea envolveu-se com pesquisas sobre rigidez e flexibilidade muscular, um trabalho de grande importância para atletas e que a ajudou no estágio que faz no laboratório de Prevenção de Lesões Esportivas, da Escola de Educação Física.

Eber Faioli

Pesquisas, como a que NÍVEA NEVES participa, abriu novas fronteiras par a Fisioterapia

Ao iniciar a monografia, que apresentará no final do curso, sobre a relação entre o gasto energético e a função motora em crianças com paralisia cerebral, Nívea foi surpreendida com a inclusão do projeto como parte de uma pesquisa mais ampla realizada por um professor da Fisioterapia. "Eu amo o curso", declara-se.

Dedo paterno Por três anos, o alvo de Cristiane Kelly Cândido, 26 anos, aluna do 10o período, foi a Medicina. Decepcionada com as tentativas, aceitou um conselho paterno. "Ele escolheu o que achava ser mais parecido com a Medicina", lembra. "Hoje, sei que Medicina não é a minha". Cristiane pretende se dedicar à Fisioterapia Linfática, um ramo ainda pouco explorado e que ajuda pacientes com problemas de inchaço de membros e mulheres mastectomizadas. A intenção é fazer Mestrado em Mastologia. Prestes a se formar, Cristiane está preocupada com o mercado de trabalho: "Acho que ainda não somos valorizados profissionalmente. Tenho amigos que se formaram e que sofrem com salários baixos", assinala.

Professor em uma faculdade particular, o fisioterapeuta Flávio Henrique Furtado Vieira, 30 anos, costuma dizer aos alunos, diante de preocupações como a de Cristiane, que o mercado de trabalho é difícil. "Mas não é só para os fisioterapeutas. Os problemas econômicos do país e de desigualdade social atingem a todos", atesta.

Eber Faioli

Fisioterapeuta tem muito a contribuir com medidas de prevenção e que valorizam a saúde

Além disso, Flávio avalia que o fisioterapeuta ainda está descobrindo espaços. Logo que se formou, há cinco anos, foi trabalhar em uma multinacional fabricante de bancos. "Eles precisavam adequar o trabalho na fábrica às exigências da Medicina do Trabalho", recorda Flávio, que desenvolveu, na empresa, um projeto de ginástica laboral. Agora, ele pretende abrir com amigos um consultório para atendimento ortopédico.